O Dialecto está de cara lavada. Quer dizer, primeiro que tudo, não tem cara para lavar, tem uma imagem a renovar. Talvez não tenha passado tempo suficiente para justificar esta alteração, mas achei que, em todo o caso, o devia fazer. Fiel ao seu nome, e à minha missão, o dialecto continua a palrar as suas baboseiras, sujeitas e ansiosas de críticas, por crescer ser o mais importante. A linguagem é a mesma(não cedo ao acordo), os assuntos são os do costume, os leitores esperam-se ser os mesmos, e com sorte outros tantos que consiga entusiasmar.
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sábado, 31 de janeiro de 2009

Prox

É fim de semana, o tempo está de fugir, as pessoas fogem para casa. Vê-se televisão, joga-se, fala-se, dorme-se e tudo o mais. Apesar de mal poder esperar pelo calor, gosto do inverno porque aproxima as pessoas. Não falo só da proximidade física que pesa muito, mas também da de espírito. Terá, decerto a maior das influências ter vivido num país com temperaturas negativas constantes, mas o que noto é que não obstante as ruas estarem desertas, as pessoas procuram-se, encontram-se e agarram-se. É normal ao ser humano procurar companhia, proximidade e calor, mas esse é expresso não só em palavras, como em gestos, olhares e atitudes.

É favor não encarar esta explicção só no seu sentido mais literal, mas também no que lhe subjaz. A aproximação do calor e do frio, faz-nos concluir instintivamente pela atracção ou pelo afastamento, mas o que nos une ou repele, não são as circunstâncias exteriores, mas antes o centro do que nos move. Reacções, atitudes, por mais inatas e impulsivas que nos pareçam, estão lá por alguma razão. O afastamento para o frio e o regresso para o calor, a distância e a próximidade, a conversa e o silêncio, o desvio e o olhar, a percepção e a ignorância. Aprendemos, moldamos, crescemos e vivemos. O dia está frio e chuvoso, mas nós não estamos.

I Can´t

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

PPP REF


Alguém me explica porque é que alguém que odeia economia, contas e afins, se mete a fazer um trabalho final (com discussão oral) sobre Reposição do Equilíbrio Financeiro?
O que sei é que amanhã vou ter a certeza que me f..., desculpem, lixei com esta esperteza.
Seja o que Ele quiser!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

No!!!

I figured you were gonna spend the holiday with Stan and the kids?
Whoaa? NOOO!

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Bandas Sonoras: Redux

Hoje permito-me ter outro devaneio sobre música. Os outros foram curtos, directos e não explicativos, no sentido em que não me perdi nas razões pela qual uma música concreta despertou a minha atenção. Agora, faço-o da maneira subjectiva, porque tão majestosa e rica expressão musical merece não só o meu tempo a escrever, como o vosso a ler, se assim o entenderem.

Quem me conhece, e aos meus gostos, sabe que sou um melómano. Para mim a música é mais do que um passatempo, é uma companhia, uma parte de mim, sempre presente: tão fundamental. Não há um género de música que não goste, pois em todos há aquele sentimento de possibilidade de persuadir-me a descobrir. Tenho é mais afinidade por uns do que por outros. Há afinidades, há preferências e há eleições. Música instrumental é sem dúvida a minha (talvez por estar ligada a outra coisa que tanto me diz - o cinema) mas o que é verdade, e como alguém que tenho na maior das considerações sempre me disse: "Como é que isto não é mais conhecido?".

Somos todos os dias bombardeados com músicas comerciais simples e descartáveis: ao acesso do comum mortal, e do ouvido fácil e preguiçoso. Não posso apontar o dedo com crítica negativa, pelo simples facto de que cada um é como cada qual e não é justo defender que as minhas escolhas são as de qualidade, e todas as outras, inválidas. Se todos partilhassem da minha visão, ou melhor do meu ouvido, tavez se perdesse aquela mística tão secreta, tão secundária, tão profunda, e tão sua, como a que temos acesso nas partituras de que falo.

