O Dialecto está de cara lavada. Quer dizer, primeiro que tudo, não tem cara para lavar, tem uma imagem a renovar. Talvez não tenha passado tempo suficiente para justificar esta alteração, mas achei que, em todo o caso, o devia fazer. Fiel ao seu nome, e à minha missão, o dialecto continua a palrar as suas baboseiras, sujeitas e ansiosas de críticas, por crescer ser o mais importante. A linguagem é a mesma(não cedo ao acordo), os assuntos são os do costume, os leitores esperam-se ser os mesmos, e com sorte outros tantos que consiga entusiasmar.
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quarta-feira, 24 de março de 2010

terça-feira, 23 de março de 2010

Sécondieme

Não tenho noção de qual é o número estimado de leitores mensais da revista Premiere, única e fiável revista de cinema em Portugal. Desde 1999 (com uma interrupção de quase um ano) que sou assíduo leitor desta revista, tendo guardado e lido cada número, como reconhecido vício de um vício.
Este mês, porém, a revista tardou em ser publicada; muitos, inevitavelmente pensaram, que tinha sido cancelada, ou então o atraso seria devido à cerimónia dos Óscares, que por razões de formatação, impressão e distribuição nunca é acompanhada no mesmo mês. Contrariando esse medo, as boas notícias chegaram: a revista não foi cancelada e a publicação tardia deveu-se, também, ao acompanhamento dos prémios da Academia.

Porém, essa razão não foi a única. Com um novo design, um novo alinhamento e uma nova equipa, este recomeço não descurou a paixão pelo Cinema. Estas são as boas notícias. As más, é que absolutamente nada estava errado com o formato antigo e, "entre secções que foram transformadas, outras que foram descontinuadas e outras que são inteiramente novas", nasceu uma revista que abdicou de tudo o que dava força à antiga edição e introduziu rúbricas que, não sendo desnecessárias, estão longe de superar ou mesmo compensar, as antigas.

Pelo que venho lendo, a opinião não é singular. Imagens desproporcionadamente grandes, textos comparativamente pequenos e vagos, poucas notícias, pouco entusiasmo. Acima de tudo, há aquela sensação de chegar ao fim da revista e perguntar "onde é que está o resto?". Sei que pode ser a minha década de habituação a um formato brilhante e internacionalmente harmonizado a falar, mas mesmo que se quisesse mudar ou refazer, então que se inovasse. O balanço final é exactamente o contrário.

Não perdendo, imagino, leitores, arrisca-se a que estes se sintam menos entusiasmados a correr para as bancas todos meses. Além do que noticiava e documentava, analisava com graça e inteligência, através de rúbricas bem pensadas e eficazes, a história, os factos e as notícias do cinema que todos os que compravam, adoravam.

Melhores dias virão, acredito, porque a expressão do público através da opinião ou da adesão, irá falar mais alto, para que ao menos a única publicação nacional concentre, como dantes o que mensalmente queremos e ansiamos ler.

The Painted Veil

domingo, 21 de março de 2010

O Primeiro Bom Sabor de Verão - Wolf Gang - The King and All Of His Men


Desesperados que estamos todos por um raiozinho de sol, ou um bocadinho de calor, basta um domingo como hoje, com um pôr do sol como há muitos meses não via, para utópicamente achar que o bom tempo chegou de vez. Como é óbvio que não chegou, ouço à exaustão o equivalente musical à boa disposição do tempo quente: Wolf Gang - The King and All Of His Men.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Videoclip do Limbo - The Lovely Bones


Como tomar posição face a um filme que tecnincamente é irrepreensível, tem um mestro do suspense a dirigi-lo, mas tem uma história tão banal e previsível que dava para contar em metade do tempo? Qualquer apreciador de cinema, à medida que vê este The Lovely Bones - Visto do Céu, tem perfeita noção que as qualidades do filme se devem unica e exclusivamente a Peter Jackson. Visualmente é um filme soberbo, numa versão Alice No País das Maravilhas com partes impróprias a menores de 16 anos. O limbo de Susie é extraordinário e encaixava soberbamente num videoclip; num filme de duas horas e meia acusa o cansaço e o alienamento.Digna de nota é a sequência da irmã da personagem principal a invadir a casa do assassino.
Não tendo a originalidade como móbil, a trunfo só podia estar mesmo na mensagem. Nem aí a vejo. The Lovely Bones é um filme excessiva e infundadamente pretencioso que nem um culto conseguiu reunir.

