O Dialecto está de cara lavada. Quer dizer, primeiro que tudo, não tem cara para lavar, tem uma imagem a renovar. Talvez não tenha passado tempo suficiente para justificar esta alteração, mas achei que, em todo o caso, o devia fazer. Fiel ao seu nome, e à minha missão, o dialecto continua a palrar as suas baboseiras, sujeitas e ansiosas de críticas, por crescer ser o mais importante. A linguagem é a mesma(não cedo ao acordo), os assuntos são os do costume, os leitores esperam-se ser os mesmos, e com sorte outros tantos que consiga entusiasmar.
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quinta-feira, 22 de abril de 2010

Estás Bem?

domingo, 18 de abril de 2010

A Deformidade de Um Retrato - Dorian Gray

O Retrato de Dorian Gray, única obra publicada do controverso e renomado autor Oscar Wilde tem agora mais uma, mas não definitiva, adaptação. Em jeito de superprodução independente britânica, o já gráfico romance de Wilde é adaptado ao ecrã com a escala e sumptuosidade que as produtoras conseguem comprar sem parecer estar a ficar, porém, na memória do público internacional - nem do nacional, a avaliar pelo que o Expresso descreve como um filme "medonho". Assentando a temática do filme na beleza e na imortalidade, esta adaptação parece ter tido o resultado extremo oposto.

Bem vistas as coisas, a unânime reacção de repugna ao filme não se prende com a fealdade deste tecnicamente considerado - a cuidada reconstituição de época, aliada aos sempre soberbos planos e paletes de Roger Pratt mostram-nos uma Londres Victoriana que tantas vezes já vimos impecavelmente retratada. A fealdade está na forma como Oliver Parker dirige uma história difícil (que ainda hoje tem defensores e detratctores) sem mão, sem ideia de ritmo ou de género, cedendo aos mais fáceis e reprováveis engenhos de assustar o público. A formação teatral de Parker mostra-nos alguns bons momentos e planos, nunca escondendo as óbvias fragilidades de um argumento pedestre que perde definitavamente as estribeiras no final. Até que uma adaptação, se é que haverá alguma que o saiba fazer, transponha dignamente o que Wilde escreveu, convém que esta fique fechada a sete chaves, tal como o Retrato de Dorian Gray.

3055

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Titan's smashed... - Duelo de Titãs

O Duelo de Titãs não atrai público ao engano. Quem esteja minimamente familiarizado com a história, não pode estar à espera de ver um filme verosímil, "sério" ou profundo. Se a história do choque entre Zeus e Hades, deuses rivais, que disputam a posição de supremacia da Terra, jogando os humanos como peões não for conhecida de todos, então o próprio poster do filme avisa que só lá deve entrar quem estiver disposto a deixar-se divertir. Não posso dizer que gostei do Choque de Titãs pela profundidade da história, que é nenhuma, pela verosimilhança, que também é inexistente, ou pela qualidade das actuações que é bastante duvidosa; gostei de Choque de Titãs por ser exactamente aquilo que promete e deve ser. Gostei da parvoíce, da energia, da diversão. O esquematismo da história e dos eventos não estorvam, os clichés são inevitáveis e inofensivos e a sensação de tongue-in-cheek é uma mais valia.

Por outro lado, O Duelo de Titãs é o mais recente caso em que os produtores resolveram, à ultima da hora, optar por um novo compositor (a 1 mês da estreia mundial) Ramin Djawadi foi chamado para compor uma partitura funcional e pipoqueira, em cima do joelho, quando Craig Armstrong, que trabalhava há meses nela juntamente com Matt Bellamy e os Massive Attack viu o seu trabalho ir por água abaixo. Se os exemplos de Timeline e Tróia serviram de alguma coisa, é que esta decisão, na maior das vezes não é benéfica. Até ouvir o trabalho rejeitado de Armstrong, não posso tomar posição, mas a julgar pelo serviçal trabalho de Djawadi, não me parece que venha estar enganado.

Scorpiox

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Jason Bourne no Iraque - Green Zone

Fazer filmes sobre a guerra do Iraque não é fácil. Abordar um tema actual com repercussões no mundo inteiro e passível de ferir susceptibilidades manifesta as óbvias dificuldades, razão pela qual com a excepção (discutível) de Estado de Guerra, nenhum filme de guerra ambientado no medio oriente ficou na memória pelas melhores razões.
A abordagem de Paul Greengrass, proveniente de documentários de guerra, catapultado para a fama por ter dirigido os dois últimos capítulos da saga de Jason Bourne, foi fiel ao seu estilo contando a história de um tenente americano determinado a desmascarar um tráfico de influências, uma teia de mentiras e uma iminente insurgência. O facto de Greengrass trazer atrás grande parte da equipa com que trabalhou na saga de Bourne, é simultâneamente a maior força e a maior fraqueza do filme: o talento, o estilo e o ritmo são irrepreensíveis, mas a manutenção desse estilo faz-nos inevitavelmente concluir que Green Zone é um filme que não se aguenta sozinho. Parece, por um lado, a parte 4 da referida saga e, por outro, mais um no filão de filmes ambientados na guerra do Iraque, por não fugir aos traiçoeiros clichés do género, como por não trazer nada de novo. Para se abordar uma temática que não tem resolução definitiva, ou se propõe um desfecho utópico/hipotético, ou cai-se no mesmo lugar-comum que todos os outros já caíram.
Green Zone fazendo um pouco de ambos, não se esquiva, porém, do esquecimento em que vai cair; vale não tanto pelo conteúdo, mas pela forma como Greengrass o filma e nos cativa e, especialmente, ao som da frenética e soberba banda sonora de John Powell.

