Começo o vídeo a pensar: já vi isto 100 vezes. Continuo o vídeo: bem apanhado, bem montado e música do Ludovico Einaudi encaixa muito bem. Acabo o vídeo: catatónico.
À falta de melhor palavra, Assombroso.
sexta-feira, 20 de abril de 2012
quinta-feira, 19 de abril de 2012
How the mighty have fallen - Fúria de Titãs
Gosto do chamado mau cinema. Não tenho problemas em admitir que sou dos primeiros a ir ver qualquer filme fantasioso, com orçamento inflaccionado, explosões, efeitos especiais e sonoros bem doseados. Como em tudo, nem sempre há uma fórmula certa para sucesso: por mais ponderação, trabalho e investimento que se ponha num projecto, as coisas nem sempre podem resultar.
Tanto o primeiro Confronto de Titãs (2010) como esta sequela foram construídos com a mesma fórmula, ainda que com algumas alterações relevantes atrás das câmaras. Se foram essas alterações que ditaram o resultado final, não podemos ter a certeza. Se foi a fórmula e o tema já gasto que o determinaram, também pode ter tido influência. Agora, é facto que esta sequela é um monumental e repreensível falhanço. Os efeitos 3D são perturbantes, os diálogos risíveis, e o elenco largamente subaproveitado. Quando, num filme de pouco mais de hora e meia, não nos interessamos pelo desfecho final de cada personagem, nos perdemos na simplicidade da intriga e nos distraímos com a falta de eficácia global da gestão de um orçamento tão “titânico”, mais que apontarmos a incondicional culpa ao realizador Jonathan Liebesman, damos por nós a concluir que talvez não queiramos regressar a um franchise monumentalmente falhado.
Pode haver quem ache por bem dar o benefício da dúvida. Mais: quem discorde totalmente e tenha tido achado que o filme cumpriu tudo aquilo a que se propôs. Eu não sou de certeza.
Tanto o primeiro Confronto de Titãs (2010) como esta sequela foram construídos com a mesma fórmula, ainda que com algumas alterações relevantes atrás das câmaras. Se foram essas alterações que ditaram o resultado final, não podemos ter a certeza. Se foi a fórmula e o tema já gasto que o determinaram, também pode ter tido influência. Agora, é facto que esta sequela é um monumental e repreensível falhanço. Os efeitos 3D são perturbantes, os diálogos risíveis, e o elenco largamente subaproveitado. Quando, num filme de pouco mais de hora e meia, não nos interessamos pelo desfecho final de cada personagem, nos perdemos na simplicidade da intriga e nos distraímos com a falta de eficácia global da gestão de um orçamento tão “titânico”, mais que apontarmos a incondicional culpa ao realizador Jonathan Liebesman, damos por nós a concluir que talvez não queiramos regressar a um franchise monumentalmente falhado.
Pode haver quem ache por bem dar o benefício da dúvida. Mais: quem discorde totalmente e tenha tido achado que o filme cumpriu tudo aquilo a que se propôs. Eu não sou de certeza.
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Playstation for Young Adults - Sucker Punch
As primeiras impressões que li arrasaram completamente Sucker Punch. Passados alguns meses, as opiniões não mudaram e os seguidores de culto teimam em não aparecer, e percebe-se porquê. Tentou ser um filme de “ou se adora, ou se odeia”, um universo paralelo retro bêbado em esteroides, em que passados 20 minutos do filme começar, estamos à procura da consola para controlar as personagens.
Embora visualmente soberbo, a nível de narrativa, deixa muito a desejar, e se é verdade que em muitos filmes que apelidamos de “guilty pleasures” isso não é necessariamente um problema, aqui é. Nada faz sentido, o non-sense vai além do intencional e é-nos impossível deixar de não pensar o que poderia ter resultado, se tivesse havido um bocadinho mais de contenção e um bocadinho menos de exibicionismo. O que o realizador Zack Snyder pareceu não ter processado é que não é a característica kitsch ou infantil da história que mina o filme, é a falta de controlo nos devaneios que o torna risível para adultos e desapropriado para miúdos.