Tenho a maior das dificuldades ao tentar eleger uma música como minha preferida. Tenho várias, que pelas mais diversas razões me dizem muito, quer pela sua qualidade ser auto-explicativa, quer por estar (por bónus) associada a alguém que me diga tanto. Trevor Rabin, John Powell, Steve Jablonsky, Craig Armstrong, James Newton Howard, Hans Zimmer, Mark Mancina, Mark Isham, Brian Tyler. Todos eles são responsáveis por alguns dos melhores momentos que passei sozinho ou acompanhado pela sua música. Se me obrigar a fazer uma compilação, logicamente que tenho que isolar o que me apetece ouvir, e ao fazê-lo, tanto fica de fora. De uma forma ou de outra, qualquer que seja o tema, os violinos, a percussão, o sintetizador estão sempre presentes. Pouca gente faz uso de violinos como John Powell (To The Roof -3:00 a 4:40) ou Craig Armstrong (The Flower). O primeiro está a criar um género em que junta a percussão aos violinos de forma frenética, que cada vez mais é descaradamente copiada, mas nunca igualada (veja-se Physiux) o segundo usa violinos de uma forma mais emblemática e exagerada, mas tão perfeita (Opening).
A música é muitas vezes, senão todas, associada pessoas e lugares. Eu não sou excepção, aliás, tenho prova viva disso. Há as que nos lembram uma corrida pelas dunas (My Name Is Lincoln), uma memória (Vantage Point) uma saudade (Optimus) um fim de tarde (Poseidon) um caminho (Xibalba)um pôr do sol(Glory Road), um cruzeiro(Egypt Is Yours For Only One Day) um futuro (Halls Of Dalmorgan), Praga (Prague), uma cena monumental (Elegy For Dunkirk).
Se me fosse a perder pelo que cada música da minha vasta colecção me diz, e àquilo que me associa, não havia post que chegasse, nem paciência vossa que aguentasse.

Muita gente associa música a estados de espírito. Não é uma ideia de todo descabida nem infundada. Percebo quem não queira ouvir certas músicas, por associá-las à chamada fossa. Uma música melancólica (Together We Will Live Forever), não nos mergulha num marasmo, a mim, pelo menos, faz-me desfrutá-la e querer descobrir mais detalhes.
Por mais tempo que tenha tido para escrever este post, sinto que ficou tanto de fora. Tanto que queria falar e exteriorizar, é por isso que não considero este devaneio como uma dissertação final, muito menos fechada. A ela voltarei, porque a música nasceu comigo, e aqui ficará, para o bem e para o mal.

Mais uma música

Hoje, ao percorrer o meu iTunes, tinha uma pasta que criei com as minhas 25 músicas preferidas. Em 12º lugar estava este Thnks Fr Th Mmrs.
Os Fall Out Boy ficaram conhecidos por dar nomes estranhos às suas músicas. Um dia a editora queixou-se que os títulos eram excessivamente longos e, como resposta, o primeiro single pós-queixa foi este Thnks Fr Th Mmrs.
Não sou especialmente fã deles, mas esta é de facto muito muito boa, e plenamente justificada como uma das (minhas) 25 melhores.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Óscars: Os Nomeados.


Foram ontem anunciados os nomeados à 81ª edição dos Óscars da academia. Surpresas não as há, e para quem acompanha as cerimónias que servem de barómetro para os Óscars, muito menos. Temos pena que chegados a esta altura, por questões de marketing e outras de reconhecimento, temos pouco tempo para ver com calma os filmes nomeados às categorias principais.

Na frente dos nomeados estão O Estranho Caso de Benjamin Button(13) e Slumdog Millionaire(10). O primeiro vi, e adorei, o segundo quero confirmar se todo o hype é justificado. O resto das nomeções é distribuida sem grandes surpresas, quer para os filmes, quer quanto ao que representam. Que quero dizer com isto? Todos os anos, acabam nomeados aos óscars filmes tão iguais. Há actores finalmente reconhecidos, há surpresas e há ausências. Como está tudo distribuído este ano? Os arrebata nomeações Benjamin Button (pleanamente justificado, se bem que muito óscar friendly); Slumdog Millionaire (o êxito de crítica, que pode vir a ser justificado); dramalhões (Rachel Geeting Married, The Reader, Revolutionary Road) controversos (Milk; Doubt) comerciais (Batman: The Dark Knight) políticos (Frost/Nixon).

Hollywood adora um actor renascido das cinzas, e mais ainda recompensá-los. Este ano pode fazê-lo a dois: Mickey Rourke (mais que renascido, a palvra é ressuscitado) e Robert Downey Jr. (por Tropic Thunder??). Adora também enfiar para lá um dramalhão verídico de vão de escada, não está, ou por outra está o seu "fazedor", Ron Howard, desta vez a fazer uma coisa boa, muito boa até: Frost/Nixon um pequeno grande filme.

