O mundo continua a precisar de comédias românticas. A falta de originalidade é patente e já foi aqui largamente discutida, mas cumpre saber se devemos ou não considerar isso um defeito, ou uma obrigatoriedade. Por mais exigente que o espectador seja, o que é facto é que a originalidade que muitos procuram e exigem, esgota-se - e isto vale para qualquer género de cinema. O objectivo desta crítica não é tanto a de defender a extinção desse género denominado comédias românticas, mas antes mostrar o porquê da minha falta, cada vez maior, de apatia por este tipo de cinema.
Aos romanticos incuráveis não lhes basta sê-lo apenas no dia-a-dia, em atitudes, julgamentos ou acções; precisam também de uma dose de romantismo ficcionado e exagerado que procuram em livros, filmes, séries ou novelas. O facto de não partilharmos os mesmos gostos, não pode necessariamente defenir-nos como cínicos, só não precisamos daquela dose de açúcar que até para os não diabéticos é demais. Tudo isto, porque ontem, e ao engano, caí numa dessas. Uma pequena coisa chamada The Accidental Husband - Marido Por Acidente. Se a exposição até agora ou o título, por si só, não foram suficientes para dar a entender o que temos em mãos, fiquem só sabendo que tudo gira à volta de um bombeiro que resolve arruinar a vida da bem sucedida locutora de um programa de rádio que acabou com a sua relação. Não é preciso ser propriamente óraculo para adivinhar o fim, nem o resto do enredo que nesta frase não descrevi. A linearidade, a curta duração, as personagens secundárias funcionais e a música de comédiazeca divertida estão todas lá, mas se às vezes podem resultar num produto mais ou menos sofrível, aqui torna-se doloroso. Até que ponto é que é exigível que as comédias romãnticas sigam sempre o mesmo esquema? Quão diferente para o espectador pode ser uma mulher bem sucedida dividida entre o namorado bem sucedido e alguém que começa por odiar, mas com quem acaba por ficar? Não levem a mal se acharem que revelei mais do que devia sobre o Marido Acidental, mas como escrever este post sem o fazer inadvertidamente? Atenção, tal como comecei por explicar acima, não é só este género que é vítima deste mal, acaba por ser a indústria em geral, por a crise de ideias ser mais do que consequente e expectável; consequência disso são as repetições de ideias, revisitações de fórmulas ou mesmo reinvenção das mesmas. Seja como fôr, para quem não se importa com isso, descansem, há happily ever after por muitos e bons anos.
James Newton Howard Suite
terça-feira, 13 de outubro de 2009
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