Emily Browning - Sweet Dreams (Are Made of This)
Embora visualmente soberbo, a nível de narrativa, deixa muito a desejar, e se é verdade que em muitos filmes que apelidamos de “guilty pleasures” isso não é necessariamente um problema, aqui é. Nada faz sentido, o non-sense vai além do intencional e é-nos impossível deixar de não pensar o que poderia ter resultado, se tivesse havido um bocadinho mais de contenção e um bocadinho menos de exibicionismo. O que o realizador Zack Snyder pareceu não ter processado é que não é a característica kitsch ou infantil da história que mina o filme, é a falta de controlo nos devaneios que o torna risível para adultos e desapropriado para miúdos.
Emily Browning - Sweet Dreams (Are Made of This)
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
In Time - Bonnie and Clyde do Futuro
Andrew Niccol beneficia muito em ter tido a sua estreia em cinema com o fantástico Gattaca em 1997. Era uma história inovadora, um estilo visual único e uma atmosfera adequada. Passados 10 anos, In Time, é apenas o seu quarto filme e, talvez com a excepção de O Senhor da Guerra, pouco ou nada mudou. A temática de um futuro em que as diferenças sociais são mais acentuadas que nunca e um membro dos desfavorecidos insurge-se contra o sistema, levando como refém (que se revela voluntária) a filha do mauzão, está explorada à exaustão. A nuance aqui é a de o tempo ter passado a ser a moeda de troca. Basicamente, as pessoas deixaram de ser obcecadas por dinheiro (porque já não existe), mas com tempo que têm em contagem decrescente no braço esquerdo.
É certo que um filme deste género e com esta história não vai cativar quem não gosta de ficção científica. Mas, para todos nós que gostamos, o maior problema está em, à medida que o filme avança, conseguirmos decidir se a história é brilhante ou absurda. Com buracos narrativos descomunais e uma previsibilidade, às vezes, desconfortável, o que nos continua a agarrar é a curiosidade pela forma como as personagens chegarão ao destino previsto. Umas vezes mais que outras, elas acabam por fazê-lo exactamente da maneira que esperávamos, mas não nos importamos, porque ainda assim há mestria na forma como Niccol dirige o filme. Ajudado (e muito) por uma soberba banda sonora do mestre Craig Armstrong, este é um filme ao qual os simpatizantes do género, e que desconhecem o estilo de Niccol, poderão dar o benefício da dúvida. Quem conhece esse estilo, vai achar estranho como é que em todos os seus filmes, Niccol escolhe filmar sempre nos mesmos locais: a mesma cidade, as mesmas ruas, as mesmas pontes e uma fotografia a abusar sempre dos amarelos e dos verdes.
É certo que um filme deste género e com esta história não vai cativar quem não gosta de ficção científica. Mas, para todos nós que gostamos, o maior problema está em, à medida que o filme avança, conseguirmos decidir se a história é brilhante ou absurda. Com buracos narrativos descomunais e uma previsibilidade, às vezes, desconfortável, o que nos continua a agarrar é a curiosidade pela forma como as personagens chegarão ao destino previsto. Umas vezes mais que outras, elas acabam por fazê-lo exactamente da maneira que esperávamos, mas não nos importamos, porque ainda assim há mestria na forma como Niccol dirige o filme. Ajudado (e muito) por uma soberba banda sonora do mestre Craig Armstrong, este é um filme ao qual os simpatizantes do género, e que desconhecem o estilo de Niccol, poderão dar o benefício da dúvida. Quem conhece esse estilo, vai achar estranho como é que em todos os seus filmes, Niccol escolhe filmar sempre nos mesmos locais: a mesma cidade, as mesmas ruas, as mesmas pontes e uma fotografia a abusar sempre dos amarelos e dos verdes.
quarta-feira, 6 de julho de 2011
terça-feira, 5 de julho de 2011
segunda-feira, 4 de julho de 2011
domingo, 3 de julho de 2011
sábado, 2 de julho de 2011
quinta-feira, 30 de junho de 2011
quarta-feira, 29 de junho de 2011
terça-feira, 28 de junho de 2011
segunda-feira, 27 de junho de 2011
quarta-feira, 15 de junho de 2011
Como prever o cancelamento - Flashforward
Quando falamos de séries, toda a gente acha que Flashforward ou ainda está activa ou que vai na segunda série. Infelizmente, ou felizmente, ficou-se pela primeira. Infelizmente porque era uma das melhores séries de 2010 - uma corrida contra o tempo, bem estruturada e executada ao estilo de 24 - felizmente, porque se tivesse continuado, poderia ter perdido grande parte da sua força, como aconteceu com Prison Break.
