O Dialecto está de cara lavada. Quer dizer, primeiro que tudo, não tem cara para lavar, tem uma imagem a renovar. Talvez não tenha passado tempo suficiente para justificar esta alteração, mas achei que, em todo o caso, o devia fazer. Fiel ao seu nome, e à minha missão, o dialecto continua a palrar as suas baboseiras, sujeitas e ansiosas de críticas, por crescer ser o mais importante. A linguagem é a mesma(não cedo ao acordo), os assuntos são os do costume, os leitores esperam-se ser os mesmos, e com sorte outros tantos que consiga entusiasmar.
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quinta-feira, 1 de abril de 2010

Conta é a Notoriedade do Resto

Desconcerta-me o facciosismo dos pseudo-entendidos que estão por detrás da selecção de nomeados e prémios. Se um filme agradou desmesuradamente a crítica, há a inevitável tendêncida de premiar, ou pelo menos nomear todas as partes do mesmo - basta olhar para as categorias técnicas que o gigante do ano passado, Slumdog Millionaire, arrecadou, por ser o filme indicado a levar tudo. Como não se pode justificar atribuir o prémio máximo a um filme com uma ou duas nomeações, há que indicá-lo para 4 ou 5 mais, para fazer peso. É uma verdadeira injustiça, pois não se reconhece o que de melhor se fez no ano que passou, passando tudo por um jogo de interesses e políticas de facciosismo.

Tudo isto a propósito da banda sonora de Anjos e Demónios. Hans Zimmer dispensa apresentações; é um compositor de renome e com provas dadas. Se bem que isso não é sempre líquido, pois os melhores são capazes, por vezes, do mais desenxabido; o seu trabalho para a sequela d'O Código Da Vinci superou as expectativas. É um trabalho complexo, dinâmico e eficaz, que tem a mais valia de funcionar tão bem com ou sem imagens. Independentemente das críticas associadas ao filme de que faz parte (à semelhança do que aconteceu com o seu antecessor) o feedback que teve foi extraordinário. Zimmer fez o melhor uso de coros, cordas e percussão criando uma sólida partitura que convida à revisitação. Nomeação aos Óscars? Não. Zimmer foi nomeado por Sherlock Holmes, que não retirando as qualidades (é de facto muito boa e inovadora quando poderia não ter sido), mas viu a sua nomeação por Anjos e Demónios açambarcada pelo fenómeno the Hurt Locker de Marco Beltrami.
Não morro de amores por Marco Beltrami, não acho que os seus trabalhos sejam propriamente ricos melodicamente e, não obstante contar já duas nomeações, a falta de interesse dos seus trabalhos, na minha opinião, atinge com Hurt Locker o seu exemplo último. Compare-se a diferença entre ambos e logo se conclua.


Não quero com isto dar a entender que venho tentar boicotar a popularidade de Hurt Locker (que poderia fazê-lo) por ser um incondicional fã das adaptações de Dan Brown (que não sou), mas na minha óptica, ser devoto da arte da composição instrumental é saber separar as águas e reconhecer as mais valias ou superioridades de certas partituras, ainda que estejam associadas a filmes menores. Mais uma vez é de reter: gostos não se discutem e a subjectividade é isso mesmo.

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