O Dialecto está de cara lavada. Quer dizer, primeiro que tudo, não tem cara para lavar, tem uma imagem a renovar. Talvez não tenha passado tempo suficiente para justificar esta alteração, mas achei que, em todo o caso, o devia fazer. Fiel ao seu nome, e à minha missão, o dialecto continua a palrar as suas baboseiras, sujeitas e ansiosas de críticas, por crescer ser o mais importante. A linguagem é a mesma(não cedo ao acordo), os assuntos são os do costume, os leitores esperam-se ser os mesmos, e com sorte outros tantos que consiga entusiasmar.
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quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

342 filmes de 2009


É inevitável que, chegando a estes últimos dias de 2009, se façam retrospectivas a torto e a direito de tudo e mais alguma coisa.
O cinema não podia ficar de parte, claro está, mas se as cerimónias que recompensam os melhores filmes do ano que passou, deixam injustamente de fora alguns, surge agora esta retrospectiva, por demais abrangente, que, em 7 minutos, mostra-nos à laia de trailer, o que de melhor e de pior se fez em 2009.

Faz parte da magia do cinema haver projectos melhores e outros piores. Os melhores sustentam-se a si próprios, sobrevivem ao teste do tempo e a qualidade não decresce; os piores, ou caem no total esquecimento, ou tornam-se filmes de culto, ou célebres pela negativa. Depois há aqueles filmes que dentro da mediania lhes acontece o mesmo.
A verdade é que em "apenas" 7 minutos, o escritor e designer Kees van Dijkhuizen, fez um apanhado não excessivamente tendencioso, que tem a particularidade de tornar mais interessante aquilo que não o foi, e melhor o que já o era.

2009 não será, certamente, o ano que marcará para sempre o mundo do cinema; como em todos os anos houve do melhor e do pior, se bem que o balanço foi bastante positivo e, competitividades à parte, este vídeo faz-nos ver e perceber porque é que realmente gostamos tanto tanto de Cinema.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Visão Retrospectiva

A revista Visão da semana que passa hoje de validade fazia um apanhado da última década, com artigos de reputados escritores da praça, sob o título hiperbólico d'"A Década que Chocou o Mundo".

A década de 2000 não acredito que tenha sido a que mais marcou ou determinou o mundo no último século; sem dúvida que fotografias, figuras e acontecimentos fizeram parte do mediatismo mundial e cravaram o seu lugar na história, mas não de uma forma desproporcianadamente mais marcante que outras décadas passadas - veja-se as décadas de 30 e 40, que cicatrizaram directa ou indirectamente meio mundo, privando-o de tudo o que lhe era permitido. Tais privações vieram, no mais, criar um sentimento de necessária mudança posterior que veio sim, culminar na década iniciada com o virar do século.

A crónica, em 130 páginas, vem-nos resumir, à laia de livro de mesa de café o que de mais marcante definiu estes dez últimos anos, tanto a nível internacional como nacional. É de louvar, mas não surpreende pela habitual qualidade, que uma revista como a Visão dedique tão exaustiva embora bastante resumida crónica a um assunto tão importante. Na sua globalidade, não vai surpreender ninguém, porque por mais "desinformados" que sejam alguns leitores, os mais importantes pontos, todos os sabemos; mas não nos faz mal recordá-los.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Se Pocahontas tivesse um AVATAR, Dançava com Lobos

Fiz, salvo erro, dois posts exclusivos a Avatar durante a sua produção. Depois de um silêncio de 12 anos, o novo projecto de James Cameron, queria-se grandioso e polémico, dado que o seu anterior trabalho, Titanic, tornou-se o mais rentável filme da história, ao auferir mais de um bilião de dólares.
Cameron está habituado, sem dúvida, a dirigir filmes colossais e, tendencialmente, de ficção científica, por isso não era estranho que regressasse ao género no qual se sente mais à vontade.
Avatar conta a história da colonização e domínio do Planeta Pandora, por humanos que se servem de Avatares - corpos controlados e criados através de uma mistura de ADN humano e extraterrestre - para interagir com os Na'vi. No centro da história, está Jake Sully, ex-marine paralisado, que através do seu Avatar, aproxima-se da população de Pandora, e com a qual cria afinidades incompatíveis com a sua missão. É sabido e lógico, que cada vez mais se torna difícil ser-se inovador a nível de história, mas Avatar não traz o mínimo de inovação (além da técnica digital evidente) que seria de esperar. Os paralelismos com filmes como Danças Com Lobos, ou até com Pocahontas são mais que óbvios; a isso misturados os ingrediantes mágicos e típicos de Cameron - temos Avatar, o filme que mais desilude porque reparamos que doze anos de preparação deram-nos um espectáculo visual soberbo que nos faz esquecer que muito pouco se passa por detrás.
War

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Ágora


Hypatia: filósofa, mulher digna de respeito, defesa e admiração, alvo de discórdia, inveja e revolta. Se as circunstâncias em que estava envolvida não eram propícias para que desse a ensinar ao mundo aquilo para o qual não estava preparado, então foram elas próprias que ditaram o seu destino. Num mundo em que a fé é de todos e de nenhuns, em que um dia se é venerado, no seguinte proscrito e que a olhos vistos o que demorou séculos a contruir, descobrir e desenvolver é deitado por terra cresceu uma verdadeira figura pioneira que poucos conhecem, mas a quem tantos mais devem.

Parece ser sempre conveniente, ou digamos tendencial que se publicite uma história destas, que a personagem à roda de quem gira, mudou o curso da história e este não mais seria o mesmo. À sua pequena grande maneira é verdade. A história do cinema essa é que não mudará depois da estreia deste Ágora - não por não ser digno, mas porque não parece ser adequado a uma distribuição em massas. Para todos aqueles que viram o trailer, não podem ter deixado de achar que, esteticamente, se tratava d' A Paixão de Cristo 2 - aliás não os podemos culpar; Ágora não é um filme feito para ser resumido em 2 minutos, mas para ser contado em 2 horas.
É certo que toda a mística da civilização egípcia - romanizada ou não - desperta um interesse e é sempre uma mais valia numa história nela ambientada, mas isso aliado a uma história que vale por si só, a uma forte mão ao leme e uma vontade de aprender com o entretenimento, melhoram tão mais a matéria. Não há, nem pode haver, em pleno século 21 nenhuma história que se queira desta magnitude, que não veja factos Históricos manipulados, datas alteradas em favor de uma narrativa mais fluida; mas também sabemos que não podemos acreditar como sendo real todo e qualquer facto, toda e qual personagem. Ágora romanceia personagens e acrescenta factos, mas para tal temos os livros de história, convidados à visita para quem quiser, aprender um pouco mais.

