O Dialecto está de cara lavada. Quer dizer, primeiro que tudo, não tem cara para lavar, tem uma imagem a renovar. Talvez não tenha passado tempo suficiente para justificar esta alteração, mas achei que, em todo o caso, o devia fazer. Fiel ao seu nome, e à minha missão, o dialecto continua a palrar as suas baboseiras, sujeitas e ansiosas de críticas, por crescer ser o mais importante. A linguagem é a mesma(não cedo ao acordo), os assuntos são os do costume, os leitores esperam-se ser os mesmos, e com sorte outros tantos que consiga entusiasmar.
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

The Timor Experience; Parte 3 - Fun Facts - Pulsa

Em Timor, a electricidade(pulsa), tal como os telefones, tem de ser pré-paga. Se nos distraímos com o que vamos gastando em luz e ar condicionado pode acontecer, como se passou esta semana, que fiquemos sem luz a meio do jantar. A única forma de resolver, é ir comprar electricidade, inserir uns códigos que nos dão no contador (geralmente há dois em casa), e voilá! Pulsa por créditos! Como desconhecíamos este facto divertido, e já não podíamos ir comprá-la, xixi cama.




Arena

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Cinema "nos antípodas" - I

Tron: O Legado

Não é a primeira vez que aqui falo do meu entusiasmo juvenil com o mais recente filme de ficção científica da Disney. Aproveitando a bagagem de Jeff Bridges e a sua vitória nos Óscars do ano passado, a Disney achou por bem ir buscar um seu filme de culto, de modesto sucesso dos anos 80, filmá-lo com as mais recentes tecnologias 3D e os efeitos especiais mais caros do mercado. Qualquer fã de ficção científica que se preze, ao ver o trailer há quase um ano atrás, ficou em pulgas. Mesmo sabendo que não podíamos esperar algo na linha de Blade Runner ou Minority Report, o frenesim visual e sonoro bem como o factor guilty pleasure estaria assegurado.
O objectivo a que se propôs tinha tudo para correr mal; mas felizmente tudo correu bem. Enquanto filme de serão cinematográfico tardio, é do melhor que o género nos tem dado nos últimos tempos. O desconhecido Joseph Kosinsky revela um apurado sentido visual, tomando um melhor partido de um argumento raquítico e confuso e transformando-o numa aventura eficaz, divertida e imparável. Além da irrepreensível produção visual o que mais aqui se destaca é, obviamente, a banda sonora do duo francês Daft Punk. Já falei dos merecidos e insuficientes méritos dessa composição no post anterior, mas não é demais reiterar. Como qualquer filme de grande produção na Hollywood dos dias de hoje, os produtores começam imediatamente a pensar em trilogias, veja-se o caso da saga de os Piratas das Caraíbas ou da prequela de Alien que Ridley Scott está a preparar. Se é disso que Hollywood precisa, é duvidoso, atendendo à crise de ideias que actualmente corre, mas se é bem-vindo do ponto de vista financeiro e de entretenimento leve, isso já é outra história. Tron, o Legado foi, sem dúvida.



The A-Team – Esquadrão Classe A


A história, a série e os personagens dispensam de qualquer tipo de apresentação. A A-Team foi um dos maiores ícones que a década de 80 trouxe para a cultura mundial. Numa altura em que famílias inteiras se sentavam à frente da televisão para, semanalmente, assistirem a um novo episódio de séries como MacGyver ou Quem Sai aos Seus, o Esquadrão Classe A tinha uma igual fama e legião de seguidores. A adaptação ao cinema com um robusto orçamento tardou (por disputas legais e de calendário), mas não falhou, tendo chegado esta, pela mão do serviçal Joe Carnahan.
Se tinha algumas reservas a propósito do projecto, a leveza e a despreocupação da abordagem neste caso resultaram na perfeição. Um casting perfeito, um elenco robusto e consistente, um pulso firme e eficaz na realização e uma constante sensação de divertimento era exactamente aquilo que se pedia. Longe de ser o filme mais perfeito de sempre, e também não sendo o melhor do género, funciona muito bem enquanto distracção e respeito pelo produto original. Nunca, na corrente de adaptações de séries de culto dos últimos tempos, se pode ser absolutamente idêntico na abordagem ao material de base, mas sendo-se concordante ou respeitador, é já um grande passo, ainda que saibamos, de antemão, que não é possível agradar a gregos e a troianos.