Opening Book

terça-feira, 6 de abril de 2010

Concertos?

Tenho notado que as minhas reservas quanto a concertos têm mudado ultimamente. Como viciado e devoto bandas sonoras que sou, e pelo que tinha ouvido em vídeos, sempre achei que uma actuação ao vivo não iria fazer justiça a alguma das mais complexas peças que oiço. Até ao ano passado quando fui assistir, por duas vezes, ao concerto da Lisbon Film Orchestra, que contrariou a minha posição.

O problema que tinha não era com concertos em geral, era com os artistas em específico - estrelas de renome, de popularidade colossal que dão concertos de qualidade bastante duvidosa. As músicas trabalhadas em estúdio resultam bem, ao vivo perdem o encanto. Esta posição não pode, obviamente ser generalista - mais uma vez os melhores são capazes do pior, e vice versa.

Pela segunda vez, no espaço de um ano, perdi a oportunidade de assistir a um concerto de alguém por só tardiamente os ter descoberto. Aconteceu no final de 2009 quando descobri que o compositor clássico Ludovico Einaudi, tinha dado um concerto em Lisboa 3 dias antes de ter ficado viciado. Voltou a acontecer hoje quando, me perguntaram se tinha ido ao concerto dos Florence + The Machine que esgotou a Aula Magna no dia 16 Março , quando só há 1 semana os conheço e oiço sem parar. Não duvido que mais cedo ou mais tarde voltem, mas espero que a o ditado do "não há duas sem três" não se aplique aqui outra vez.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Conta é a Notoriedade do Resto

Desconcerta-me o facciosismo dos pseudo-entendidos que estão por detrás da selecção de nomeados e prémios. Se um filme agradou desmesuradamente a crítica, há a inevitável tendêncida de premiar, ou pelo menos nomear todas as partes do mesmo - basta olhar para as categorias técnicas que o gigante do ano passado, Slumdog Millionaire, arrecadou, por ser o filme indicado a levar tudo. Como não se pode justificar atribuir o prémio máximo a um filme com uma ou duas nomeações, há que indicá-lo para 4 ou 5 mais, para fazer peso. É uma verdadeira injustiça, pois não se reconhece o que de melhor se fez no ano que passou, passando tudo por um jogo de interesses e políticas de facciosismo.

Tudo isto a propósito da banda sonora de Anjos e Demónios. Hans Zimmer dispensa apresentações; é um compositor de renome e com provas dadas. Se bem que isso não é sempre líquido, pois os melhores são capazes, por vezes, do mais desenxabido; o seu trabalho para a sequela d'O Código Da Vinci superou as expectativas. É um trabalho complexo, dinâmico e eficaz, que tem a mais valia de funcionar tão bem com ou sem imagens. Independentemente das críticas associadas ao filme de que faz parte (à semelhança do que aconteceu com o seu antecessor) o feedback que teve foi extraordinário. Zimmer fez o melhor uso de coros, cordas e percussão criando uma sólida partitura que convida à revisitação. Nomeação aos Óscars? Não. Zimmer foi nomeado por Sherlock Holmes, que não retirando as qualidades (é de facto muito boa e inovadora quando poderia não ter sido), mas viu a sua nomeação por Anjos e Demónios açambarcada pelo fenómeno the Hurt Locker de Marco Beltrami.
Não morro de amores por Marco Beltrami, não acho que os seus trabalhos sejam propriamente ricos melodicamente e, não obstante contar já duas nomeações, a falta de interesse dos seus trabalhos, na minha opinião, atinge com Hurt Locker o seu exemplo último. Compare-se a diferença entre ambos e logo se conclua.


Não quero com isto dar a entender que venho tentar boicotar a popularidade de Hurt Locker (que poderia fazê-lo) por ser um incondicional fã das adaptações de Dan Brown (que não sou), mas na minha óptica, ser devoto da arte da composição instrumental é saber separar as águas e reconhecer as mais valias ou superioridades de certas partituras, ainda que estejam associadas a filmes menores. Mais uma vez é de reter: gostos não se discutem e a subjectividade é isso mesmo.