O Dialecto está de cara lavada. Quer dizer, primeiro que tudo, não tem cara para lavar, tem uma imagem a renovar. Talvez não tenha passado tempo suficiente para justificar esta alteração, mas achei que, em todo o caso, o devia fazer. Fiel ao seu nome, e à minha missão, o dialecto continua a palrar as suas baboseiras, sujeitas e ansiosas de críticas, por crescer ser o mais importante. A linguagem é a mesma(não cedo ao acordo), os assuntos são os do costume, os leitores esperam-se ser os mesmos, e com sorte outros tantos que consiga entusiasmar.
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sábado, 18 de julho de 2009

O Mistério Morreu Renascendo

Há cerca de dois meses atrás, enumerei os mais antecipados blockbusters da época. Já não é a primeira vez que o digo, mas a falta de interesse que o cinema, de ano para ano nos provoca, é cada vez mais patente. A originalidade escasseia, a inovação é meramente técnica, mas não obstante a recessão, as receitas são milionárias, e recordes são batidos a cada semana que passa(há que ter, porém, em conta que os recordes têm em conta as receitas não ajustadas à inflacção).
No seguimento disto, e porque um Harry Potter é mesmo o paradigma do filme das massas, estreou esta semana o sexto e antepenúltimo filme da saga. A cada ano que passa, a história quer-se mais negra, os eventos mais trágicos e não obstante o tema, o público é necessariamente mais adulto. Se já a partir do Cálice de Fogo em que o choque do crescimento das personagens e dos actores foi mais óbvio, é talvez com este “Príncipe Misterioso” que realmente damos o salto. O salto porém não é só a nível dos dramas das personagens, como do filme em si. O filme já tem em si um enredo suficientemente complexo para confundir os alheios à história, e estando esta a caminhar para o derradeiro clímax a cada filme que passa, só quase os verdadeiros inteirados é que estão totalmente dentro da trama.
Não sendo este sexto capítulo propriamente o mais rico e complexo da saga, a adaptação cinematográfica é sem dúvida a mais sólida e satisfatória.
Os dois primeiros filmes eram a infantilidade necessária que apaixonou e cativou o mundo, mas foram claramente um registo que não poderia manter-se. Assim que Chris Columbus saiu da saga, e entrou o mexicano Alfonso Cuarón, a saga deu um salto e produziu, o que para muitos é considerado como o melhor filme de todos. Esse entendimento, que até ontem também defendia deve-se ao facto de Cuarón ter introduzido uma abordagem suficiente e adequadamente negra ao material que poucos esperavam. O Prisioneiro de Azkaban foi o único capítulo que realizou, e a partir do momento em que a produção se apercebeu do estrondoso feedback, concluiu que quem herdasse o posto, não podia afastar-se daquele registo. Mike Newell e David Yates assim o fizeram.
Quando pela primeira vez foi revelado o nome de Yates como realizador não de um, mas dos quatro últimos filmes, a comunidade online não reagiu da melhor maneira: Potter é uma saga demasiado complexa para ser entregue a um desconhecido, e mais ainda uma tarefa tão importante e duradoura. Se com a Ordem da Fénix Yates provou que esses medos eram infundados, com este último filme, calou definitivamente os detractores. O facto de o filme ser tão forte deve-se quase exclusivamente a si. A coesão do produto final, a direcção de actores, a mediação técnica fundem-se de uma forma tão natural, ambiciosa e completa que para muitos pode ser este o estímulo necessário para reavivar o interesse na história. Achei-me a ter uma especial empatia por este filme decorridos 10 minutos. Tinha vontade e curiosidade de ver mais uma vez como tinham sido transportas para o ecrã as descrições que lemos, mas acima de tudo, dei por mim a reparar que não obstante ser fã devoto de Harry Potter, estava realmente a adorar o filme como se não fizesse ele parte da saga. A fotografia é soberba, o direcção de arte é irrepreensível, como sempre, e a banda sonora, merecerá um post só dela.
Tenho pena que este ano quase nada se possa aproveitar desta época de verão. O Príncipe Misterioso fica por agora como a grande produção de referência do ano que, ao que parece, dado que a academia aumentou o número de nomeados para melhor filme para 10, que este figurará na lista; se assim for, nada me surpreende.

In Noctem

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