O Dialecto está de cara lavada. Quer dizer, primeiro que tudo, não tem cara para lavar, tem uma imagem a renovar. Talvez não tenha passado tempo suficiente para justificar esta alteração, mas achei que, em todo o caso, o devia fazer. Fiel ao seu nome, e à minha missão, o dialecto continua a palrar as suas baboseiras, sujeitas e ansiosas de críticas, por crescer ser o mais importante. A linguagem é a mesma(não cedo ao acordo), os assuntos são os do costume, os leitores esperam-se ser os mesmos, e com sorte outros tantos que consiga entusiasmar.
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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Playstation for Young Adults - Sucker Punch

As primeiras impressões que li arrasaram completamente Sucker Punch. Passados alguns meses, as opiniões não mudaram e os seguidores de culto teimam em não aparecer, e percebe-se porquê. Tentou ser um filme de “ou se adora, ou se odeia”, um universo paralelo retro bêbado em esteroides, em que passados 20 minutos do filme começar, estamos à procura da consola para controlar as personagens.

Embora visualmente soberbo, a nível de narrativa, deixa muito a desejar, e se é verdade que em muitos filmes que apelidamos de “guilty pleasures” isso não é necessariamente um problema, aqui é. Nada faz sentido, o non-sense vai além do intencional e é-nos impossível deixar de não pensar o que poderia ter resultado, se tivesse havido um bocadinho mais de contenção e um bocadinho menos de exibicionismo. O que o realizador Zack Snyder pareceu não ter processado é que não é a característica kitsch ou infantil da história que mina o filme, é a falta de controlo nos devaneios que o torna risível para adultos e desapropriado para miúdos.

Emily Browning - Sweet Dreams (Are Made of This)

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

In Time - Bonnie and Clyde do Futuro

Andrew Niccol beneficia muito em ter tido a sua estreia em cinema com o fantástico Gattaca em 1997. Era uma história inovadora, um estilo visual único e uma atmosfera adequada. Passados 10 anos, In Time, é apenas o seu quarto filme e, talvez com a excepção de O Senhor da Guerra, pouco ou nada mudou. A temática de um futuro em que as diferenças sociais são mais acentuadas que nunca e um membro dos desfavorecidos insurge-se contra o sistema, levando como refém (que se revela voluntária) a filha do mauzão, está explorada à exaustão. A nuance aqui é a de o tempo ter passado a ser a moeda de troca. Basicamente, as pessoas deixaram de ser obcecadas por dinheiro (porque já não existe), mas com tempo que têm em contagem decrescente no braço esquerdo.

É certo que um filme deste género e com esta história não vai cativar quem não gosta de ficção científica. Mas, para todos nós que gostamos, o maior problema está em, à medida que o filme avança, conseguirmos decidir se a história é brilhante ou absurda. Com buracos narrativos descomunais e uma previsibilidade, às vezes, desconfortável, o que nos continua a agarrar é a curiosidade pela forma como as personagens chegarão ao destino previsto. Umas vezes mais que outras, elas acabam por fazê-lo exactamente da maneira que esperávamos, mas não nos importamos, porque ainda assim há mestria na forma como Niccol dirige o filme. Ajudado (e muito) por uma soberba banda sonora do mestre Craig Armstrong, este é um filme ao qual os simpatizantes do género, e que desconhecem o estilo de Niccol, poderão dar o benefício da dúvida. Quem conhece esse estilo, vai achar estranho como é que em todos os seus filmes, Niccol escolhe filmar sempre nos mesmos locais: a mesma cidade, as mesmas ruas, as mesmas pontes e uma fotografia a abusar sempre dos amarelos e dos verdes.