Pela mão de Alejandro Amenábar, somos conduzidos para o meio de uma torre de Babel, para um mundo efervescente de conhecimento em que uma mulher procura e conjectura respostas no céu, que só séculos depois teriam aceitação global. Algo que Amenábar soube fazer, e bem, foi introduzir, espaçadamente, o outro lado da observação. Se nós ao olharmos para o céu da noite vemos o infinito sem o compreendermos, então a câmara também olha para baixo, do alto de milhares de kilómetros,para uma Terra fascinante com múltiplos e confusos sons que não entendemos. Isto é saber fazer bom cinema sem precisar de muito dinheiro. É saber usar um elenco de quase desconhecidos (à excepção de Rachel Weisz) e transformá-los nas personagens que foram convidados a encarnar.

Agora

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Alexandra Tussaud Lencastre

Preciso explicar?

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Porquê Hans Zimmer?

Já foram alguns os compositores aos quais dediquei um espaço especial ou uma menção digna. Hans Zimmer, compositor e artista por excelência que já anda nestas lides há 25 anos, começou a carreira em Londres vindo de Frankfurt. Os seus esforços e o seu talento conferiram-lhe uma reputação de fazer inveja e é hoje, possivelmente, o compositor mais influente da cena internacional. Podendo ser, esta influência, discutida ou afastada pela ainda preponderância de John Williams, o que é facto é que estão ambos os dois no topo da cadeia. São naturalmente poucos aqueles que se podem dar ao luxo de recusar um trabalho, muito menos aqueles que gozam do privilégio de ser a primeira escolha. Zimmer faz mais hoje em dia do que ser um exemplo para os que partilham dos seus gostos e preferem o seu estilo; tendo fundado a empresa Media Ventures, agora Remote Control. Desta escola saíram alguns dos mais emergentes compositores dos últimos anos. Os principais detractores do género, atacam Zimmer pela linearidade das suas composições; mais ainda de formar os seus discípulos como pequenos clones.
Acho que essa opinião não pode nem deve ser atacada por mim, nem por qualquer outro, por mais que dela absolutamente discorde. Não é de bom tom atacar os trabalhos de John Williams e John Barry, por mais que caiam na repetição. Repetição não, desculpem, fidelidade ao estilo. E se a eles essa lhes é permitido tal protecção, então a Zimmer só pode também ser.
Aliás, mesmo que não nos queiramos guiar pelos gostos duvidosos do público, o que é facto é que a crítica, também ela parece ter reconhecido, ao longo destes anos os seus feitos, e as mais valias que as suas obras vieram contribuir para a música em geral.

Rain Man, Driving Miss Daisy, Gladiador, A Barreira Invisível, O Rei Artur, O Último Samurai, Hannibal, O Pacificador, Pearl Harbour, o Código DaVinci, Anjos e Demónios, Batman Begins, O Cavaleiro das Trevas destacam-se, juntamente com as suas Seis Nomeações ao Óscar (com uma vitória, por O Rei Leão). Tudo isto a propósito de nos últimos dias me ter achado viciado no seu "Woad to Ruin"

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Tomataaada!

Não, não é a tomatina de Buñol, nem uma briga de noite entre forcados e equipas de rugby, o amasso aconteceu mesmo na cara de Berlusconi. O actual Primeiro-Ministro italiano, figura mediática e singular ocupando ou não aquele cargo, volta a estar em polémica por ser alvo, literalmente, das atenções.
Ontem, à saída de um comício foi agredido com uma miniautura do Duomo, ou esmurrado, as opiniões divergem (?!). O agressor foi imediatamente identificado e detido. O motivo que o levou a atacar Il Cavaliere pode ter a ver com o seu desempenho enquanto chefe de estado, presidente do AC Milan ou principal accionista da Mediaset. Não deve faltar quem se ache lesado ou mal representado, mas nem o que já foi unânimemente classificado como acto de terrorismo foi suficiente para fazer recuar Berlusconi que, mesmo com a boca ensanguentada, nariz e dois dentes partidos, teve forças para se levantar e mostrar a todos que estava bem.

Com um ano e meio de cargo já acumulou mais peripécias mediáticas do que muitos chefes de estado no final de carreira. Assim que me lembre, de repente, só Bush conseguiu proeza parecida; mas enquanto aquele ficava na memória por gaffes seguidas e absurdas que roçavam a imbecilidade, este demarca-se pela lata e frontalidade com que fala de quem e do que lhe apetecer. Indiferente ninguém lhe fica, é impossível, nem Isabel II se deixou ficar quando, na fotografia de família da cimeira dos G20, Berlusconi gritou "Mr. Obama! Mr. Obama!" e HRH se voltou para trás e disse para quem quisesse ouvir, "why does he have to shout?"

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Quem Tem Medo Do Lobo(Filme) Mau...?

...aparentemente parece que ninguém, porque o público tem estado a aderir em massa a esta nova saga, adaptada pela primeira vez ao cinema o ano passado, sendo este o segundo capítulo dos livros de Stephanie Meyer. Não tenho total legitimidade para apontar o dedo à qualidade do material de origem, porque o desconheço, ficando-me somente pelo que li em resumos. Verdade é que aos magotes tudo lê e vê o que há da saga Twilight, como se de um novo Harry Potter se tratasse, mas as comparações ou paralelismos devem ficar-se por aí. Eis um fenómeno de popularidade que me ultrapassa. por melhor que o material literário seja em comparação (mesmo em comparação) o enredo não é propriamente inovador, rico nem cativante; é uma revisitação com floreados do tema de Romeu e Julieta, adaptado para quem tem preguiça de o ler e com vampiros (supostamente) cool. Há tambem lobisomens que por não terem frio fazem publicidade a ginásio e com quem têm uma guerra amena. Pegam-se, batem-se, esfolam-se e depois pedem um desculpa aí. No meio temos uma humana que para além de não se rir muito, é um joguete no meio da versão americana do elenco dos morangos. o que não falta para aí é filmes maus, mas este é daqueles que dói mesmo: duas horas que parecem dez, cenas de acção de adormecer, personagens e actores que se passeiam sem objectivo e diálogos que não há palavras para descrever a falta de cuidado e de jeito. Arrependo-me hoje, seriamente, de ter ajudado a contribuir para a receita auferida, mesmo não faendo os neus 5€ qualquer diferença, mas não gastarei outros porque dificilmente vejo dinheiro pior empregue.