A história gira em torno de um apagão global de cerca de dois minutos, em que toda a gente no mundo viu o seu futuro daí a seis meses. Quando acordam, o caos é geral. Contam-se milhões de mortos e de imediato todos os que conseguiram ver o seu futuro (sim, houve quem não visse nada) entram num estado de apatia total por o futuro que viram ser-lhes completamente inconcebível, passando depois, para um esforço para tentar contrariar ou concretizar esse futuro.
Implausibilidades e improbabilidades à parte, Flashforward acaba por ser mais um ensaio à natureza humana e às diferentes formas de encarar um futuro distante mas agora conhecido.
A meio da temporada, a série perde alguma força, retomando-a nos episódios finais, com a aproximação do "Dia D". Flashforward ficará recordada, principalmente, por ter acabado totalmente em aberto; algumas respostas foram dadas, mas muitas ficaram por revelar. O problema é que nada disto foi intencional, dada a imprevisível decisão da ABC em cancelar a série por não ter o número esperado de telespectadores. Se séries com menos audiências e de muito menor qualidade se mantêm no ar há anos sem fim e sem qualquer razão aparente, o cancelamento desta, ironicamente não foi previsto.
The Surface of the Sun
A história gira em torno de um apagão global de cerca de dois minutos, em que toda a gente no mundo viu o seu futuro daí a seis meses. Quando acordam, o caos é geral. Contam-se milhões de mortos e de imediato todos os que conseguiram ver o seu futuro (sim, houve quem não visse nada) entram num estado de apatia total por o futuro que viram ser-lhes completamente inconcebível, passando depois, para um esforço para tentar contrariar ou concretizar esse futuro.
Implausibilidades e improbabilidades à parte, Flashforward acaba por ser mais um ensaio à natureza humana e às diferentes formas de encarar um futuro distante mas agora conhecido.
A meio da temporada, a série perde alguma força, retomando-a nos episódios finais, com a aproximação do "Dia D". Flashforward ficará recordada, principalmente, por ter acabado totalmente em aberto; algumas respostas foram dadas, mas muitas ficaram por revelar. O problema é que nada disto foi intencional, dada a imprevisível decisão da ABC em cancelar a série por não ter o número esperado de telespectadores. Se séries com menos audiências e de muito menor qualidade se mantêm no ar há anos sem fim e sem qualquer razão aparente, o cancelamento desta, ironicamente não foi previsto.
The Surface of the Sun
terça-feira, 7 de junho de 2011
Batalha Naval?!
Quando me aventuro nas críticas de cinema, acho que me repito quando falo na crise de ideiais de Hollywood: esse entedintemento global de que as forças criativas parecem estar a migrar para o universo das séries televisivas, resumindo-se o cinema cada vez mais a sequelas, prequelas, revisitações, etc. Até aí tudo bem e parece haver uma razão compreensível.
Há uns tempos vi umas manchetes sobre um filme a lançar em 2012 chamado "Battleship". Não li a notícia em si, esperando para saber mais quando a produção começasse a andar.
Ora bem já anda. "Battleship" SÓ é Batalha Naval em Inglês, mas na minha inocência, não fiz a associação Podemos então esperar por um filme baseado no jogo de tabuleiro clássico que conta no elenco com, adivinhe-se, Rihanna e um orçamento de duzentos milhões de dólares. Tenho dito.
Smoke N' Oakum
Há uns tempos vi umas manchetes sobre um filme a lançar em 2012 chamado "Battleship". Não li a notícia em si, esperando para saber mais quando a produção começasse a andar.
Ora bem já anda. "Battleship" SÓ é Batalha Naval em Inglês, mas na minha inocência, não fiz a associação Podemos então esperar por um filme baseado no jogo de tabuleiro clássico que conta no elenco com, adivinhe-se, Rihanna e um orçamento de duzentos milhões de dólares. Tenho dito.
Smoke N' Oakum
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quinta-feira, 2 de junho de 2011
Obras Falhadas? Pt. 1
As adaptações de séries de culto têm sempre um sabor agridoce. Por um lado quer fazer-se homenagem a uma série que cativou um público com a sua história, personagens e diálogos, não podendo, nem devendo, ser excessivamente fiéis; por outro as reacções de todos aqueles que formaram o culto de fãs que, não obstante a curiosidade pela revisitação, acabam por sair desiludidos com a mesma.
