O Dialecto está de cara lavada. Quer dizer, primeiro que tudo, não tem cara para lavar, tem uma imagem a renovar. Talvez não tenha passado tempo suficiente para justificar esta alteração, mas achei que, em todo o caso, o devia fazer. Fiel ao seu nome, e à minha missão, o dialecto continua a palrar as suas baboseiras, sujeitas e ansiosas de críticas, por crescer ser o mais importante. A linguagem é a mesma(não cedo ao acordo), os assuntos são os do costume, os leitores esperam-se ser os mesmos, e com sorte outros tantos que consiga entusiasmar.
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sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Sofia Coppola: Um Resumo

Já tinha para mim que Sofia Coppola era uma cineasta de excepção. Há duas noites não sabia que filme rever, tirei um à escolha e saíu um dos meus preferidos: Lost In Translation. A propósito dele, lembrei-me de passar aqui em revista a curta mas bastante significativa carreira de Coppola, prova viva de que "filho de peixe sabe nadar", não tendo aproveitado as cunhas do pai, tornou-se grande por mérito próprio.

As Virgens Suicidas (1999)
O título não deixa ninguém indiferente, assim como o filme, que marca a primeira incursão da realizadora/ argumentista no cinema mainstream e que conta a história trágica das cinco irmãs Lisbon que vivem sob um tecto de regras e obsessionismo católico. O suicídio final (que não é obviamente surpresa) provoca em nós o mesmo fascínio que nos vizinhos. Por mais que conjecturemos hipóteses, Coppola cria-nos uma atmosfera de mistério e inocência de uma história não tão fora do vulgar quanto isso.






Lost In Translation (2003)
Não é exagero chama-lo uma pequena obra prima. Para quem se entregue a este filme, aparentemente tão simples, de dois americanos perdidos em Tóquio e no mundo, descobre a profunda mensagem que Sofia nos quer fazer perceber: um olhar, uma atitude, um pensamento, e uma final mensagem imperceptível ao ouvido dizem tanto mais que um desabafo. Coppola não só é hábil escrever personagens e a filmá-las, como também em 100 minutos nos faz pensar e interiorizar aquilo que sabemos, mas não exteriorizamos. Lost In Translation não é um filme fácil. Mesmo. É um pequeno enorme filme, parte dos meus indispensáveis. Se quatro nomeações e um Óscar nas categorias principais para um filme com um orçamento irrisório não são explicativas, então não sei o que será.



Marie Antoinette (2006)
Adaptações ao cinema da última Rainha de França, foram mais que muitas. Como esta, não houve nenhuma. Não que tenha sido melhor ou mais explicativa que as outras, mas sem dúvida irreverente na abordagem. Um retrato fiel, porém anacrónico, da corte francesa entregue a luxos desmedidos enquanto o povo morria à fome. Coppola abordou a vida da rainha não tanto como a déspota irresponsável que foi, mas mais como mais uma das culpadas, vítima de uma corte decadente e de uma educação alheia à realidade.
Não é uma lição de história que Coppola nos quer dar; é um retrato intimista de uma grande figura que até hoje nos fascina.

Com um pequeno grande repertório como este, só é de esperar que a próxima obra da autora, seja de igual calibre.

2 comentários:

Tomaz Mesquitella disse...

Para comentar, dividi o teu post em 3... os 3 filmes. Tou é tramado porque so conheço o do Maria Antonieta (etás responsável por me mostrar os outros 2).

Falando daquele que conheço, estou de acordo contigo. É um filme muito bom e, apesar de parecer muito light, demonstra a verdadeira Maria Antonieta. Uma realidade que nos esquecemos. Mostra que ela era uma miúda nascida no Império mais poderoso do Mundo e só sai para se casar com o dauphin de França. Uma miuda que recebe nas costas a responsabilidade de manter a paz entre as 2 superpotências. Uma miuda que casada com um homem que nao lhe gerava um filho - situação essa que poderia provocar a nao consumação do casamento e talvez a primeira grande guerra mundial.

Não é à toa que Maria Antonieta é das personagens da história com grande interesse e cuja vida suscitou a mais diversas opiniões.

Sofia Coppola mostrou, de uma forma pouco chocante, a vida de uma rapariga de 16 anos normal como muitas que nao estava preparada para o jogo politico mundial e caiu na desgraça de vingança e despreocupação.

Parabéns por teres reparado!

Anónimo disse...

Para o Mesquitella não se sentir sozinho, resolvi deixar também o meu comentário sobre o filme da Maria Antoninha!
Quando num jantar, num café, numa fila pó eléctrico etc, a conversa vai parar a cinema, este é daqueles filmes que vem sempre à baila. A opinião geral é que ou se odeia ou se adora! E eu pergunto: então e aqueles que, tal como eu, adormeceram grande parte do filme?! Onde se enquadram??
Meus caros, peço desculpa por ser do contra mas achei o filme uma ganda bosta! Uma palhaça, se preferirem!
Talvez seja porque não faz minimamente o meu género, talvez eu não possua destreza intelectual suficiente para captar a ideia da coisa... Mas p mim há por aí filmes tão bons, tão bons que este deixa muito a desejar!