The Meadow

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Knight in a retrospecting armour.

Se as memórias não são já suficientes e presentes, eis que sou surpreendido com uma boa notícia. Hoje, ao passar os olhos pelas actualizações que os meus amigos iam fazendo no Facebook, descubro que um amigo meu de Erasmus, que ainda vive em Salzburgo diz a todos que Cameron Diaz e Tom Cruise, lá foram vistos a filmar o seu mais recente filme, "Knight and Day" de James Mangold. Claro que, num instante, inundou-se o seu post de comentários e fizemos nossa a missão de tentar descobrir fotografias. Parece que lá estão a filmar há alguns dias, e ficarão, pelo menos, mais uma semana. Claro que a localização não vai fazer pelo filme, o que fez pela "Música No Coração", mas pela escassez de vez que filmagens lá tiveram lugar, vai ser bom ver (e para nós recordar) Salzburgo.

Hoppipolla

domingo, 22 de novembro de 2009

Natal a meio gás (meio azul, entenda-se)

A Popota ameaçou, a Leopoldina imitou, O Marquês descambou. Se já para nós foi demais engolir a saia que a Samsung, o ano passado, resolveu pôr no Cristo-Rei, este ano, e chegada a altura de iluminar Lisboa, o assassinato não foi menos grave que o do ano passado. De quem foi a ideia de travestir a base do Marquês de Pombal, ou de escolher as sugestivas iluminações da Rua Castilho, não sei; o facto é que a par do poder de compra, também o bom gosto teimou em tirar férias mais um ano.
Resolvi agarrar no carro e correr Lisboa para ter uma ideia de como os comerciantes projectam o Natal deste ano. Se cada vez mais nos apercebemos que as iluminações mais pequenas são as melhores, também reparamos que as maiores, e que por todos mais vistas, são as mais desconexas e espalhafatosas. Fiéis ao facto de S. Nicoloau vestir de Azul e não de Encarnado, também as luzes adoptaram tendencialmente essa côr. Se me perguntam, esse Azul não liga ao Natal. E se o miradouro de S. Pedro de Alcântara esteve na berra nestes últimos meses, então no Natal, vai estar a bombar à séria; é uma autêntica rave com flashes dignos da pista de baixo do Lux. Se calhar não está tudo tão deconexo quanto isso. Se quase podermos andar de t-shirt na rua em fins de Novembro pouco nos lembra o Natal, então estas luzes até acabam por fazer algum sentido.

Sunrise

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

"...that's the thing i love about NY. Everyone is not from here"

Nova Iorque. Capital do mundo, aglomerado de povos, mescla de espaços, amálgama de religiões, inevitável e indiscutível centro de fascínios e paixões - nada espanta que tenha um esforço cinematográfico que vá demonstrar, ainda que tardiamente, o amor por esta cidade. Narrativamente inconvencional, o puzzle de curtas histórias e diferentes núcleos cruza-se quando assim tem de ser, ou quando a sorte assim o determina. De homenagens, declarações e postais está a cidade farta, pelo que serve este esforço não como palavra final e definitiva mas como mais uma. A ideia por detrás deste projecto não poderia ser mais inteligente ou racional: a cada realizador de cada uma das 11 curtas, foram dadas 3 linhas de orientação, filmar em 24 horas, montar numa semana e introduzir um sentimento de um determinado bairro. O que todos mais sabemos, repetimos e aqui ouvimos é que o que mais se gosta em Nova Iorque, é o facto de nunca se saber quem se encontra e onde se encontra; todos são estranhos e por esse afastamento compelem a aproximar-se. Esse fio condutor está presente numa hora e meia de filme que numa sucessão de estilos e histórias, filmados com uma fotografia penosamente desinteressante é suficiente em cada segmento, mas insuficiente num todo. Além de um factor importantíssimo e estranhamente ausente: a falta do lado cosmopolita, atraente e quente pelo qual a cidade é conhecida.
New York, I Love You não vai poder admitir nunca reacções polarmente opostas, tão pouco extremistas. É um filme-puzzle, em que cada história é quase autónoma, o que é simultaneamente uma grande força e uma grande fraqueza.
Se tiver que destacar uma curta, não hesitaria em escolher a realizada pelo superior realizador indiano Shekar Kapur, que dirige Julie Christie, Shia LaBeouf e John Hurt num pequeno mundo que parece a milhas de distância de Nova Iorque, mas que pela sua força e singularidade, é um filme ainda mais distinto, dentro desse já tão diferente puzzle.

Let's Do It, Let's Fall In Love

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

2012


"Este é o meu último filme apocalíptico", diz Emmerich, obvia e reiteradamente devoto do tema; depois de "O Dia da Independência", "O Dia Depois de Amanhã" e agora "2012", vai parar de fazer filmes com datas certas para o mundo acabar. O ponto de partida agora é o chamado fenómeno 2012, que consiste no conjunto de crenças (que remontam ao calendário Maia) assim como teorias científicas, que devido à emissão de chamas solares numa dimensão sem precedentes, causarão o fim do mundo como o conhecemos no ano de 2012. No centro de tudo está, para não variar, uma família americana, esteriotipada de pais divorciados, criança revoltada, novo marido, casa de madeira, relvado verde e restruturação familiar em tempo de crise. Também não convém esquecer que o pai de família, personagem principal da história, é um escritor semi-falhado que tenta avisar todos do cataclismo iminente. Não gozo na descrição, porque a história central parte e gira em torno disto, pelo que podia estar a descrever qualquer dos anteriores filmes de Emmerich, realizador Austríaco, que parece ter abraçado de alma e coração a nação americana de uma forma estranha: o patriotismo é exagerado e a concretizção nauseabunda. Enaltece-os para os dizimar; não só ao povo como aos seus monumentos. Já não podemos contar quantas maneiras foram empregues para destruir O Us Bank Tower, o Washington Monument e a pobre da Casa Branca(ver vídeo acima). Tudo isto para apontar o pior, ou menos louvável de 2012. Quando entramos na sala, sabemos perfeitamente para o que vamos, e nesse sentido não nos podemos achar desiludidos: 2012 dá-nos o que fomos procurar, porque para quem vê o trailer não vai ao engano. Explosões, personagens de cartão, cenas de uma americanada desconfortável, efeitos especiais de ponta: tudo aquilo que 250 milhões de dólares podem pagar, e que Roland Emmerich consegue misturar e cozinhar em duas horas e meia de filme. Dizer que isto não é cinema não é justo, porque se for um tema ou um formato que não nos fascine, então não vamos. Se formos do género que embora preferindo um filme mais intelectualmente desafiante, gostemos de ver um episódio de domingo à tarde, então 2012 não pode nem surpreende pela negativa, pois é o exemplo do género médio que representa.