Há vários anos em gestação, a produção do recomeço cinematográfico deste fenómeno de culto dos anos 60, Os Vingadores, enfrentou os mais variados contratempos nas suas diferentes fases: diferentes actores e realizadores estiveram associados ao projecto, rumores de falta de química entre Ralph Fiennes e Uma Thurman, uma pós produção que obrigou ao corte de mais de meia hora de filme, entre outros.
O produto final não tardou a ser trucidado pelos críticos e pelo público em geral: gritava-se que o material de origem não era respeitado, que Fiennes e Thurman foram um erro de casting, e que o maior esforço foi feito no espectáculo visual, em detrimento de um argumento coeso.
Por mais que discorde da unanimidade da crítica (especializada e leiga), reconheço que não é o melhor filme sempre, tão pouco a melhor adaptação de um material mítico. Mas essa não poderia nunca ser a intenção desta adaptação: pelo menos no primeiro caso. Ainda que ausente o carisma de Sir Patrick McNee e alguns dos diálogos incisivos da série, devo confessar que este é, sem dúvida, o primeiro filme em que penso quando se fala de guilty pleasures. Gozem, espantem-se, apontem o dedo à vontade mas este continua a ser um daqueles filmes que revejo, de tempos a tempos, ignorando em absoluto que se trata de um dos filmes mainstream mais carinhosamente odiados da última década. Os diálogos, os cenários, a música e os actores (sim, até Uma Thurman, americana com sotaque britânico irrepreensível) encarnam a chamada über britishness na perfeição.
Se a Warner Brothers foi a primeira a saltar do barco quando as críticas primeiro surgiram, que se retenha que as cada vez mais habituais decisões de última hora dar uma nova montagem a filmes nunca resulta. A versão original deste filme está num limbo há 12 anos, independentemente das petições nesse sentido. É pena. Até que essa versão veja a luz do dia, vou continuar a rever este mal-amado filme da mesma forma “culpada”(?).
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quinta-feira, 26 de maio de 2011
Nós
Sou patriota e patriota convicto. Não sei se é pelo facto de estar a viver a 15 mil kilómetros de distância ou se é por Portugal estar a passar pela sua maior crise de identidade, que este meu sentimento está especialmente acentuado. Custa ver que neste último ano nada mais parece vir de Portugal que o profundo dramatismo, inércia absoluta e vitimização sem precedentes. Não é novidade para mim nem para ninguém que estas são características do comum português que mais facilmente se deixa mergulhar no pior, quando pode tentar lutar pelo melhor.
Não se pede, sensatamente, que haja coesão política, mas que haja coesão de bom senso. É mais do que decidir o que está certo e o que está errado, é mais do que escolher Norte ou Sul, é ter um diariamente renovado sentimento de orgulho pelo lugar onde nascemos, crescemos e que nos deu as características que por mais que queiramos, não abandonamos. Se as características se tornam, na maior das vezes, tradições, não há como não ter orgulho desse nosso país. Na crise estamos emaranhados e não a podemos contornar; há que mentalizar que é um caminho que temos que fazer e que os mesmos erros não podemos repetir.
Se o “se” parece ser um ponto de partida para um qualquer raciocínio, então usemo-lo para propor um Portugal mais brioso, mais vaidoso das suas características, que venda o que tem de bom e que esse seja um processo individual. Se já era patriota, agora sou mais.
Não se pede, sensatamente, que haja coesão política, mas que haja coesão de bom senso. É mais do que decidir o que está certo e o que está errado, é mais do que escolher Norte ou Sul, é ter um diariamente renovado sentimento de orgulho pelo lugar onde nascemos, crescemos e que nos deu as características que por mais que queiramos, não abandonamos. Se as características se tornam, na maior das vezes, tradições, não há como não ter orgulho desse nosso país. Na crise estamos emaranhados e não a podemos contornar; há que mentalizar que é um caminho que temos que fazer e que os mesmos erros não podemos repetir.
Se o “se” parece ser um ponto de partida para um qualquer raciocínio, então usemo-lo para propor um Portugal mais brioso, mais vaidoso das suas características, que venda o que tem de bom e que esse seja um processo individual. Se já era patriota, agora sou mais.
quarta-feira, 27 de abril de 2011
segunda-feira, 25 de abril de 2011
Bale ou não?
Valerá a pena atravessar metade do mundo para vir da Europa para Bali? Os europeus que lá se encontram chegam por ser mais um ponto na sua "Backpacking Trip", outros passam lá lua de mel, outros vêm motivados pelo quão exóticos os roteiros turísticos ou os filmes fazem parecer.