Depois há sempre os ausentes. Woody Allen conseguiu lá pôr Penélope Cruz num papel inacreditável como representante do seu melhor filme desde há muito (Vicky Cristina Barcelona), mas parece que não só já não é cool gostar de Woody Allen, como também já vai sendo um mal amado pela academia nos anos que correm (excepção feita a Match Point.) Baz Luhrman, matou-se por Austrália, fez um belo épico, com Nicole Kidman e Hugh Jackman a cativarem-nos. Ela foi pura e simplesmente ignorada, ele vai apresentar a cerimónia, em representação do filme, contentado com uma só nomeação.

Não foi surpresa a nomeação Heath Ledger, muito menos vai ser a vitória. Surpresa também não foi a presença na lista dos nomeados do casal Brangelina.

Faço questão de à medida que for vendo os filmes, os comentar brevemente. Vai ser uma ensaboadela de cinema, mas esta é a sua época, e quem gosta, está já a na contagem decrescente para a directa do ano.

Lista Completa dos Nomeados:
http://www.imdb.com/features/rto/2009/oscars
(NOTA: Os nomes e títulos a bold são links)

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Tempo

Na rua, estava chuva molha parvos.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

O Urso

"O sol nasce,
a bicicleta anda,
o lobo uiva,
o urso panda"

Manel Gama

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

O Curioso Caso de Benjamin Button


Há casos curiosos no cinema. David Fincher não seria a pessoa que eu imaginaria a realizar uma história destas. É inevitável olharmos para este filme e imaginar que Tim Burton nasceu para realizar todo este tipo de histórias, talvez por nos termos habituado a fomentar a ideia que poucos filmam e contam histórias como ele.
Seja como for, David Fincher cria algo de só seu e de tão comum nesta história.
Comecemos pela escolha na tradução do título: o caso de Benjamin Button é de facto mais curioso que estranho. Estranho associamos a histórias que se queiram verosímeis. Esta história está longe de o querer ser. Quer passar a ideia da efemeridade de tudo. A partir do momento em que Benjamin Button tem capacidade para se aperceber do que o rodeia, vai-se habituando à ideia de que todos os que conhecem irão desaparecer. A única coisa que lhe foi eterna foi Daisy, que fica consigo em pensamento sempre, e fisicamente até ao último momento. Até quanto a este ponto, Fincher subtilmente, nos mostra que a tempestade anunciada durante todo o filme está para chegar. A relação de duas pessoas que crescem antagónicamente está destinada, obviamente, a ter o seu pico no cruzamento a meio caminho (tal como grande parte das cenas importantes, têm lugar numa esquina).
O Estranho Caso de Benjamin Button é realmente curioso. Na forma como é filmado, actuado, escrito e pensado. Faz-nos pensar. Faz-nos entrar na história com um suspension of disbelief que, afinal de contas, é isso que o cinema nos deve fazer.

The Bless America wants


Hoje é o último dia de Bush na Casa Branca. Ao fim de dois mandatos, o 43º Presidente dos Estados Unidos abandona o cargo com a mais baixa taxa de de aprovação de sempre, mesmo a de Richard Nixon, que se demtiu após escândalo de Watergate.
É curioso, de facto ver como os americanos e o mundo reagem à mudança. Esta que, logicamente, afecta também o mundo porque não obstante muitos dizerem que a América já não é dona do mundo, mas que é uma potência sem rival, a verdade é que acaba tudo por ir ter ao mesmo.
Longe de mim estar a querer salvar a manchada reputaçao de Bush, mas o que é verdade é que toda a figura de Barack Obama, e a sua entourage está a ser encarada com um exagero de bradar aos céus. Que sorte que a América tem, por amanhã, numa manhã de nevoeiro, chegar o seu Desejado Dom Sebastião.
A diferença racial; um é democrata outro republicano. Tudo são pontos que foram abordados na campanha, e a esquerda regressou ao poder, para tentar remediar o que Bush fez, mas que Clinton criou. Vamos ver se Obama terá o pulso firme que promete ter, para que a lenda e o hype sejam justificados.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Wireless


Passaram 2 semanas desde que tentei instalar wireless em minha casa. Os telefonemas foram aos milhares, os empregados da Zon mais uma vez mostraram a sua incompetência quer ao telefone, quer na loja, até foram precisos dois routers.
Ah, como se não bastasse, também já tenho certificado de acesso à wireless da Católica. Será que uma comunicação destas merece um post? Talvez não, mas para mim foi um feito; além de que tenho etiquetas que identificam cada post, e este é mais um para o monte dos "para encher".

Não Há Direito!