Master Of Shadows

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Vale Tudo Menos Arrancar Olhos Neste Natal

Estamos a ser bombardeados com as campanhas publicitárias de supermercados mais surreais de que me lembro. Se há cerca de um mês o anúncio do Pingo Doce ficou famoso pelas piores razões, o Continente e especialmente o Modelo, estão agora a atacar da mesma forma. Atacar, sendo aqui, note-se a palavra de ordem. A Popota, figura de destaque do Natal das crianças do Modelo, este ano perdeu as estribeiras e pôs-se a dançar um wegue wegue com coreografia semi porno quase a pedir varão. O restyling não é novo, já tinha dançado Shakira, já tinha provocado o suficiente, até agora ter virado Poputa. A Leopoldina não é de se ficar, e também quis mudar, ams de forma mais radical. Passou de Avestruz para corpo de Lara Croft, a cara essa, permanece igual, não vão os miúdos achar que ela já não é a mesma. A poputa ao menos manteve-se fiel ao que sempre foi, a Leopoldina é que passou de avestruz com ar simpático, a cuidado-com-esta.

Se há uns anos todos cantavam alegremente "Bem vindos ao mundo encantado dos brinquedos onde há Reis, Princesas, Dragões...", agora não será de admirar que vejamos uma miúda a abanar o rabo a gritar "wegue wegue no Modelo é sempre a bombar, vamos lá Yo, é a loucura!" Por mais que achemos este anúncio de levar às lágrimas, é inevitável concluirmos que para o target talvez não seja o mais apropriado. Então sim, agora é caso para dizer que vale tudo menos arrancar olhos; se a campanha do Pingo Doce era involuntariamente hilariante, o Modelo agora está a preparar uma contra-campanha, para evr quem faz a pior publicidade. O próximo ataque do Modelo é ver a Popota vestida de Carlinhos na Baixa.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Publicidade Enganosa?

É impressionante o quanto um bom marketing consegue vender um produto por pior que seja. Todos estamos habituados a ver anúncios na rua, na televisão, em revistas e jornais, que nos chamam a atenção quer seja pelo mediatismo, quer pela eficiência (e em alguns casos, até ambos). Sendo o marketing, essencial e literalmente, um estudo de mercado, o objectivo final é o de vender ao público um determinado produto de forma eficaz e não distanciada, obviamente, desse objecto. A eficácia final seria dar ao público alvo exactamente aquilo que quer para que o proveito fosse mútuo.
Tudo isto a propósito de Surrogates - Os Substitutos, o mais recente veículo de Bruce Willis. A falta de originalidade patente no projecto faz com que se tenha que investir tudo o que se pode no marketing. A ideia de que as máquinas nos vão substituir cada vez mais, começando no mais trivial até àquele limite razoável, não é uma ideia nova, tão pouco é a ideia de perfeição inerente. O filme entra por aí e há pouco mais a descrever, porque pouco mais se passa; foi aqui que o valioso marketing atacou sem travão. Não sei se por consciente decisão dos produtores, que sabendo que tinham um produto mais do que medíocre nas mãos, resolveram apostar numa manobra de venda da maior qualidade; ou se essa mesma manobra pela qualidade ofusca o produto que vende. Engana-nos esta publicidade porque nos leva a crer que vamos ver algo de bastante melhor do que uma revisitação vulgar de um tema batido.
A mensagem, as questões, as dúvidas, a perfeição a dualidade Homem-máquina está mais presente em três posters do que em duas horas de filme.


Kayla

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Óscar Duo

Já se começa a preparar a próxima cerimónia dos Óscars e a busca para o próximo apresentador já começou. Desde que nesta última cerimónia se resolveu, e bem, dar uma cara lavada a uma cerimónia que já começava a acusar algum cansaço, há que manter esse mesmo registo. Como diz o ditado, em equipa que ganha não se mexe, os produtores já foram atrás de Hugh Jackman, apresentador da última cerimónia. Ao ter educadamente recusado o convite, e tendo Ben Stiller depois feito o mesmo, pergunta-se agora qual será o nome que se segue. Não será um, mas ao que tudo indica, dois. Fala-se de Steve Martin e Alec Baldwin a apresentarem conjuntamente, fenómeno que não acontecia desde 1929. Já que estão numa de trazer nomes antigos de volta, que tal convidarem Whoopi Goldberg, cujas duas cerimónias atraíram as mais elevadas audiências?

Opening Theme

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Fák Yu áll Démokrratz

O Governador da Califórnia, antigo Conan e Exterminador tem uma nova forma de se dirigir aos inimigos. É que agora, num despacho de resposta a um membro da assembleia geral, Schwarzenegger juntou, subtilmente as palavras "fuck you" na vertical, como primeiras letras de cada linha. Claro que face a isto, cada um reage à sua maneira: uns acham que seja propositado, outros, como logicamente o staff do Governador, uma estranha coincidência. Claro que foi uma coincidência; que tinha a probabilidade de 8 mil milhões para uma de acontecer (conclusão das contas do jornal The Independent)!

Charlie Wilson´s War

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Armados com Facebook é Doce.

Não relacionadas com cinema, esta semana li algumas das notícias mais estranhas dos últimos tempos. Cada uma delas estranha e polémica à sua maneira, não deixam de fazer parte daqueles fenómenos que esporadicamente surgem e nos põem a falar.

No Domingo, foi detido em Covas do Barroso o padre Fernando Guerra por supeitas de posse ilegal e tráfico de armas. A detenção foi feita no final da missa, esperando a GNR que o pároco se desparamentasse, para proceder às buscas. Este incidente foi amplamente noticiado, mas devo dizer que o que mais gostei foi o do "i" de terça-feira que noticiava sob o genial título de "O Crime do Padre Armado". Não faltam citações dos locais, que oportunamente desconfiavam há muito tempo, e que sabem que, mais cedo ou mais tarde, o padre voltará.."A população vai aceitar o regresso, vai. É tão natural como a sede. Todos lhe têm medo"... pudera não, há quem não tenha medo agora de não dar no ofertório?

