O Dialecto está de cara lavada. Quer dizer, primeiro que tudo, não tem cara para lavar, tem uma imagem a renovar. Talvez não tenha passado tempo suficiente para justificar esta alteração, mas achei que, em todo o caso, o devia fazer. Fiel ao seu nome, e à minha missão, o dialecto continua a palrar as suas baboseiras, sujeitas e ansiosas de críticas, por crescer ser o mais importante. A linguagem é a mesma(não cedo ao acordo), os assuntos são os do costume, os leitores esperam-se ser os mesmos, e com sorte outros tantos que consiga entusiasmar.
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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Desvios Históricos

Para efeitos de dramatização e entertenimento, na maior das vezes, a transposição para a televisão ou para o cinema, comporta desvios, uns mais graves que outros a acontecimentos históricos. Os desvios à história podem, por outro lado, ocorrer por incertezas de facto: dúvidas quanto aos acontecimentos reais, mortes envoltas em mistério, teorias da conspiração, ou comunicados politicamente uniformizantes.

A Duquesa (Georgiana Cavendish, Duquesa de Devonshire)
Ao proporem-se a contar a história de Georgianna Cavendish, era impossível aos seus fazedores, não venderem o produto, espelhando-o na história de Diana Spencer, descendente de Georgianna. Para quem não está familiraizado com a história da referida duquesa, seria mais que óbvio achar que os eventos contados no filme manipulariam a realidade, por forma a criar um decalque da vida de Diana na da sua antepassada. O que é facto, é que este é dos poucos filmes recentes que se mantém fidedigno à realidade, e que o paralelismo das duas histórias, parece mesmo ser coincidência. Se o é ou não, mais uma teoria da conspiração que se forme. Analisando a obra em termos globais, não temos como a atacar, mas tema de conversa, de certo tem pano para mangas.

"Roma" Série
A série mais cara alguma vez filmada, contou em duas séries e 22 episódios, com assinaláveis desvios cronológicos e de figuras históricas, as conquistas, as vitórias, as intrigas de um império grandioso quer na sua expansão, como nos motivos iniciais da sua regressão. É inevitável até aos desconhecidos reparar na novelização da história, mas ainda assim, a qualidade da abordagem levou a melhor, fazendo-nos recordar o império que está na base da nossa identidade.






Alexandre o Grande
Oliver Stone é conhecido pela sua irreverência e pela sua veia política, presente activamente na abordagem das vidas de Nixon e George W. Bush. Mas com Alexandre o Grande foi mais longe tendo feito uma abordagem que não agradou o público, causou um prejuízo monetário titânico, e enfureceu os historiadores. Tivesse andado para a frente a adaptação que Baz Luhrman tinha planeado, ela não seria vazia de desvios também, mas seria, seguramente mais agradável que esta que nos foi dada.




Família Tudor (Elizabeth, Elizabeth - A Idade Do Ouro, Duas Irmãs e um Rei, "os Tudors")
Não nos podemos queixar de falta de abordagem do tema da família Tudor, das irmãs Bolena, do nascimento do Anglicanismo e da quebra com Roma. Do que nos podemos queixar, isso sim, é da forma como foi feita. Ninguém questiona a qualidade técnica e estilística das obras, mas a certeza histórica é violentada. Ausência de figuras históricas relevantes, eventos espaçados retratados demasiadamente próximos, preocupção estilística acima da verdade histórica. É verdade que seria extremamente complicado contar esta história de forma fiel sem alguns desvios, mas este episódio histórico é demasiado importante para ser tratado de forma tão pouco fiel.



Maria Antonieta (Marie-Antoinette, O Caso do Colar)
Quando Sofia Coppola deitou as mãos a este material, violentou-a na sua abordagem estilística, mas deu-nos uma abordagem fidedigna da vida da última rainha de frança. Já no caso do colar, Maria Antonieta tinha uma intervenção mais periférica, mas relevante, mostrando-nos os bastidores da revolução assim como um dos seus catalizadores. Por estas duas obras, temos uma ideia mais real e fiel da vida de Maria Antonieta.

Quando as obras são alvo de crítica pelos desvios históricos, os seus responsáveis saltam em sua defesa, com o pretexto de não terem nenhuma obrigatoriedade de mostrarem os eventos tais quais se passaram. É uma verdade, mas ainda assim, tendo o público a obrigatoriedade de saber o que realmente se passou, também não lhes é devido quando não sabem, que eventos manipulados sejam passados e vendidos como verdadeiros. Só isso.

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