Chloe


Chegado ao terceiro filme que vi, e que agora analiso, reparo que todos eles têm por base material já publicado pela mão de outros cineastas. No caso de Chloe, estamos perante um remake do filme francês de 2004 Nathalie, que conheceu uma limitada distribuição nos Estados Unidos, cuja receita em pré-reservas de bilhetes pagou o orçamento de 10 milhões de dólares. Mais importante que qualificá-lo como thriller psicológico ou drama familiar, do ponto de vista cinematográfico, Chloe é um filme de autor. Atom Egoyan, é daqueles realizadores cuja fama o precede. Além de uma fortíssima componente estilística, que vai desde o significado de certos planos visuais ao uso de certas cores ou objectos, as acções, expressões e maneirismos dos seus personagens dizem mais que os seus diálogos. Um trio de actores que exemplarmente encarna as personagens dando-lhes a necessária projecção sentimental e fundo dramático, confere uma completude a um projecto que assenta nos seus intérpretes.
Chloe atraiu-me, imediatamente com o seu trailer. Em vez das montagens habituais, um excerto de dois minutos de uma complexa cena, publicitava o filme. Se este é um projecto autoral e intimista, então a coerência do projecto partiu logo da maneira como foi vendido. Durante o filme, os acontecimentos vão desencadeando-se de forma mais ou menos, chamemos-lhe, “crível”, mas uma vez terminado, é daqueles filmes que permanece na memória, dando azo a discussões ainda que a história fique plenamente resolvida.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Adagio a D - Punk - Tron Legacy OST

Tinha uma série de posts alinhavados para hoje. Filmes que trouxe e já vi desde a minha chegada a Timor. Ficam para amanhã. Hoje, sinto-me forçado a escrever sobre uma das melhores descobertas a nível de bandas sonoras dos últimos tempos.

O meu lado infantil estava numa enorme antecipação para ver Tron: O Legado, sequela a um filme B de culto dos anos 80, que a Disney resolveu investir como grande proposta de Inverno. Foi anunciado, logo de início, que a dupla francesa Daft Punk iria compor a banda sonora para este filme; escolha óbvia e agora plenamente justificada.

Os Daft Punk criaram mais do que um simbiótico ambiente tecnológico para este filme, criaram uma obra, suficientemente autónoma e adulta que lhes rendeu os mais unânimes elogios da crítica especializada. Mais do que as influências electrónicas necessárias dada a temática, há marcados traços e influências de Hans Zimmer, Vangelis e Maurice Jarre que encaixam que nem uma luva no material de destino e conferem um cariz épico e inesquecível ao projecto.
Como exemplo máximo da eficácia deste trabalho, está a forma como o filme foi montado. Em cinema, a música é composta ou adaptada conforme a montagem final do filme. Aqui, esses cortes foram feitos de acordo com o material composto pelos Daft Punk. Práctica nada comum, mas uma vez ouvidas as peças, justifica-se inteiramente. Faixas como The Fall, Recognizer, C.L.U. e Adagio For Tron destacam-se num trabalho sem partes fracas.

Como exemplo último e final, é este Encom, Part II que, não obstante a curta duração, é de uma riqueza invulgar e viciante por isso mesmo.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