O facebook parece ser obsessão global, melhor companhia de quem trabalha, e óptimo passatempo daqueles que estão mais livres. Grupos surgem ao pontapé com os mais variados temas, grupos de causas e ódios formam-se e há quem obsessivamente cresça nos Mafia Wars e Farmvilles. Parece que agora temos também uma outra boa nova.. A eleição da Miss e Mister facebook 2009! A Miss está escolhida e é portuguesa! Tarefa que a 'obriga' a passar três horas por dia ao computador para dar conta das suas responsabilidades! Mais, há a probabilidade de o Mister ser também português através de sondagens recentes! Qualquer dia temos a Mónica Marques ao lado do Cristiano Ronaldo no Madame Tussaud.

Finalmente o que mais temos visto e especialmente ouvido(!) ultimamente é a nova campanha do Pingo Doce. O anúncio, invulgarmente comprido, e a música assustadoramente ridícula, da-nos que pensar. Foi de propósito, ou é involuntariamente cómico? A propósito deste anúncio, Bruno Nogueira falou na TSF e fez um comentário, no seu habitual modo sarcástico e incisivo que não deixa escapar nada. Cruzamento de histórias: já há no facebook um grupo de gente "que não grama o anúncio", assim como um quizz para saber que cliché do Pingo Doce és tu? Sabe bem gostar tão pouco...

Trial By Fire

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Jar Jar Cameron, o Avatar de James

James Cameron está de bico calado há 12 anos desde que fez Titanic, tudo porque tem estado em preparação para o seu próximo filme, este Avatar, que se prevê revolucionário em termos de efeitos visuais. Da história em si pouco se sabe, mas do que nos foi dado a ver, parece que Cameron foi possuído pelo mesmo espírito que fez descambar George Lucas na Ameaça Fantasma de Star Wars. Tudo aqui é digital, e para um hype tão grande, a previsão não é a melhor. Esperemos que nos engane.

sábado, 24 de outubro de 2009

Mr & Mrs Duplicity


É inevitável, ao sabermos da premissa deste filme, não fazermos paralelismos com o primeiro date de Brad Pitt e Angelina Jolie, há quatro anos atrás em Mr. & Mrs. Smith. Onde ali o produto estava mais virado para a pipoca, o barulho e a diversão, aqui está mais virado para a selectividade, o raciocínio e o gozo intelectual. Esclarecido fique que não se deve nunca considerar estes como produtos rivais, porque apesar das aparentes e numerosas semelhanças, igualmente variados são os pequenos detalhes que muito os afastam.

Numa narrativa a transbordar de flashbacks, somos apresentados a Claire Stenwick e Ray Koval, a trabalhar para companhias rivais, que parecem partilhar muito mais do que um passado como agentes secretos. Todos se têm em extrema boa conta, assim como não substimam ninguém; a falta de confiança alheia é algo que está sempre presente, porque como sensatos que são, sabem que podem ser vítimas de algo que eles próprios são capazes de fazer. A maneira como a história nos é contada está nas hábeis mãos de Tony Gilroy que só nos deixa saber aquilo que ele quer que saibamos. Intrigas e reviravoltas a mais podem jogar contra mas também a favor; acho que é tudo uma questão de coerência e de habilidade. Fôra a história desprovida destas reviravoltas em excesso, ser-nos-ia mais fácil descobrir o que não tínhamos (ainda) que saber.

Tony Gilroy tem sido um caso de sucesso, tendo como mais marcantes os seus argumentos para toda a saga de Jason Bourne, O Advogado do Diabo e mais recentemente o seu definitivo salto em Michael Clayton, pelo qual conseguiu uma nomeação ao Óscar de Melhor Realizador. Contidamente deu-nos provas de que os seus trabalhos eram dignos de registo e com óbvias provas de qualidade. Nesta sua segunda incursão pela realização, Gilroy não se afasta do género no qual se mostra à vontade, dando-nos personagens fortes e decidas, porém atípicas que quer num registo mais dramático ou comédico comunicam através de fortes e inteligentes diálogos que as caracterizam e destacam. O que Duplicity tem de bom, é que os ingredientes para que fosse esquecido ou rebaixado estavam lá, mas foram contornados. Regressámos aos antigos capper-movies dos anos 50-60 com espiões que querem enganar tudo e todos. Sabe bem ver que quando as coisas são bem pensadas e inteligentemente executadas, os revivalismos são mais que bem vindos.

Tully's Letter

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Os Informadores são Uns Infames.

Está nas salas o novo filme do representante por excelência da Geração X, Brett Easton Ellis, Os Informadores. Fiel ao seu estilo e à sua corrente, esta é mais uma história ambientada nos anos 80, em que a futilidade, as drogas, e a vanidade dominam. Muito ao estilo do superior American Psycho, esta incurssão entra pelos meandros de uma sociedade endinheirada e amoral, que se move à beira do abismo.

Contrariamente ao que sucedeu com American Psycho, a adaptação aqui não correu tão bem. Corrijo, não correu bem de todo. American Psycho é um filme genial, equilibrado, bem conduzido e concretizado; este Os Informadores peca por ser um mais do mesmo, sem os mesmos recursos, o mesmo orçamento, o mesmo dinheiro. O facto de a história, ou histórias que lhe servem de base serem desprovidas de interesse, não parece ajudar à festa. Nunca nos sentimos verdadeiramente embrenhados, nem agarrados ao filme, porque se por um lado a história nos perde dentro da simplicidade, os seus personagens afastam-nos pela falta de interesse. Não há um mobil, um interesse ou uma característica marcante; há uma sucessão de acontecimentos triviais dentro da anormalidade, e um conjunto de detalhes que, pensaria qualquer um, estariam lá para uma razão mas não.

Mostraram-nos vários flmes com núcleos diversos, e histórias paralelas, que a convergência para um acontecimento final, é não só recomendável, como necessária, mas só quando fôr bem feita (ver Magnolia de Paul Thomas Anderson). Ao fim de 90 minutos (curta duração para um filme normal, mais ainda para um pretensiosamente complexo) parece-nos que passaram 3 horas. Uma coisa há que fazer justiça, se o objectivo do filme é criar no espectador um sentimento de alienação, despreocupação e raiva, como se quer fazer acreditar que sejam as características das personagens, então missão cumprida. Se, por outro lado, o objectivo era o de nos fazer passar uma mensagem (seja ela qual fôr) um moralismo, ou uma crítica social, então tanto pior.