Segundo a Wikipédia, a Indonésia é composta por cerca de 17.500 ilhas. O que é que faz de Bali tão especial que quase ninguém saiba sequer dizer o nome de outra ilha do país? Não há opinião unânime quanto a isto, mas é inegável que é uma concentração turística massiva, uma mistura de raças e povos impressionante sem por isso perder a sua identidade.
Numa ilha tão pequena podem satisfazer-se os gostos dos mais cosmopolitas ou dos mais zens; se bem que os primeiros saem a ganhar pela cada vez maior ocidentalização da ilha.
Valerá, por isso, a pena o preço do bilhete e o tempo da viagem? É subjectivo. Quanto a mim, não vale. Ainda assim tenho um especial carinho por aquela pequena ilha que, no espaço de dois meses, me relembrou o que é a civilização que desde Janeiro desconheço. Se é com este pano de fundo que se chega a Bali, então nada melhor. O dinheiro que já lá deixei e aquele que gastei nas viagens foi, podendo roçar a contradição, inegavelmente bem empregue. Resta saber se até Julho farei jus ao ditado popular de que "não há duas sem três".
Everything In Its Right Place - Radiohead
Segundo a Wikipédia, a Indonésia é composta por cerca de 17.500 ilhas. O que é que faz de Bali tão especial que quase ninguém saiba sequer dizer o nome de outra ilha do país? Não há opinião unânime quanto a isto, mas é inegável que é uma concentração turística massiva, uma mistura de raças e povos impressionante sem por isso perder a sua identidade.
Numa ilha tão pequena podem satisfazer-se os gostos dos mais cosmopolitas ou dos mais zens; se bem que os primeiros saem a ganhar pela cada vez maior ocidentalização da ilha.
Valerá, por isso, a pena o preço do bilhete e o tempo da viagem? É subjectivo. Quanto a mim, não vale. Ainda assim tenho um especial carinho por aquela pequena ilha que, no espaço de dois meses, me relembrou o que é a civilização que desde Janeiro desconheço. Se é com este pano de fundo que se chega a Bali, então nada melhor. O dinheiro que já lá deixei e aquele que gastei nas viagens foi, podendo roçar a contradição, inegavelmente bem empregue. Resta saber se até Julho farei jus ao ditado popular de que "não há duas sem três".
Everything In Its Right Place - Radiohead
domingo, 10 de abril de 2011
A Árvore da Vida
O conceito da árvore da vida vem fascinando desde os primórdios da civilização. Não há religião que não tenha qualquer tipo de simbolismo associado à existência de uma árvore da qual tenha nascido a vida ou da qual emanem características regeneradoras. Crenças religiosas à parte, é facto que o tema, pelo seu claro misticismo, é um motivo que conduz a devaneios filosóficos, elaborações artísticas ou por outro lado, descrenças absolutas.
Darren Aronofsky e Terrence Mallick, cada um representante de uma geração diferente de Hollywood, abordaram este tema. Aronosky em 2006 com o sublime The Foutain – O Último Capítulo, e Mallick este ano com o muito aguardado The Tree of Life.
Aronofsky está na crista da onda por ter evoluído de realizador/autor independente com filmes como Pi ou Requiem for a Dream – A Vida não é um Sonho, para o mainstream com a sensação do ano passado Black Swan. Compreensivelmente, The Fountain terá sido, dos seus filmes, aquele que foi recebido com mais cepticismo. A complexa história contada em três sequências paralelas, com os mesmos actores, Hugh Jackman e Rachel Weisz, a encarnarem diferentes ou as mesmas (?) personagens, dividiu o público por não ser clara a abordagem a temas como a morte, o isolamento, a luta e o egoísmo. The Fountain tem aquela característica singular e obrigatória de qualquer filme com uma temática ambígua: é um filme aberto a discussões, passível de diferentes interpretações e tão arrebatador como a luta das personagens. Fiel à sua temática, o realizador concentra-se mais nas personagens e nas suas motivações, do que propriamente no meio onde se movem. Tem sido assim em todas as suas obras, não deixou de o ser em The Fountain, talvez o mais complexo e abstracto filme de Aronofsky, mas é uma verdadeira tese sobre tema, não oferecendo mais explicações do que aquelas que pode dar. De notar especialmente, a superior e reconhecida banda sonora de Clint Mansell, que ao contrário do filme, foi universalmente reconhecida como uma das melhores de 2006.
