O Dialecto está de cara lavada. Quer dizer, primeiro que tudo, não tem cara para lavar, tem uma imagem a renovar. Talvez não tenha passado tempo suficiente para justificar esta alteração, mas achei que, em todo o caso, o devia fazer. Fiel ao seu nome, e à minha missão, o dialecto continua a palrar as suas baboseiras, sujeitas e ansiosas de críticas, por crescer ser o mais importante. A linguagem é a mesma(não cedo ao acordo), os assuntos são os do costume, os leitores esperam-se ser os mesmos, e com sorte outros tantos que consiga entusiasmar.
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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Noves Fora...Nada

Noves fora nada, é a conclusão que a maioria tira ao sair da sala de cinema. Aliás, nada do que escrever aqui é novidade ou começo de uma tendência; o entendimento e a opinião generalizada é de que um filme tão cheio de talento pareça tão vazio.

Chicago, há sete anos, afastou o público da mesma maneira que Moulin Rouge, dois anos antes, o havia atraído e Rob Marshall reincidiu na arrojada tarefa de conduzir ao grande ecrã um premiado e renomado músical da Broadway e, à semelhança do que fez com Chicago não maravilhou, ou mais, piorou. Se com Chicago tinha a fasquia alta para superar, com Nove, tinha-a elevadíssima e espalhou-se tal foi a ambição.

Se formos a ver, não está, tecnicamente, nada de errado com Nove. O (muito) bom elenco está lá, o argumento não destoa, e Rob Marshall sabe filmar de forma agradável, firme e eficaz. mas para um filme desta envergadura, queria-se mais do que a superficialidade; é o que separa um bom número músical ou videoclip de um filme de duas horas.

Se a agora defunta Miramax estivesse ainda em exercício, não era de todo difícil descobrir de onde tinha vindo este filme. Veio dos irmãos Weinstein - que não deixa de ser a mesma coisa - um filme pensado, executado e publicitado para a época dos prémios. E vai tê-los, ou pelo menos, ser nomeado a eles.

Eis a mais pura injustiça de Hollywood: muita parra, pouca uva.

Be Italian

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Globos de Ouro

O caminho para os Óscars abriu, oficialmente, ontem à noite; não por a lista dos nomeados ter sido anunciada, mas por terem sido anunciados os vencedores dos Globos de Ouro. Desde o seu princípio que os Globos de Ouro quiseram, não "oficialmente", fazer frente aos prémios da Academia. Missão frustrada, mas não se morre por isso - está, por seu lado, na linha da fente nos prémios televisivos.

O ano que agora se está a premiar parece estar a ser sui generis - Up In The Air, a que a crítica não tem poupado elogios, ficou-se pelo melhor argumento. Depois, temos lá Robert Downey Jr., a ganhar por Sherlock Holmes - que não vai acontecer nos Óscars, Meryl Streep por Julie & Julia, idem, bem como Sandra Bullock que parece determinada a mostrar que não caiu em desgraça, por mais evidências em contrário.

A lista de nomeados dos prémios da Academia não tarda aí, até lá, as várias cerimónias menores apresentam as suas escolhas, convenientemente estreadas nas vésperas, enquanto que nós, por alguma razão que me ultrapassa, só as veremos, quando em Hollywood se estiverem a apanhar as canas.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A Dança dos Reboots

Não fora a oferta de adaptações ao cinema de filmes de super-heróis já suficientemente alargada, parece que não mostra sinais de abrandar. Hollywood tem feito proliferar as adaptações a um ritmo crescente, assustador e desnecessário, não aprendendo os grandes estúdios com os seus erros, nem tão pouco conseguindo antecipar o falhanço de projectos condenados desde a sua génese.
Se por um lado houve adaptações que resultaram extremamente bem, refelctindo-se tal valor, não só em receitas como em críticas, por outro, casos houve em que não foram para além da boa vontade ou da ambição.

Acontece que surgiram segunda-feira, dia 13, notícias, de que a próxima sequela do Homem Aranha havia sido cancelada. Ainda nos iniciais estados de pré-produção, e debatendo-se com questões de timing de filmagens e re-angariação de elenco, foi decisão do estúdio optar pelo final cancelamento desta sequela e apostar na revisitação do franchise.

Qualquer que seja a abordagem a este tema, há problemas para todos os gostos.
Era precisa uma nova sequela? Para quem gostou das três anteriores, então quer parecer que sim, a avidez por novos enredos, efeitos especiais e malabarismos a meio-ar parece não iria mal vista, reflectindo-se, à semelhança dos anteriores, em receitas milionárias. Para quem aqueles filmes não disse nada, vai achar perfeitamente desnecessária, problema, no entanto, resolvido, basta meter o dinheiro ao bolso ou optar por outro filme.

Com o cancelamento da nova sequela, é necessário o recomeço? Não. Acho que não deve haver muita gente que tenha ficado aliviado com esta notícia, nem tão pouco quem a tenha achado coerente. Opiniões à parte, quando um filme, ou neste caso, uma trilogia, baseada numa banda desenhada de sucesso, com uma incontável legião de fãs, é alvo de um recomeço com uma equipa e elenco novos, nem se pode dizer que seja uma decisão estratégica. É desperdício de dinheiro, é descrédito às obras anteriores, e possibilidade de não retorno financeiro. O reboot da saga de Batman revelou-se plenamente justificado e inteligente, não por ser a coisa mais necessária do mundo, mas porque as últimas incursões a cargo de Joel Schumacher foram dos mais atrozes ataques à inteligência e ao bom senso; reflectiram-se em buracos financeiros e críticas negativas cerradas. Já Hulk, teve um reboot 5 anos depois sem os mesmos efeitos.

Como é que se explica que uma trilogia que rendeu quase 2 biliões e meio de dólares em todo o mundo, justifique, 3 anos depois um recomeço do zero?
Não me sinto "pessoalmente" atacado; na minha opinião não foram as mais bem conseguidas adaptações e as duas sequelas (contrartiamente ao entender crítica especializada) foram dos piores filmes que me lembro de ter visto.
Por isso, e afinal de contas, para mim, se calhar nem são tão más notícias quanto isso: vão refazer uma banda sonora que até nem desgostava em miúdo; mas se é necessária, inteligente e racional esta escolha, de investir, tão pouco tempo depois, tanto dinheiro num projecto bem sucedido em detrimento de outros, não, não é.


Alone

sábado, 9 de janeiro de 2010