Walking On Sunshine

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Enxurrado para Casa

O tempo parece não se decidir. Confrontados com isso, saímos todos de casa e chegamos ao destino com um ar deslavado e desgrenhado; a chuva lava a cidade, mas parece deslavar-nos. Apesar disso gosto de chuva. Não me vejo a viver num ambiente soturno que vive permanentemente num clima de chuva ininterrupta, mas estes dias que hoje começam fazem-me relembrar o quanto já tinha saudades e o quanto realmente gosto deles. Não acredito, mesmo, que seja o único a pensar assim. Por adorar uns bons dias de chuva, não significa, forçosamente, que os prefira. Nada melhor que dias de sol, com calor para neles fazer o que se queira; mas enquanto que esses dias, logicamente, nos obrigam a sair de casa, estes forçam-nos a ficar, o que não é nem pode ser mau. Muitos de nós podemos ter a sorte de em casa nos sentirmos bem, seja sozinho, seja acompanhado para gozar (ainda que inconscientemente) da casa onde vivemos e onde nos afeiçoamos. Quanto ao que me diz respeito, sim gosto deste tempo.

Kissing In The Rain

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Bela Guerra

James Newton Howard - War

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Not Falcons Millenium, but Larsson's

Pouco depois de Stieg Larsson entregar à sua editora o terceiro volume da trilogia Millenium, morreu subitamente sem saber o êxito que teria a sua obra. Não tardou a adaptação cinematográfica desta, que agora está a dar um novo impulso à história. Este primeiro capítulo da história, agora adaptado ao cinema, (Män som hatar kvinnor) O Homem Que Odiava As Mulheres, centra-se na peronagem de Mickael Blomkvist, jornalista sueco que é contratado por um magnata para que investigue a morte de uma sua sobrinha, sucedida há 40 anos, e que até ao presente continuava um mistério. O que torna este primeiro capítulo interessante é um regresso ao bom velho género do whodunnit, mas dentro de uma família. O crime só pode ter sido cometido por um dos membros da vasta família; resta agora saber quem e porquê passadas quatro décadas. As duas horas e meias, e o ser falado em sueco, pode e será, sem dúvida um entrave ao grande público. É simultâneamente bom e mau que assim seja. Bom porque o que arruinou a grande parte das adaptações de obras de culto (falo logicamente das americanas) foi a adesão em massas, que provoca uma facilidade em florear, o que não deve ser floreado, reduzir ou cortar o relevante e banalizar o peculiar. Mau porque a probabilidade de, apesar do seu fenómeno de culto, o filme passar despercebido é grande.
As quase três horas de duração acabam por ser uma necessidade, a história não poderia ser contada de outra maneira. Se certos detalhes ou subplots fossem omitidos, retirava pujança á história e densidade às personagens. Aliás, uma duração de 158 minutos não é, de todo, um entrave a nada, quando a hstória é bem contada e tudo se desenvolve de forma fluída e natural.
Ficam-nos a faltar mais seis horas de história, nos dois filmes que aí virão. Resta é saber quando...

Warning Cry

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Maitêmjeito?

Por esta hora, poucos devem ter sido os que ainda não viram o vídeo que circula pela net de Maitê Proença a gozar com os Portugueses. O vídeo é de 2007, mas só agora é que estalou a polémica e a fúria. Em 5 minutos, goza abertamente com Sintra, Salazar, com os Jerónimos, e passa-nos um atestado de estupidez com um ar de superioridade e desdém revoltantes. Acho que não é preciso ser-se extremamente patriota para não ficar revoltado ao ver o vídeo. Todos já sabíamos que somos o alvo das anedotas de lá, que a língua que falam é o "brasileiro", que a nossa história e cultura (que lhes serve de génese) lhes é desconhecida; ainda assim, nada nos faria esperar um vídeo tão publicamente escarnoso, tão pouco o podemos encarar como mais uma anedota. O caso é grave. Durante dois anos até à sua ressurreição pelo Youtube, o vídeo por aí andou sem que nenhum feedback tivesse passado do lado de lá do oceano - como interpretar isso senão como um fait-diver? O que se passa no vídeo é indescritível, a reacção das apresentadoras do programa vai pelo mesmo caminho; embarca tudo no mesmo gozo, na mesma falta de profissionalismo e abundante estupidez como a peça em si.
Face a toda esta polémica, surgiram abaixo-assinados online para que a actriz fizesse um formal pedido de desculpas. A minha pergunta é, porquê? Um pedido de desculpas forçado tira-lhe o mérito, além de que aqui nunca o teria - foi um vídeo pensado, aprovado e divulgado.

Confrontada com esta situação, tem a destreza mental para dizer que os livros que escreve vendem muito bem "lá na terrinha" e que "é chato o pessoal que não sabe lidar bem com o humor". Isto não é humor, é estupidez e decadência a toda a prova. Se não sabíamos, ficamos a saber, o cair em desgraça tem destas coisas: envergonhar-se em actos públicos, e defender-se ainda se enterrando mais. É caso para dizer que trouxe a pá, cavou o buraco, tapou-se e lá ficou, tudo sozinha, sem ajuda. Vale a pena desenterrar?

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O Karma da Estrutura da Repetição

O mundo continua a precisar de comédias românticas. A falta de originalidade é patente e já foi aqui largamente discutida, mas cumpre saber se devemos ou não considerar isso um defeito, ou uma obrigatoriedade. Por mais exigente que o espectador seja, o que é facto é que a originalidade que muitos procuram e exigem, esgota-se - e isto vale para qualquer género de cinema. O objectivo desta crítica não é tanto a de defender a extinção desse género denominado comédias românticas, mas antes mostrar o porquê da minha falta, cada vez maior, de apatia por este tipo de cinema.