Cinco anos passados, foi a vez de Mallick, renomado realizador que apenas conta com 5 filmes em 40 anos de carreira, enveredar pelo tema. Brad Pitt, que inicialmente esteve vinculado a The Fountain, mas que desistiu por conflitos de agenda com Tróia, lidera agora o elenco deste novo filme que deixa ver, mais uma vez, o apurado sentido visual de Mallick, aliado à abordagem intimista que também lhe é característica. Pouco se sabe da história, mas Mallick quer mostrar algo completamente novo. O Trailer já lançado é um dos mais complexos e visualmente ricos de que há memória; se isso se vai reflectir em sucesso garantido é obviamente difícil de dizer, mas é esperado que como é comum à obra de Mallick e a este tema em concreto, que as opiniões sejam divididas e o produto final, controverso.
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
The Timor Experience; Parte 4 - Oscars
Depois de um mês cujas entradas no blog foram inexistentes, não por falta de assunto ou oportunidade, mas por esquecimento absoluto, um dos acontecimentos do ano levou-me a querer voltar a este espaço e desbobinar sobre uma das minhas paixões: o cinema.
Há já 13 anos que a madrugada dos Óscars é uma directa obrigatória que não dispenso. Não se trata de subscrever inteiramente as escolhas Academia, tão pouco concordar com os lobbys que todos os anos, e cada vez mais, se estabelecem, mas sim fazer parte, de forma distante, da noite que celebra o Cinema. Dada a crise de ideias ou a falta de interesse que cada vez mais é patente no Cinema, há anos que, invariavelmente, pecam pela previsibilidade dos vencedores ou pela falta de entusiasmo nos nomeados. O que fez do alinhamento deste ano mais sumarento foi exactamente o oposto; a variedade de filmes de qualidade nomeados e uma maior incerteza nos vencedores. Num ano em que na linha da frente dos nomeados estavam filmes como A Rede Social, Inception, O Discurso do Rei, Os Miúdos Estão Bem, Black Swan, Indomável ou The Fighter, apesar de haver claros favoritos em categorias específicas, (quase) não haviam certezas absolutas. Prova disso é que muitos apontavam para a vitória indubitável d'A Rede Social, que acabou por ir parar, merecidamente, às mãos d' O Discurso do Rei. Mas o que me deu especial gozo este ano, foi saber que se ao invés da vitória deste tivesse ganho A Rede Social, Os Miúdos estão Bem ou (o meu favorito) Inception, seria igualmente justo.
Claro que a parte dos lobbys entra com a vitória, discutível, de Trent Razznor e Atticus Ross para melhor banda sonora por A Rede Social, numa clara compensação pelos prémios principais perdidos. Mas é lugar-comum e certeza absoluta aquela velha máxima de que pela subjectividade, os vencedores não se traduzem nos melhores.
Mais sui generis do que isto, só o ter, pela primeira vez nos ditos 13 anos, "visto" os Óscars por actualizações na net durante o horário de trabalho. É verdade. Estar quase nos antípodas do local da cerimónia tem destas coisas: ainda que sabendo os vencedores na mesma altura, em bom rigor, só os soube na manhã seguinte como a maioria dos portugueses!
Mombasa
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
The Timor Experience; Parte 3 - Fun Facts - Pulsa
Em Timor, a electricidade(pulsa), tal como os telefones, tem de ser pré-paga. Se nos distraímos com o que vamos gastando em luz e ar condicionado pode acontecer, como se passou esta semana, que fiquemos sem luz a meio do jantar. A única forma de resolver, é ir comprar electricidade, inserir uns códigos que nos dão no contador (geralmente há dois em casa), e voilá! Pulsa por créditos! Como desconhecíamos este facto divertido, e já não podíamos ir comprá-la, xixi cama.
Arena
Arena
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
Cinema "nos antípodas" - I
Tron: O Legado
Não é a primeira vez que aqui falo do meu entusiasmo juvenil com o mais recente filme de ficção científica da Disney. Aproveitando a bagagem de Jeff Bridges e a sua vitória nos Óscars do ano passado, a Disney achou por bem ir buscar um seu filme de culto, de modesto sucesso dos anos 80, filmá-lo com as mais recentes tecnologias 3D e os efeitos especiais mais caros do mercado. Qualquer fã de ficção científica que se preze, ao ver o trailer há quase um ano atrás, ficou em pulgas. Mesmo sabendo que não podíamos esperar algo na linha de Blade Runner ou Minority Report, o frenesim visual e sonoro bem como o factor guilty pleasure estaria assegurado.