Na passada terça feira, noticiei aqui o caso do homem que em pleno Tribunal da Figueira da Foz, cortou o próprio dedo com um cutelo, em sinal de protesto à decisão de expropriação de um seu terreno.
Hoje, em pleno desabafo com a Dóna Fátima Lopes, Orico Santos (de sua graça) queixa-se que tudo isto é uma vergonha, e de que há de fazer justiça...pelas próprias mãos, quer-nos parecer!

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Irrecorribilidade

O que um mau exame nos faz pensar. Somos seres insatisfeitos, grande parte de nós, pelo menos. Entramos para a escola, queremos dar-nos com os mais velhos, e estar uns anos a acima. Chegamos ao segundo ciclo e queremos ser rebeldes como os do liceu. No liceu estamos na rampa para a faculdade, sinal de autonomia e realização máximas. Chegamos à faculdade, tudo é um entusiasmo, até ao dia que nos começamos a fartar de tudo aquilo, não querendo nada mais do que começar a trabalhar, ser donos de nós, do nosso dinheiro da nossa independência.
É certo que quando lá chegamos, damos por nós a querer voltar para trás. Deixamos verdadeiramente de ser patrões de nós próprios, de poder fugir para a praia a qualquer hora do dia ou da noite; de andar pela cidade; não fazer nada, e fazer tudo, enfim, sermos verdadeiramente donos de nós.
Será que a nossa vontade de termos a nossa própria casa, as nossas viagens, é directamente proporcional às desvantagens de deixarmos de ter a liberdade de estudantes? As vantagens monetárias serão compensatórias?
Enfim, a nulidade dependente de arguição do 120, nº2 d) a propóstito do despacho do Debate Instrutório, não merece mais importância do que a que lhe estou a dar, mas faz pensar.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Nada a dizer.

"The Only Moment We Were Alone" - Explosions In The Sky

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Insólito!

Em pleno gabinete da juíza, no Tribunal da Figueira da Foz, num processo de execução, um homem cortou um dedo com um cutelo que trazia escondido, como forma de protesto à decisão da juíza.

O Melhor Emprego do Mundo

Retirado do site da TSF:
"Uma empresa australiana está a oferecer o melhor emprego do mundo, com apenas uma vaga. O candidato seleccionado irá receber um ordenado milionário e terá de viver seis meses numa casa de luxo em uma ilha paradisíaca e experimentar várias actividades, entre as quais mergulho e escalada. Terá também de manter um blogue actualizado com fotografia e vídeo."

Até que ponto é que podemos considerar isto um emprego? Não há ordenado, colegas, patrão é discutível, horários, deveres, direitos, não são iguais aos dos comuns mortais. Pareço quase um socialista sindicalizado, como estou longe disso, calo-me; mas que é um bom "emprego", isso é.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Austrália De e Por Baz Luhrman



Sete anos após Moulin Rouge, baz Luhrman regressa à cadeira de realizador, desta vez com um tema que lhe diz mais ainda que os anteriores: Austrália, a sua terra Natal. Como seria de esperar, todos os profissionais envolvidos, desde o elenco à equipa técnica são australianos, todos lutando para fazer o melhor para vender o seu país, contando uma história que nos faça lembrar que há mais lá que cangurus.

No filme, realmente há bastante mais que cangurus, resumido-se a sua intervenção a uma cena genial; mas não há tanto mais quanto seria de esperar. O que temos aqui é um bom filme, é verdade. Luhrman quer reviver, e fá-lo bem, todos os grandes clássicos da época de ouro do cinema, não plagiando ou imitando, mas prestando-lhes a devida homenagem. Aquilo a que Luhrman se propõe e não cumpre é fazer deste épico um acontecimento tão marcante e grandioso como os filmes que homenageia. A culpa não é de uma falta de ritmo, mas antes de uma decisão de que tipo de filme quer fazer e de como o filmar. A primeira meia hora, parece retirada dos excessos estilísticos de Moulin Rouge, que não têm aqui o encanto do musical, jogando antes contra o épico. Depressa Luhrman se redime e aborda a história como deve ser. Kidman e Jackman estão irrepreensíveis nos seus papéis (ela peca por algum overacting no início, mas lá se acalma) e o pequeno aborígene que é suposto comover-nos, tão depressa o faz isso mesmo, como o oposto. O factor místico/cultural associado à Austrália é o que mais vai distanciar o público da história. Acho bem que se mantenham na história todas essas características culturais do povo aborígene, mas chega a roçar o ridículo transformando uma cena impressionante (a da debandada do gado) num momento que até o mais transigente se vai ver desafiado a aceitar.