Aos romanticos incuráveis não lhes basta sê-lo apenas no dia-a-dia, em atitudes, julgamentos ou acções; precisam também de uma dose de romantismo ficcionado e exagerado que procuram em livros, filmes, séries ou novelas. O facto de não partilharmos os mesmos gostos, não pode necessariamente defenir-nos como cínicos, só não precisamos daquela dose de açúcar que até para os não diabéticos é demais. Tudo isto, porque ontem, e ao engano, caí numa dessas. Uma pequena coisa chamada The Accidental Husband - Marido Por Acidente. Se a exposição até agora ou o título, por si só, não foram suficientes para dar a entender o que temos em mãos, fiquem só sabendo que tudo gira à volta de um bombeiro que resolve arruinar a vida da bem sucedida locutora de um programa de rádio que acabou com a sua relação. Não é preciso ser propriamente óraculo para adivinhar o fim, nem o resto do enredo que nesta frase não descrevi. A linearidade, a curta duração, as personagens secundárias funcionais e a música de comédiazeca divertida estão todas lá, mas se às vezes podem resultar num produto mais ou menos sofrível, aqui torna-se doloroso. Até que ponto é que é exigível que as comédias romãnticas sigam sempre o mesmo esquema? Quão diferente para o espectador pode ser uma mulher bem sucedida dividida entre o namorado bem sucedido e alguém que começa por odiar, mas com quem acaba por ficar? Não levem a mal se acharem que revelei mais do que devia sobre o Marido Acidental, mas como escrever este post sem o fazer inadvertidamente? Atenção, tal como comecei por explicar acima, não é só este género que é vítima deste mal, acaba por ser a indústria em geral, por a crise de ideias ser mais do que consequente e expectável; consequência disso são as repetições de ideias, revisitações de fórmulas ou mesmo reinvenção das mesmas. Seja como fôr, para quem não se importa com isso, descansem, há happily ever after por muitos e bons anos.

James Newton Howard Suite

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

McBilly

Até recentemente, o Big Mac não era só o menu mais pedido no McDonalds, era também uma referência para comparar o poder de compra em cada país. Se este facto parece estranho, não menos é o novo herdeiro desse indicador: a estante Billy do Ikea.
Através do índice Big Mac, lançado em 1986 pela revista The Economist, Hong Kong era das cidades mais baratas, sendo Zurique, das mais caras (Oslo é a mais cara).
Rídicula achamos esta notícia quando é sugerida uma estante de que nunca ninguém ouviu falar para aferir o poder de compra em cada país, mas se o IKEA é o McDonalds da indústria do mobiliário, não será assim tão descabido. Vamos lá todos marchar para Alfragide ver quanto nos custa uma Billy, ou até à próxima esquina ver a quanto está o Big Mac!

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Palavras Mágicas e Nostálgicas

"Eu hoje pareço estar com uma adversativa militante"

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Interpolanski

Roman Polanski foi preso, há 3 dias em Zurique. Para quem não está familiarizado com a história pessoal do realizador polaco, fique sabendo que dava para um filme com tantos ou mais incidentes do que aqueles que filma.

À parte da sua longa e prestigiada carreira que inclui filmes tão conceituados como Rosemary's Baby, Chinatown e mais recentemente, O Pianista, Polanski fora casado com Sharon Tate que, em Agosto de 1969, grávida de 8 meses, foi brutalmente assassinada em Beverly Hills juntamente com quatro amigos, pela "Família" de Charles Manson. 8 anos depois, Polanski viu-se envolvido num escândalo sexual envolvendo Samantha Geimer, na altura de 13 anos. O acto não foi negado pelo próprio, e após se ter dado como culpado, submeteu-se a uma avaliação psicológica que durou 42 dias. Confrontado com a continuação da pena, Polanski fugiu dos Estados Unidos para Londres e um dia depois para Paris; ora, fiel ao tratado de extradição com os Estados Unidos, França pode escusar-se a extraditar os seus cidadãos (Polanski tem dupla nacionalidade - polaca e francesa). Desde então, Polanski manteve a sua residência em França, e evitou viajar para países que pudessem facilitar a sua extradição para os Estados Unidos.
Até agora. Ao chegar a Zurique, para onde viajava para receber um prémio de carreira, Roman foi preso pelas autoridades Suíças. A detenção surgiu no seguimento da descoberta de investigadores americanos, dos planos da referida viagem, o que deu ao governo americano tempo suficiente para negociar com o suíco a apreensão. Apesar do ordem de captura existir desde 1978, e figurar na lista encarnada da Interpol há já alguns anos, só desde 2005 é que os EU requereram, mundialmente, a sua apreensão e extradição.

Pendente fica o extremamente interessante projecto que acabara de filmar na Alemanha, "The Ghost" com Pierce Brosnan, Ewan McGreggor e Kim Catrall. O que se passará daqui para a frente? Não sabemos se este projecto ficará no limbo eterno, já em fase de pós-produção. É de recordar que as "facilidades" que teve após aquele incidente foram mais que muitas. Em 77, no seguimento das acusações, foi-lhe permitido terminar o projecto que tinha em mãos; em 2002 foi-lhe atribuído o Óscar de Melhor Realizador por "O Pianista" e o Ministro da Cultura francês a vir dizer publicamente que esta detenção não faz qualquer sentido, uma vez que as acusações já são tão antigas e sem nexo que não deviam afectar alguém que fez tanto pela arte.
Opiniões formem-nas como quiserem, mas Polanski, übermensch por 30 anos, pode ver essa superioridade ameaçada.

Don't Forget The Rules

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Trabalha, que és lindo

Esteve uma semana com um tempo óptimo, a fazer-nos pensar como verão deveria ter sido e não foi. Quase parece de propósito, não trabalhei dois dias; fiz algo muito mais entusiasmante: estive em casa a curar uma gastroenterite que meteu todas aqueles episódios agradáveis que se conhecem, assim como também hospital. Hoje, já estou de volta! Não à forma física mas ao trabalho(!!).

The Arctic

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

...a giant leap for mankind

Aqui há uns tempos fiz um post dedicado a um novo compositor que tinha redescoberto. Brian Tyler mereceu-o, porque continua a ser presença indispensável nas minhas listas, mas ao ter-lhe feito um post, não poderia, porém descurar outros. Tyler está longe de ser o meu compositor preferido, John Powell, James Newton Howard e Trevor Rabin continuam a ocupar esses lugares. De qualquer forma, nos últimos tempos, cada vez mais me tenho vindo a aperceber que desse topo, senão mesmo na frente deverá estar um artista cujo talento e trabalho tem dado provas mais que provadas. Falo de Craig Armstrong. Este escocês tem a sua formação na Royal Academy of Music, e a sua experiência não se ficou somente pela composição clássica. Colaborou com diversos grupos de electronica, mais concretamente com os Massive Attack. Para o público em geral, é bem capaz de ter sido essa a área em que mais se destacou. Para mim, porém, e previsivelmente, foi na composição clássica.