The Timor Experience; Parte 2 - A Partida

Chegado o dia da antecipada partida, lá agarrei nas minhas tralhas e fui direito à minha próxima casa. Depois de uma muito rápida paragem em Paris, segui para Singapura, onde ficaria uma noite. Uma vez com 11 horas de escala pela frente, achámos por bem ir dar uma volta pela cidade, pois podíamos não voltar a ter esta oportunidade. De mapa na mão e esquecendo o cansaço acumulado, saímos do hotel perguntando a locais qual o melhor caminho para o centro, ou quais os sítios indispensáveis para visitar, já que só tínhamos essas 11 horas.
A primeira pessoa que nos ajudou, uma senhora que acabava de estacionar o carro em que trazia toda a família, imediatamente chamou o filho para dizer quais os sítios ideias para ir. Como percebeu que tínhamos pouco tempo para ter uma ideia da cidade, convidou-nos, primeiro, para jantar e depois convenceu o filho a fazer de cicerone, numa rápida mas completa excursão. Singapura é uma cidade como nunca tinha visto; de uma organização e civilização gritantes, em que o mais simples dos habitantes está disposto a ajudar. É pouco vulgar chegar a um sítio tão estrangeiro e imediatamente sentir uma empatia pelo local, pela arquitectura e pela originalidade de tudo o que nos rodeia. À falta de melhor palavra, Singapura é isso mesmo, uma cidade original.
Depois de uma visita guiada que durou até às 2 da manhã, tivemos que voltar ao hotel para dormir um par de horas, tomar um duche e preparar para mais 4 horas de voo direito ao destino final.
Se tive e tenho dificuldades em descrever, no seu todo, a rápida mas esmagadora impressão que tive da minha anterior paragem, não me sinto mais inspirado para descrever a última. Dili não foi o destino desejado se me fosse dada a escolha, tão pouco era um destino hipotético. Foi uma surpresa que obrigou a 3 semanas de mentalização até à partida. Aterrado no outro lado do mundo, a quase meio dia de distância de todos e tudo o que me é próximo, não podia estar numa apatia maior. Não obstante a enorme comunidade portuguesa, a diversidade de nacionalidades e uma cultura que ainda mostra muitos sinais da nossa influência, o encaixe num destino longínquo e tropical como este é (não redundantemente) estrangeiro.
Timor, na boca dos que já o viveram, é um país que constitui uma experiência de vida única, com uma energia e uma vida singulares que supera qualquer expectativa que se possa ter formulado. É uma experiência cuja energia e vida estou à espera de receber.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

The Timor Experience; Parte 1 - Inov?


Pela segunda vez na vida, achei por bem investir na internacionalização. Cada vez mais me convenço que, mais do que uma vontade de viver uma realidade diferente e viajar facilitadamente, é uma predisposição ou inclinação para ir viver no estrangeiro.

Nos tempos idos de Erasmus, tinha como critério que o lugar que escolhesse para estudar por seis meses fosse o mais longe ou diferente de Portugal possível; evitei, por isso, Espanhas e Franças. Depois de 6 meses na Áustria, a missão a que me tinha proposto, estava plenamente cumprida. Uma experiência única, amigos com quem mantenho contacto regular e um arrepio na espinha a cada vez que penso voltar. Foi um sítio que me disse muito, que me obrigou a crescer e onde criei hábitos que hoje, 4 anos depois, vejo-me a manter.

A faculdade acabou, a vida de trabalhador começou, a vontade de voltar para o estrangeiro não morreu. Além da vontade, nem os motivos são os mesmos. Assim, increvi-me no prgrama Inov-Contacto, para tentar, uma segunda vez e em moldes não tão diferentes, vir para o estrangeiro. Sabia que, profissionalmente, os destinos para os quais pudesse ser "enviado", não coincidiriam com os que pessoalmente eram os eleitos.
A cerimónia de informação dos destinos foi absolutamente única pois estava tudo em aberto; as nossas escolhas não contavam nada para a ponderação e ali, em pouco mais de uma hora e meia, comunicaram a 560 pessoas qual o seu destino para os seis meses seguintes.
O anúncio foi feito, por países, alfabeticamente. Quando acabaram a letra S e as esmagadora maioria das zonas do mundo já estava coberta, não conseguia já imaginar onde seria colocado; só me passava pela cabeça "Zimbabwe"
Quando anunciaram o meu nome, associado a Timor-Leste, fiquei num estado de abstracção total e absoluta. Estava longe de o considerar como um destino possível, longe de o considerar como um destino apetecível e em 10 segundos que pareceram dez horas, tudo me passou pela cabeça.

Quando alguém se candidata a um programa como estes, tem que haver a mentalização de que podemos ser colocados em qualquer parte do mundo, mais do que isso, temos que nos conformar com esse destacamento e acatá-lo. Agora, já chegado ao destino, e iniciada a adaptação, resta aproveitar, ou tirar o melhor partido, desta experiência.

Ditto.