O objectivo a que se propôs tinha tudo para correr mal; mas felizmente tudo correu bem. Enquanto filme de serão cinematográfico tardio, é do melhor que o género nos tem dado nos últimos tempos. O desconhecido Joseph Kosinsky revela um apurado sentido visual, tomando um melhor partido de um argumento raquítico e confuso e transformando-o numa aventura eficaz, divertida e imparável. Além da irrepreensível produção visual o que mais aqui se destaca é, obviamente, a banda sonora do duo francês Daft Punk. Já falei dos merecidos e insuficientes méritos dessa composição no post anterior, mas não é demais reiterar. Como qualquer filme de grande produção na Hollywood dos dias de hoje, os produtores começam imediatamente a pensar em trilogias, veja-se o caso da saga de os Piratas das Caraíbas ou da prequela de Alien que Ridley Scott está a preparar. Se é disso que Hollywood precisa, é duvidoso, atendendo à crise de ideias que actualmente corre, mas se é bem-vindo do ponto de vista financeiro e de entretenimento leve, isso já é outra história. Tron, o Legado foi, sem dúvida.
The A-Team – Esquadrão Classe A
A história, a série e os personagens dispensam de qualquer tipo de apresentação. A A-Team foi um dos maiores ícones que a década de 80 trouxe para a cultura mundial. Numa altura em que famílias inteiras se sentavam à frente da televisão para, semanalmente, assistirem a um novo episódio de séries como MacGyver ou Quem Sai aos Seus, o Esquadrão Classe A tinha uma igual fama e legião de seguidores. A adaptação ao cinema com um robusto orçamento tardou (por disputas legais e de calendário), mas não falhou, tendo chegado esta, pela mão do serviçal Joe Carnahan.
Se tinha algumas reservas a propósito do projecto, a leveza e a despreocupação da abordagem neste caso resultaram na perfeição. Um casting perfeito, um elenco robusto e consistente, um pulso firme e eficaz na realização e uma constante sensação de divertimento era exactamente aquilo que se pedia. Longe de ser o filme mais perfeito de sempre, e também não sendo o melhor do género, funciona muito bem enquanto distracção e respeito pelo produto original. Nunca, na corrente de adaptações de séries de culto dos últimos tempos, se pode ser absolutamente idêntico na abordagem ao material de base, mas sendo-se concordante ou respeitador, é já um grande passo, ainda que saibamos, de antemão, que não é possível agradar a gregos e a troianos.
Chloe
Chegado ao terceiro filme que vi, e que agora analiso, reparo que todos eles têm por base material já publicado pela mão de outros cineastas. No caso de Chloe, estamos perante um remake do filme francês de 2004 Nathalie, que conheceu uma limitada distribuição nos Estados Unidos, cuja receita em pré-reservas de bilhetes pagou o orçamento de 10 milhões de dólares. Mais importante que qualificá-lo como thriller psicológico ou drama familiar, do ponto de vista cinematográfico, Chloe é um filme de autor. Atom Egoyan, é daqueles realizadores cuja fama o precede. Além de uma fortíssima componente estilística, que vai desde o significado de certos planos visuais ao uso de certas cores ou objectos, as acções, expressões e maneirismos dos seus personagens dizem mais que os seus diálogos. Um trio de actores que exemplarmente encarna as personagens dando-lhes a necessária projecção sentimental e fundo dramático, confere uma completude a um projecto que assenta nos seus intérpretes.
Chloe atraiu-me, imediatamente com o seu trailer. Em vez das montagens habituais, um excerto de dois minutos de uma complexa cena, publicitava o filme. Se este é um projecto autoral e intimista, então a coerência do projecto partiu logo da maneira como foi vendido. Durante o filme, os acontecimentos vão desencadeando-se de forma mais ou menos, chamemos-lhe, “crível”, mas uma vez terminado, é daqueles filmes que permanece na memória, dando azo a discussões ainda que a história fique plenamente resolvida.