Todos os compositores têm um óbvio fio condutor, um estilo a que obedecem; estilo por si definido ou em si criado pela formação músical que tiveram. Num texto que há alguns tempos li, falava-se de como cada compositor se tornava identificável por mais eclécticos e díspares que os seus trabalhos fossem, mais longe ainda ia a opinião(que subscrevo) que há um quê da etnia que se mantém. John Williams identifica-se à légua como Americano: as fanfarras que escreve, os instrumentos que usa, são apelativos mas na sua maioria pouco sumarentos. Hans Zimmer, por seu lado tenta fazer o mesmo, mas como a sua influência germânica pesa bastante, existe um cruzamento de vivências e estilos que resulta numa riqueza maior, ainda que mainstream. Armstrong transparece a sua influência britânica em cada nova partitura. Sendo todos os seus trabalhos, maioritariamente intimistas, talvez seja por isso que não estejam tanto no ouvido e no conhecimento de todos.
Armstrong compôs um inacreditável Bolero para o conhecidíssimo Moulin Rouge que passa assim que o filme termina. Em 7 minutos de música, Armstrong compõe a tragicidade que Baz Luhrman filmou. Em Elizabeth: The Golden Age, Armstrong herdou a batuta de David Hirschfelder, nomeado a um Óscar, e tendo umas altíssimas expectativas para igualar, superou-as de longe. Compondo a meias com A.R. Rahman, surgiu aquele que talvez seja o melhor e mais coerente trabalho de ambos: uma soberba obra que mistura os dois estilos, para uma história de época. Opening, Bess and Raleigh Dance, Mary's Beheading, Bess to See Throckmorton, Closing falam por si. Até para um filme de qualidade menor como The Incredible Hulk, Craig criou uma partitura de tal forma superior que convenceu o estúdio a editá-la numa edição de 2 discos e 45 faixas. Em poucas semanas, tornou-se das bandas sonoras mais vendidas da História. Já por duas ocasiões diferentes, publiquei aqui uma das minhas composições preferidas de sempre, precisamente deste filme, chamada Favela Escape. Quase tão boa é The Flower. I Can't, Bruce And Betty, Give Him Everything You Got, são igualmente muito boas.

Se realmente este for um post que lhes faça sentido, não deixem de descobrir ou redescobrir este compositor. Garanto-lhes que vale bastante a pena.

Mãe, muitos parabéns pelo dia de hoje.

domingo, 20 de setembro de 2009

Clint Mansell - The Fountain (O Último Capítulo)

O filme a que este disco serve de base é dos mais difíceis e peculiares filmes que alguma vez vi. The Fountain - O Último Capítulo, conta a história de um homem, médico, obcecado com a doença terminal da sua mulher, e que faz do seu objectivo procurar uma cura. Paralelamente é-nos contada uma história 500 anos antes, e outra 500 anos depois. Em todas três, o enredo gira à volta da busca da vida eterna, sendo as ilacções tiradas e discutidas pelo espectador.
Sendo este um filme obviamente filosófico e intimista, a banda sonora não teria como não o ser. O que Clint Mansell fez, foi criar uma partitura que além de se enquadrar de forma totalmente harmoniosa com as imagens, funciona igualmente bem, se não melhor, sem elas. Veja-se o exemplo de "Together We Will Live Forever", tema principal do filme, e que só é ouvido já nos créditos finais: é de simples execução (só há um piano), mas de pesada descoberta. Honestamente, é das melhores faixas que já ouvi, e a escolha de não a ter a passar durante o filme revelou-se acertada; a mera distracção das imagens poderia tirar força à peça, mas ainda assim, para quem viu o filme, e o perceba, faz de facto todo o sentido ouvi-la tendo a história já sido integralmente contada. Em "Holy Dread!", "Tree Of Life" e "Death Is The Road To Awe", a percussão é mais marcada, assim como os coros, não se afastanto da temática central, especialmente a última, que acompanha o climax do filme, e que tal como ele é um dos pontos altos da obra.
Esta banda sonora, composta por Clint Mansell, teve a particularidade ter sido tocada pelo Kronos Quartet, e pela banda de rock Mogwai que resultou numa simbiose de diferentes estilos. Duma colecção de cerca de 300 bandas sonoras, é complicado eleger alguma como a preferida, porque por melhores que algumas sejam, têm sempre algumas partes menos boas; com The Fountain, isso não acontece. Poderá, para alguns ser preciso mood para a ouvir, mas para os que não fôr e queira descobrir um trabalho soberbo, daqui não sai desiludido.

Track List:
1. The Last Man 2. Holy Dread! 3. Tree Of Life 4. Stay With Me 5. Death Is a Disease 6. Xibalba 7. First Snow 8. Finish It 9. Death Is The Road To Awe 10. Together We Will Live Forever

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A Idade da Indecência

Já estamos todos fartinhos de saber que séries só vendem com gente bonitinha à frente. Cai um avião numa ilha deserta, cheia de desconhecidos talhados para sex symbols; uma sociedade de advogados com dramas amorosos que mais parecem backstage de um desfile; vivos, mortos, presos, livres, ricos pobres, todos estão convenientemente deslavados num arranjo pouco natural. O mesmo podemos dizer das supostas idades das personagens que alguns actores encarnam. Basta olhar para todos as séries (e filmes, claro está) onde as colegiais parecem saídas de uma fraternidade de veteranos de faculdade, e os pais parecem poucos anos mais velhos. Para isso vejamos um exemplo paradigmático: na genial série Nip/Tuck veja-se as personagens de Joely Richardson e John Hensley, que faziam de mãe e filho, quando na realidade tinham 12 anos de diferença. A explicação desta pequena curiosidade pode prender-se mesmo até com a própria mensagem da série: o conceito de beleza e perfeição em que a sociedade se afoga, faz recorrer a estériotipos que no ecran resultam, mas cá fora não. Nunca a velha suspension of disbelief fez tanto sentido.

Rock The Casbah

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O Corredor da Morte

No Corredor do Poder desta noite, quando perguntada sobre o desempenho do seu líder, Jerónimo de Sousa, no debate com Sócrates, Margarida Botelho diz, com toda a franqueza: "Lamentavelmente não assisti ao debate do líder do meu partido porque estava na festa do avante!" Brilhante! Melhor, segundos depois, a Ana Drago é-lhe perguntado o mesmo quanto a Francisco Louçã: "Pois...eh..eh.. eu também não vi o debate por estar ausente, nem tive oportunidade de o ver desde então"!

The Hand Of Fate

quarta-feira, 9 de setembro de 2009