O Dialecto está de cara lavada. Quer dizer, primeiro que tudo, não tem cara para lavar, tem uma imagem a renovar. Talvez não tenha passado tempo suficiente para justificar esta alteração, mas achei que, em todo o caso, o devia fazer. Fiel ao seu nome, e à minha missão, o dialecto continua a palrar as suas baboseiras, sujeitas e ansiosas de críticas, por crescer ser o mais importante. A linguagem é a mesma(não cedo ao acordo), os assuntos são os do costume, os leitores esperam-se ser os mesmos, e com sorte outros tantos que consiga entusiasmar.
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quinta-feira, 29 de julho de 2010

Mr. & Mrs. Falhanço - Knight and Day

Comparar Knight and Day a Mr. and Mrs. Smith não só é, por um lado, inevitável, como por outro, um insulto; não que o filme de Angelina Jolie e Brad Pitt seja uma obra-prima, mas enquanto Blockbuster de comédia/acção cumpriu inteiramente a sua missão, enquanto que Knight and Day falha em toda a linha.

Não só é grave que com tantos exemplos falhados neste género, não haja um mínimo cuidado aparente de preocupação em não cometer os mesmos erros, como aumenta-os. As cenas de acção, para além de completamente desprovidas de garra, são inverosímeis e risíveis; o argumento, se é que podemos dizer que há é esquemático e sensaborão e as cenas de comédia são ineficazes com Cruise a tentar explorar um dom que claramente não tem.

O filme consegue até desperdiçar os locais onde foi filmado; Salzburgo, Sevilha, Nova Iorque e a Jamaica (que numa cena rídicula faz-se passar pelos Açores).
Se no papel e até pelo elenco envolvido este parecia um bom projecto, na prática revelam-se as fragilidades passados dez minutos, porque o interesse que o espectador tem pelas personagens e pelo enredo é nulo. Tom Cruise chegou àquele estágio em que Knight and Day seria o tira teimas da sua viabilidade enquanto estrela de acção. Considerou-se, inclusivé, não o chamarem para o quarto filme de Missão Impossível. Acho que não devemos ser tão extremistas; que Knight and Day é um filme mau, é. Daí a inviabilizar a carreira dos envolvidos é tão descabido como o filme em si.

Bull Run

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Incepção da Perfeição - Inception

Inception - A Origem é uma obra prima. Christopher Nolan faz aquilo que qualquer cineasta com uma temática inverosimil entre mãos deve fazer: cria um interesse generalizado na história que vai além da história central. Inception é não só um filme estilisticamente irrepereensível, como intelectualmente desafiador - a natureza dos sonhos, o poder de criação do subconsciente e o impacto que têm no universo real.
Para quem não viu o filme a descrição pode ser feita em poucas frases, ou mesmo em nenhuma. Esquematizar o enredo retira o próprio objectivo do filme, da mesma forma que saber o final de antemão não serve de nada, pois não há um elemento-chave que lhe retire o interesse. Inception aborda a natureza inexplicável dos sonhos, o elemento que por vezes nos distancia da percepção da realidade.
Antes de ser uma historia individualmente original e inovadora, não a podemos dissociar do contexto da obra de Nolan em que se insere. Tendo em mente que Nolan fez renascer o universo de Batman, não explicando aquela atmosfera, mas humanizando as personagens, dotando-as de sentimentos, raízes e motivações. Com Memento, Prestige e Inception, Nolan fez às personagens exactamente o mesmo criando-lhes um universo emocional próprio, autónomo da história em que se inserem.
O eficaz e interessante tema do passado, presente e futuro, embora omnipresente, não é usado como manobra cronológica na história; as personagens vivem no agora, ainda que paralelo. Se a ideia de "A Origem" foi concebida há dez anos, e desenvolvida desde então, só mostra a complexidade do tema e a quantidade de detalhe necessário. Não acho que demoraremos outros dez anos a arranjar uma explicação consensual para o filme, porque não a há. O cliffhanger em que Nolan nos deixa serve exactamente para isso: para ficarmos no mesmo ponto que estamos num sonho, um estado de dúvida permanente, com laivos de realidade e fantasia que, em doses variáveis, nos dá maior ou menor certeza.