Austrália está longe de ser um mau filme. É um filme Bom. Mas não é bom filme suficiente que faça renascer os grandes roamances épicos, como tinha obrigação. Baz é capaz de bem melhor. Mais tempo dispendido no argumento e na contenção estilística tinham benificiado o filme, que ainda assim nos faz assistir por quase três horas a uma bela história, bem filmada, melhor representada e algo nostálgica.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Sofia Coppola: Um Resumo

Já tinha para mim que Sofia Coppola era uma cineasta de excepção. Há duas noites não sabia que filme rever, tirei um à escolha e saíu um dos meus preferidos: Lost In Translation. A propósito dele, lembrei-me de passar aqui em revista a curta mas bastante significativa carreira de Coppola, prova viva de que "filho de peixe sabe nadar", não tendo aproveitado as cunhas do pai, tornou-se grande por mérito próprio.

As Virgens Suicidas (1999)
O título não deixa ninguém indiferente, assim como o filme, que marca a primeira incursão da realizadora/ argumentista no cinema mainstream e que conta a história trágica das cinco irmãs Lisbon que vivem sob um tecto de regras e obsessionismo católico. O suicídio final (que não é obviamente surpresa) provoca em nós o mesmo fascínio que nos vizinhos. Por mais que conjecturemos hipóteses, Coppola cria-nos uma atmosfera de mistério e inocência de uma história não tão fora do vulgar quanto isso.






Lost In Translation (2003)
Não é exagero chama-lo uma pequena obra prima. Para quem se entregue a este filme, aparentemente tão simples, de dois americanos perdidos em Tóquio e no mundo, descobre a profunda mensagem que Sofia nos quer fazer perceber: um olhar, uma atitude, um pensamento, e uma final mensagem imperceptível ao ouvido dizem tanto mais que um desabafo. Coppola não só é hábil escrever personagens e a filmá-las, como também em 100 minutos nos faz pensar e interiorizar aquilo que sabemos, mas não exteriorizamos. Lost In Translation não é um filme fácil. Mesmo. É um pequeno enorme filme, parte dos meus indispensáveis. Se quatro nomeações e um Óscar nas categorias principais para um filme com um orçamento irrisório não são explicativas, então não sei o que será.



Marie Antoinette (2006)
Adaptações ao cinema da última Rainha de França, foram mais que muitas. Como esta, não houve nenhuma. Não que tenha sido melhor ou mais explicativa que as outras, mas sem dúvida irreverente na abordagem. Um retrato fiel, porém anacrónico, da corte francesa entregue a luxos desmedidos enquanto o povo morria à fome. Coppola abordou a vida da rainha não tanto como a déspota irresponsável que foi, mas mais como mais uma das culpadas, vítima de uma corte decadente e de uma educação alheia à realidade.
Não é uma lição de história que Coppola nos quer dar; é um retrato intimista de uma grande figura que até hoje nos fascina.

Com um pequeno grande repertório como este, só é de esperar que a próxima obra da autora, seja de igual calibre.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Malho

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Reviver O Tal Canal!

Após várias reposições e pedidos, finalmente houve o bom senso de editar em DVD o Tal Canal. Salta à vista de todos que Herman José, já não é o que era, e o Tal Canal é a prova mais óbvia. Pode ser um cliché dizer que ele é o maior comediante do nosso país, mas é verdade que o é; se nos formos a lembrar de grandes momentos cómicos de Televisão, o Herman esteve presente na esmagadora maioria deles. Eu próprio sou daqueles que foge a sete pés de ficção portuguesa, mas o que é verdade é que o Tal Canal tinha actores extraordinários, capazes do melhor quando bem dirigidos.

O que faz do Tanal assim tão bom é que acima de tudo era uma sátira da televisão portuguesa dos anos 80 e tinha muita comédia non-sense. Informação 3, O Tempo dos Mais pequenos, Jaquina Jaquina Jaquina, Cozinho Para o Povo e especialmente o Diário de Marilú, eram todos eles irrepreensíveis. Agora que já revisitei a série, sou um fã ainda maior. Aconselho todos a fazer o mesmo, para ver o humor português na sua melhor forma.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Batman e os Óscars

O Cavaleiro das Trevas, foi indiscutívelmente um dos filmes mais marcantes deste ano que passou. Veio redefinir a abordagem ao género dos super-heróis, aumentou claramente a fasquia estabelecida no filme anterior e esteve envolto em polémica, quer por ter sido o filme final de Heath Ledger, quer por ameaçar seriamente Titanic como o o filme mais rentável de sempre. Mas será que na época de prémios que agora começa vai ser devidamente recompensado, ou ignorado como foi o caso de tantos outros marcos do cinema que ficaram a ver passar navios?

