Hoje permito-me ter outro devaneio sobre música. Os outros foram curtos, directos e não explicativos, no sentido em que não me perdi nas razões pela qual uma música concreta despertou a minha atenção. Agora, faço-o da maneira subjectiva, porque tão majestosa e rica expressão musical merece não só o meu tempo a escrever, como o vosso a ler, se assim o entenderem.
Quem me conhece, e aos meus gostos, sabe que sou um melómano. Para mim a música é mais do que um passatempo, é uma companhia, uma parte de mim, sempre presente: tão fundamental. Não há um género de música que não goste, pois em todos há aquele sentimento de possibilidade de persuadir-me a descobrir. Tenho é mais afinidade por uns do que por outros. Há afinidades, há preferências e há eleições. Música instrumental é sem dúvida a minha (talvez por estar ligada a outra coisa que tanto me diz - o cinema) mas o que é verdade, e como alguém que tenho na maior das considerações sempre me disse: "Como é que isto não é mais conhecido?".
Somos todos os dias bombardeados com músicas comerciais simples e descartáveis: ao acesso do comum mortal, e do ouvido fácil e preguiçoso. Não posso apontar o dedo com crítica negativa, pelo simples facto de que cada um é como cada qual e não é justo defender que as minhas escolhas são as de qualidade, e todas as outras, inválidas. Se todos partilhassem da minha visão, ou melhor do meu ouvido, tavez se perdesse aquela mística tão secreta, tão secundária, tão profunda, e tão sua, como a que temos acesso nas partituras de que falo.
Tenho a maior das dificuldades ao tentar eleger uma música como minha preferida. Tenho várias, que pelas mais diversas razões me dizem muito, quer pela sua qualidade ser auto-explicativa, quer por estar (por bónus) associada a alguém que me diga tanto. Trevor Rabin, John Powell, Steve Jablonsky, Craig Armstrong, James Newton Howard, Hans Zimmer, Mark Mancina, Mark Isham, Brian Tyler. Todos eles são responsáveis por alguns dos melhores momentos que passei sozinho ou acompanhado pela sua música. Se me obrigar a fazer uma compilação, logicamente que tenho que isolar o que me apetece ouvir, e ao fazê-lo, tanto fica de fora. De uma forma ou de outra, qualquer que seja o tema, os violinos, a percussão, o sintetizador estão sempre presentes. Pouca gente faz uso de violinos como John Powell (To The Roof -3:00 a 4:40) ou Craig Armstrong (The Flower). O primeiro está a criar um género em que junta a percussão aos violinos de forma frenética, que cada vez mais é descaradamente copiada, mas nunca igualada (veja-se Physiux) o segundo usa violinos de uma forma mais emblemática e exagerada, mas tão perfeita (Opening).
A música é muitas vezes, senão todas, associada pessoas e lugares. Eu não sou excepção, aliás, tenho prova viva disso. Há as que nos lembram uma corrida pelas dunas (My Name Is Lincoln), uma memória (Vantage Point) uma saudade (Optimus) um fim de tarde (Poseidon) um caminho (Xibalba)um pôr do sol(Glory Road), um cruzeiro(Egypt Is Yours For Only One Day) um futuro (Halls Of Dalmorgan), Praga (Prague), uma cena monumental (Elegy For Dunkirk).
Se me fosse a perder pelo que cada música da minha vasta colecção me diz, e àquilo que me associa, não havia post que chegasse, nem paciência vossa que aguentasse.
Muita gente associa música a estados de espírito. Não é uma ideia de todo descabida nem infundada. Percebo quem não queira ouvir certas músicas, por associá-las à chamada fossa. Uma música melancólica (Together We Will Live Forever), não nos mergulha num marasmo, a mim, pelo menos, faz-me desfrutá-la e querer descobrir mais detalhes.
Por mais tempo que tenha tido para escrever este post, sinto que ficou tanto de fora. Tanto que queria falar e exteriorizar, é por isso que não considero este devaneio como uma dissertação final, muito menos fechada. A ela voltarei, porque a música nasceu comigo, e aqui ficará, para o bem e para o mal.
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
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1 comentário:
Nada ficou de fora meu caro e grande amigo. Se as pessoas de conhecerem, nada ficou de fora.
Se não te conhecerem, nunca vao perceber esse teu gosto e essa tua paixão. Por mais que tentes escreve-la, nao vais conseguir. Eu tentei agora mesmo neste meu ultimo post de Fado e foi em vão.
Eu conheço-te bem e este post fez-me todo o sentido.
Um abraço,
TJM
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