Não é a primeira vez que aqui falo do meu entusiasmo juvenil com o mais recente filme de ficção científica da Disney. Aproveitando a bagagem de Jeff Bridges e a sua vitória nos Óscars do ano passado, a Disney achou por bem ir buscar um seu filme de culto, de modesto sucesso dos anos 80, filmá-lo com as mais recentes tecnologias 3D e os efeitos especiais mais caros do mercado. Qualquer fã de ficção científica que se preze, ao ver o trailer há quase um ano atrás, ficou em pulgas. Mesmo sabendo que não podíamos esperar algo na linha de Blade Runner ou Minority Report, o frenesim visual e sonoro bem como o factor guilty pleasure estaria assegurado.
O objectivo a que se propôs tinha tudo para correr mal; mas felizmente tudo correu bem. Enquanto filme de serão cinematográfico tardio, é do melhor que o género nos tem dado nos últimos tempos. O desconhecido Joseph Kosinsky revela um apurado sentido visual, tomando um melhor partido de um argumento raquítico e confuso e transformando-o numa aventura eficaz, divertida e imparável. Além da irrepreensível produção visual o que mais aqui se destaca é, obviamente, a banda sonora do duo francês Daft Punk. Já falei dos merecidos e insuficientes méritos dessa composição no post anterior, mas não é demais reiterar. Como qualquer filme de grande produção na Hollywood dos dias de hoje, os produtores começam imediatamente a pensar em trilogias, veja-se o caso da saga de os Piratas das Caraíbas ou da prequela de Alien que Ridley Scott está a preparar. Se é disso que Hollywood precisa, é duvidoso, atendendo à crise de ideias que actualmente corre, mas se é bem-vindo do ponto de vista financeiro e de entretenimento leve, isso já é outra história. Tron, o Legado foi, sem dúvida.
The A-Team – Esquadrão Classe A
A história, a série e os personagens dispensam de qualquer tipo de apresentação. A A-Team foi um dos maiores ícones que a década de 80 trouxe para a cultura mundial. Numa altura em que famílias inteiras se sentavam à frente da televisão para, semanalmente, assistirem a um novo episódio de séries como MacGyver ou Quem Sai aos Seus, o Esquadrão Classe A tinha uma igual fama e legião de seguidores. A adaptação ao cinema com um robusto orçamento tardou (por disputas legais e de calendário), mas não falhou, tendo chegado esta, pela mão do serviçal Joe Carnahan.
Se tinha algumas reservas a propósito do projecto, a leveza e a despreocupação da abordagem neste caso resultaram na perfeição. Um casting perfeito, um elenco robusto e consistente, um pulso firme e eficaz na realização e uma constante sensação de divertimento era exactamente aquilo que se pedia. Longe de ser o filme mais perfeito de sempre, e também não sendo o melhor do género, funciona muito bem enquanto distracção e respeito pelo produto original. Nunca, na corrente de adaptações de séries de culto dos últimos tempos, se pode ser absolutamente idêntico na abordagem ao material de base, mas sendo-se concordante ou respeitador, é já um grande passo, ainda que saibamos, de antemão, que não é possível agradar a gregos e a troianos.
Chloe
Chegado ao terceiro filme que vi, e que agora analiso, reparo que todos eles têm por base material já publicado pela mão de outros cineastas. No caso de Chloe, estamos perante um remake do filme francês de 2004 Nathalie, que conheceu uma limitada distribuição nos Estados Unidos, cuja receita em pré-reservas de bilhetes pagou o orçamento de 10 milhões de dólares. Mais importante que qualificá-lo como thriller psicológico ou drama familiar, do ponto de vista cinematográfico, Chloe é um filme de autor. Atom Egoyan, é daqueles realizadores cuja fama o precede. Além de uma fortíssima componente estilística, que vai desde o significado de certos planos visuais ao uso de certas cores ou objectos, as acções, expressões e maneirismos dos seus personagens dizem mais que os seus diálogos. Um trio de actores que exemplarmente encarna as personagens dando-lhes a necessária projecção sentimental e fundo dramático, confere uma completude a um projecto que assenta nos seus intérpretes.
Chloe atraiu-me, imediatamente com o seu trailer. Em vez das montagens habituais, um excerto de dois minutos de uma complexa cena, publicitava o filme. Se este é um projecto autoral e intimista, então a coerência do projecto partiu logo da maneira como foi vendido. Durante o filme, os acontecimentos vão desencadeando-se de forma mais ou menos, chamemos-lhe, “crível”, mas uma vez terminado, é daqueles filmes que permanece na memória, dando azo a discussões ainda que a história fique plenamente resolvida.
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