Se as nomeações para outras cerimónias forem indicadoras de alguma coisa, então Batman não está na melhor das posições; tem sido quase universalmente ignorado noutras categorias que não a de Melhor Actor Secundário. Ainda que os críticos de renome pelo mundo fora, coloquem o filme no topo das suas listas, não deixa de ser frustrante que não tenha, por enquanto, o reconhecimento merecido (nas referidas cerimónias, claro).

É certo que o género do filme normalmente não tem este tipo de reconhecimento nas cerimónias de prémios (exceptuando as categorias técnicas), mas os elogios que o filme tem recebido, claramente ultrapassam esse "handicap". A própria abordagem de Nolan à história é a de criar um homem normal (ou talvez não) numa sociedade mergulhada em anarquia. Para quem viu o filme, sabe tão bem como eu, que não parece que estamos a ver um filme de super heróis tal como os que chovem todos os anos; antes um thriller dentro do 'crime-genre', muito longe da abordagem gótica de Tim Burton, e mais ainda do carnaval de Joel Schumacher. Circularam ainda teses, a meu ver ridículas, de que o filme é neo-conservador passando o lema de "some men just want to watch the world burn", e de compararem o próprio Batman a George Bush. Todas estas politiquices podem justificar a ausência de nomeações, que parecem só funcionar para alguns temas, razão pela qual os prémios da academia (que nelas mergulham e na mais das vezes, as fomentam) têm caído em descrédito ou indiferença.

Imune a tudo isto parece estar a prestação de Heath Ledger, malogrado actor que certamente vai ver o seu papel de Joker nomeado pela Academia. Quanto a esta questão, podemos perguntar-nos se a razão de ser desta quase certa nomeação se deve a questões políticas e polémicas, se a um verdadeiro mérito. A primeira hipótese pareceria justificar-se pelo facto de a academia ter tendência a fazê-lo, ou pelo menos por que convêm fazê-lo; mas admitir isso seria desacreditar o valor do actor e do seu papel, o que seria a injustiça maior, já que é ele mesmo que ajuda a elevar o filme tão alto.

Seja como for, qualidade ao filme, ninguém tira. Reconhecimento pelos entendidos, pode não vir a ter, mas o público pode vir a fazer justiça quando agora em Janeiro voltar às salas de cinema, e suplantar, ou pelo menos ameaçar Titanic como filme mais rentável de sempre, nos EUA pelo menos, faltando-lhe apenas 30 milhões de dólares, valor nada complicado de auferir.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Oferta Única


Comprei ontem a revista automagazine. Vinha plastificada, e com um autocolante a dizer que tinha como oferta a revista Super Interessante. O que é realmente super interessante é que esta revista de oferta é de Dezembro de 2007.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Balanço de um Ano

Outro ano acaba. Foi um ano melhor? Pior? Igual? Medindo-o em eventos, foi um ano marcante. A crise instalou-se a nível mundial, a América elegeu um novo presidente, os combustíveis flutuaram. Não foi um ano bom, mas já tivemos pior, e é por isso mesmo que acho que não podemos ser ingénuos ao ponto de acreditar que virá um ano sem acontecimentos negativos marcantes que nos faça concluir, mais uma vez “que não há memória de um ano assim”.
Olhando para trás, tentando definir este ano, vejo-o como um ano de chegadas e um ano de partidas, um ano de ganhos e perdas, de alegrias e tristezas.
É inevitável que, ao recordar um ano, não nos lembremos do bom e do mau, do que ganhámos e do que perdemos. 2008 foi o ano em que uns amigos chegaram e outros partiram, dos que se ausentaram e dos que regressaram.

Foi o ano em que vi a minha família aumentar (ao ser tio pela segunda e terceira vez no espaço de um mês), e diminuir ao ver partir o meu primo-irmão Pedro e ter, para querer manter, amigos fora de série.
Tive a alegria de a tarde e más horas ter acabado o meu curso, e começar o meu mestrado; a sorte de passar duas semanas a correr o Egipto de Norte a Sul; a habilidade de manter o carro dos meus sonhos e a percepção de que aos 24 tudo isto não é tão fora do normal, apenas forte e marcante.