Alice - Cocteau Twins

segunda-feira, 15 de março de 2010

"Off With Her Heeeead" - Alice No País das Maravilhas

Era uma questão de tempo até Tim Burton deitar as mãos à obra de Lewis Carroll, "Alice No País das Maravilhas". Pode parecer cliché dizer isto, ou então falta de candidatos ao lugar, mas nos dias de hoje, qualquer história ou livro de temática fantasiosa ou gótica a "necessitar" de adaptação ao cinema, espera pelo incentivo de Tim Burton ou Terry Gilliam.
A história de Alice No País das Maravilhas faz parte do imaginário infantil de qualquer um, porque o insano mundo criado por Lewis Carroll é suficientemente eclético para angariar crianças pela sua componente infantil, e adultos que o encaram como um elaborado estudo psicológico.
A adaptação de Burton não é um remake, nem uma sequela, mas antes uma revisitação do mundo, que pela sua estrutura acaba por ser ambos. Mas a maior característica deste Alice é que Burton conseguiu a proeza de fazer o espectador sair do cinema sem saber se gostou ou não, tal como um sonho. As falas, o humor, os eventos e as personagens são de tal maneira non-sense que só num filme em que a própria personagem constantemente se pergunta se está num sonho ou não, fazem sentido. Mas feitas contas, Alice é um filme que vale a pena pelo que se vê, e não pelo que se ouve. O desvaire é típico de Burton e, portanto, irrepreensível (se bem que as suas antigas colaborações com Rick Heinrichs, eram bem melhores) tudo o resto é uma diversão adequada, numa linha pouco fiel à história original que tem no seu centro a apagada Mia Wasikowska no papel de Alice, e a irrepreensível Helena Bonham Carter como a rainha DE COPAS.

Alice and Bayard's Journey

sexta-feira, 12 de março de 2010

Every Fan Has His Day - John Powell - Green Zone


Ao contrário do que à primeira vista possa parecer, não é o quarto filme de Jason Bourne. O que muda é o cenário, e o nome da personagem principal. De resto, Matt Damon e Paul Greengrass, voltaram a fazer o mesmo. É esperar pela estreia desta semana de Green Zone, thriller de acção ambientado no Iraque.
Por enquanto, fico com o presente que John Powell tão raramente nos dá. Um desvaire de orquestração dominado por percussão e violino que hoje chegou "à minha mão" e que vou devorar sem parar.

terça-feira, 9 de março de 2010

Oscar Breakdown

"Longa" e "Sem Surpresas" foi a reacção quase unânime do público à entrega de Óscars de domingo à noite. A 82ª cerimónia era já à partida um evento de vencedores pré anunciados, à espera de um evento para oficializar o favoritismo. Com 6 Óscars, Hurt Locker - Estado de Guerra, dominou a noite em detrimento de Avatar que partindo com 9 nomeações, levou apenas 3 em categorias secundárias. Sem qualquer espécie de dúvida, esta edição ficou marcada pelo confronto entre estes dois filmes, mas no final, o que aconteceu foi uma batalha de David e Golias: Hurt Locker, filme independente e de baixo orçamento levou a melhor sobre a produção mais cara e rentável da história. Até na categoria de melhor realizador, Kathyn Bigelow, venceu levando a melhor sobre o ex-marido, James Cameron, que sentado no lugar imediatamente atrás, assistia à sua crecente derrota.

Se a cerimónia do ano passado chamou atenção de todos pela inovação, humor e entertenimento, a deste foi marcada pela longa duração, previsibilidade e falta de espectáculo. Ao contrário das opiniões que tenho lido, achei o humor da apresentação de Alec Baldwin e Steve Martin bastante adequada, se bem que por vezes retraída. O segmento de apresentação dos nomeados ao Óscar de melhor banda sonora foi realmente espectacular.
Por outro lado, ninguém consegue muito bem explicar a razão do segmento sobre os filmes de terror, a rapidez de Tom Hanks a anunciar o Óscar de Melhor Filme, o desastre do segmento in memoriam, a ineficaz escolha de cenas de filmes, a omissão de Farrah Fawcett e a falta de organização da equipa de produção.
Terminada a espera e anunciados os vencedores, resta-nos (em Portugal), esperar por aqueles filmes que não nos deram oportunidade de ver.