Mombasa

segunda-feira, 19 de julho de 2010

O Realizado Fantasma - The Ghost Writer

A claustrofobia patente neste Ghost Writer é apropriadamente encenada para um conjunto de personagens que têm a sua autonomia, movimentos e até pensamentos condicionados. Não soubessemos nós já, de antemão, que o talento de Polanski é mais do que suficiente para nos inserir nesse ambiente claustrofóbico, seria justo, senão mesmo inevitável pensar que tal eficácia só podia espelhar os problemas reais dele próprio, tão paralelos como os do ex-Primeiro Ministro da história.

Os problemas legais de Polanski correram as bocas do mundos nos últimos anos, atingindo o seu pico com a detenção do realizador em Zurique, e a sua recentíssima libertação, que veio lançar mais achas a uma fogueira, de si só desmesuradamente ateada. Polémicas à parte, o que é complicado, não posso deixar de apontar que Ghost Writer foi um Óasis num deserto cinematográfico que não mostra muitos sinais de mudança. Temos saudades de um enredo que nos cative, de personagens que nos intriguem e de desenvolvimentos que nos obriguem a pensar ajudados por uma mise en scéne cada vez mais rara nos dias que correm, e um pulso firme na câmara, que Polanski mostra continuar a ter, não se deixando seduzir pelas maravilhas da tecnologia, apenas munindo-se delas para criar um filme esteticamente irrepreensível, para um conteúdo que exigia tal tratamento.

Temos pena que Pompeii, o afamado e pretensioso projecto de Polanski tenha sido posto na prateleira indefinidamente, mas se Ghost Writer foi a obra que nos deu em substituição, não podemos nem devemos ficar desiludidos,seja de que modo fôr.

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terça-feira, 13 de julho de 2010

Let Go

Adoro quando isto acontece. Redescobri, por acaso, uma música que associo ao meu Verão de há 3 anos.
A razão porque não me tenho lembrado dela ultimamente, ultrapassa-me, mas este Let Go dos Frou Frou, não pode continuar esquecido.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Florence ex Machina

O concerto da Aula Magna foi um presságio mais que evidente. Florence Welch começava a criar em Portugal um pequeno culto. Agora, no seguimento da edição de 2010 do Optimus Alive, da qual Florence fez parte no primeiro dia, restam poucas dúvidas que foi uma das presenças mais fortes, e dos concertos que mais atraiu e conquistou.
Honestamente, por ser um reconhecido fanático do seu primeiro álbum, Lungs, tive medo que o concerto viesse a desiludir. Quase não havia razão para isso: a opinião de quem esteve no concerto da Aula Magna foi unânime e positiva.

De facto não tinha eu fundamento. Quase nenhuma das músicas resultou em palco da mesma maneira que no CD, mas a presença e a qualidade de Welch, a superioridade do material e a rendição absoluta do público fez deste um concerto à parte. Num dia em que o programa era o mais forte e coeso do festival (apesar de XX ser muito, muito bom não se enquadrava num seguimento destes) Não foi díficil eleger o concerto mais completo, forte e satisfatório que este.

Florence + The Machine claramente aumentou o número de seguidores a 8 de Julho, com merecido fundamento que justifica quer a passagem para palcos maiores, quer eventos isolados.





Florence + The Machine - Cosmic Love

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Os Dias de Cão Acabaram

Há momentos em que paramos para avaliar se as paixões às quais dedicamos todo o nosso interesse, fulgor e paixão estão a desvanecer. Como tudo, é variável. Alturas há em que a obsessão é tanta que não achamos possível transmitir o quanto gostamos ou admiramos qualquer espécie de arte. Noutras, damos por nós a diminuir o entusiasmo, ainda que inconscientemente. O Cinema não está a desaparecer dos meus interesses, nem tão pouco a afastar-se das minhas prioridades; mas num ano em que a vontade de ir ao cinema é pouca porque quase nada lá nos chama, dou por mim a realizar que passaram quase 3 semanas desde a última vez que fui. Numa semana em que estou em anttecipação para ir ver Florence + The Machine ao Optimus Alive, vejo, pela primeira vez, o trailer do novo filme de Julia Roberts, Eat, Pray, Love. Se a história não parece tão fora do vulgar, já o trailer é. Dog Days Are Over, segundo single de Florence + The Machine serve de acompanhamento às imagens e assenta que nem uma luva. Nesta época pré férias de verão, e com a excepção de Inception e Knight and Day, este é o único filme mainstream que tenho vontade de ir a correr ver.