O Dialecto está de cara lavada. Quer dizer, primeiro que tudo, não tem cara para lavar, tem uma imagem a renovar. Talvez não tenha passado tempo suficiente para justificar esta alteração, mas achei que, em todo o caso, o devia fazer. Fiel ao seu nome, e à minha missão, o dialecto continua a palrar as suas baboseiras, sujeitas e ansiosas de críticas, por crescer ser o mais importante. A linguagem é a mesma(não cedo ao acordo), os assuntos são os do costume, os leitores esperam-se ser os mesmos, e com sorte outros tantos que consiga entusiasmar.
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sábado, 24 de outubro de 2009

Mr & Mrs Duplicity


É inevitável, ao sabermos da premissa deste filme, não fazermos paralelismos com o primeiro date de Brad Pitt e Angelina Jolie, há quatro anos atrás em Mr. & Mrs. Smith. Onde ali o produto estava mais virado para a pipoca, o barulho e a diversão, aqui está mais virado para a selectividade, o raciocínio e o gozo intelectual. Esclarecido fique que não se deve nunca considerar estes como produtos rivais, porque apesar das aparentes e numerosas semelhanças, igualmente variados são os pequenos detalhes que muito os afastam.

Numa narrativa a transbordar de flashbacks, somos apresentados a Claire Stenwick e Ray Koval, a trabalhar para companhias rivais, que parecem partilhar muito mais do que um passado como agentes secretos. Todos se têm em extrema boa conta, assim como não substimam ninguém; a falta de confiança alheia é algo que está sempre presente, porque como sensatos que são, sabem que podem ser vítimas de algo que eles próprios são capazes de fazer. A maneira como a história nos é contada está nas hábeis mãos de Tony Gilroy que só nos deixa saber aquilo que ele quer que saibamos. Intrigas e reviravoltas a mais podem jogar contra mas também a favor; acho que é tudo uma questão de coerência e de habilidade. Fôra a história desprovida destas reviravoltas em excesso, ser-nos-ia mais fácil descobrir o que não tínhamos (ainda) que saber.

Tony Gilroy tem sido um caso de sucesso, tendo como mais marcantes os seus argumentos para toda a saga de Jason Bourne, O Advogado do Diabo e mais recentemente o seu definitivo salto em Michael Clayton, pelo qual conseguiu uma nomeação ao Óscar de Melhor Realizador. Contidamente deu-nos provas de que os seus trabalhos eram dignos de registo e com óbvias provas de qualidade. Nesta sua segunda incursão pela realização, Gilroy não se afasta do género no qual se mostra à vontade, dando-nos personagens fortes e decidas, porém atípicas que quer num registo mais dramático ou comédico comunicam através de fortes e inteligentes diálogos que as caracterizam e destacam. O que Duplicity tem de bom, é que os ingredientes para que fosse esquecido ou rebaixado estavam lá, mas foram contornados. Regressámos aos antigos capper-movies dos anos 50-60 com espiões que querem enganar tudo e todos. Sabe bem ver que quando as coisas são bem pensadas e inteligentemente executadas, os revivalismos são mais que bem vindos.

Tully's Letter

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