Melhor Filme: The Hurt Locker - Estado de Guerra;
Melhor Actor: Jeff Bridges - Crazy Heart;
Melhor Actriz: Sandra Bullock - The Blind Side;
Melhor Actor Secundário: Christoph Waltz - Inglorious Basterds - Sacanas Sem Lei;
Melhor Realizador: Kathryn Bigelow - The Hurt Locker - Estado de Guerra;
Melhor Argumento Original: The Hurt Locker - Estado de Guerra;
Melhor Argumento Adaptado: Precious;
Melhor Fotografia: Avatar;
Melhor Design de Producção: Avatar;
Melhor Montagem: The Hurt Locker - Estado de Guerra;
Melhor Guarda Roupa: Jovem Victoria;
Melhor Banda Sonora: Up;
Melhor Música: Crazy Heart;
Melhor Caracterização: Star Trek;
Melhores Efeitos Visuais: Avatar;
Melhor Som: The Hurt Locker - Estado de Guerra;
Melhores Efeitos Sonoros: The Hurt Locker - Estado de Guerra;
Melhor Filme de Animação: Up;
Melhor Filme Estrangeiro: El Secreto de Sus Ojos;
Melhor Curto Documentário: Music By Prudence Melhor Documentário: The Cove - A Baía da Vergonha Melhor Curta Metragem: The New Tenants Melhor Curta Metragem Animada: Logorama

sábado, 6 de março de 2010

Pushed - Precious

Irónicamente invisível durante toda a vida, Precious teve tudo menos um normal crescimento. Os constantes devaneios que se sobrepõem à brutalidade do seu dia-a-dia são a projecção de uma realidade distante e idílica que Precious acha que nunca virá a ter. Vendido como um drama de puxar à lágrima, Precious é bastante mais que isso. A brutal realidade com que Lee Daniels nos mostra uma hitória vertiginosamente chocante e assustadoramente real, faz com as lágrimas não caiam e dêem lugar a um paralelo sentimento de emoção. Ao contrário da esmagadora maioria dos candidatos aos Óscars, em que o que é dito conta tudo, em Precious o que não é dito conta mais. A iliteracia das personagens e das suas vidas constrói uma literacia desentimentos e de mensagem que muitos tentam e poucos conseguem. Se Gabourey Sidibe não parece que vá ganhar, já Mo'Nique, pode ir preparando o discurso de vitória merecida.



Oh Happy Day

quarta-feira, 3 de março de 2010

Uma Velha Educação - Uma Outra Educação

Embuída numa previsibilidade gritante, aqui está um dos dez nomeados ao prémio de Melhor Filme na próxima edição dos Óscars. Uma Outra Educação conta a história de Jenny, uma inteligente e determinada adolescente de classe trabalhadora na Inglaterra dos anos 60, que ao iniciar uma dúbia relação com um homem mais velho, vê a sua situação académica, bem como o seu futuro numa universidade de prestígio ameaçados. Adaptado das memórias de Lynn Barber e servido por um elenco de reputados actores britânicos, Uma Outra Educação, acaba por ser o representante daquele reduto de bons filmes que a BBC anualmente lança, como proposta inteligente, contida e com mensagem, que se viu recompensado nas nomeações da Academia.
O disparate da introdução de 10 nomeados (ao invés dos antigos 5) reflecte-se em situações como esta, um filme só com duas outras nomeações, que se viu chamado à corrida dos dez finalistas para encher; não com isto querendo dizer que é um mau filme, é apenas um filme bastante aceitável, seguro nos padrões da Academia, mas que não ficará na memória por muito mais tempo. De relevo é a interpretação de Kerry Mulligan, nomeada ao Óscar de Melhor Actriz Principal, que carrega o filme nas suas costas conferindo-lhe uma maior densidade.
Desire