O Dialecto está de cara lavada. Quer dizer, primeiro que tudo, não tem cara para lavar, tem uma imagem a renovar. Talvez não tenha passado tempo suficiente para justificar esta alteração, mas achei que, em todo o caso, o devia fazer. Fiel ao seu nome, e à minha missão, o dialecto continua a palrar as suas baboseiras, sujeitas e ansiosas de críticas, por crescer ser o mais importante. A linguagem é a mesma(não cedo ao acordo), os assuntos são os do costume, os leitores esperam-se ser os mesmos, e com sorte outros tantos que consiga entusiasmar.
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terça-feira, 23 de junho de 2009

Marca de Servidão?

Sendo a França o país da Europa (ocidental) com maior população muçulmana, não parece de todo descabido que, mais cedo ou mais tarde, o Presidente Sarkozy viesse afirmar publicamente que a marca de servidão que a burqa islâmica representa não será bem vista.
Se o teor e o conteúdo deste discurso feito em Versalhes foi o mais oportuno e sensato, num estado democrático que é um puzzle de etnias e religiões, deixo a quem mais capaz de julgar é, de o fazer.
Por outro lado, a discussão que vem subjacente a este assunto parece ser a de encarar a burqa como o tal símbolo de marca de servidão, ou não. O que é facto, é que a burqa, como todos sabemos, tapa por inteiro o corpo da mulher e, não sendo esta tradição islâmica tão rara, também não é de espantar que as mulheres vivendo num outro país, não mantenham as tradições nas quais foram educadas. O argumento de Sarkozy de que a indumentária é um símbolo de rebaixamento e de servidão, é claramente lógico e fundado (por não nos acharmos tão discordantes desta visão) isto porque julgamo-la à luz dos nossos costumes ocidentais. Claro que enquanto familiarizados com os costumes e organização sócio-cultural destes países sabemos que de facto, é o que tal símbolo representa, mas tal discurso vem relembrar a polémica de 2004, quando o governo francês aprovou uma lei que proibia o uso de símbolos religiosos nas escolas. Esta pseudo-política de laicidade acaba por proibir que certos costumes que têm séculos de existência se mantenham, em nome de uma igualdade física, que parece suplantar a liberdade religiosa que todos têm e que universalmente se defende.
É realmente a burqa uma marca de servidão? O tal símbolo de rebaixamento da mulher que deve a todo o custo ser abolida, ou, por outro lado, um símbolo de uma religião que assenta na tradição? As muçulmanas em países ocidentais não se querem forçosamente iguais, de aspecto, às restantes. Mas não será certamente uma lei que proíba o uso de burqas que as emancipará. Esta não é uma questão para qual haja uma solução ou um argumento que seja líquido e aceitavel a todos. A subjectividade inerente à escolha religiosa e a profissão da mesma, é entendida de maneira diferente por certos grupos, e como tal, uns achar-se-hão a concordar com a efectida proibição, outros com a aceitação.

Giza Port

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