O Dialecto está de cara lavada. Quer dizer, primeiro que tudo, não tem cara para lavar, tem uma imagem a renovar. Talvez não tenha passado tempo suficiente para justificar esta alteração, mas achei que, em todo o caso, o devia fazer. Fiel ao seu nome, e à minha missão, o dialecto continua a palrar as suas baboseiras, sujeitas e ansiosas de críticas, por crescer ser o mais importante. A linguagem é a mesma(não cedo ao acordo), os assuntos são os do costume, os leitores esperam-se ser os mesmos, e com sorte outros tantos que consiga entusiasmar.
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terça-feira, 31 de março de 2009

Clarão na Neblina


Dead Can Dance - "Host Of The Seraphim"

Quando um filme me surpreende, não paro de pensar nele. Aconteceu-me recentemente no mais improvável dos filmes de terror. Desta última vez que fui ao Blockborla, resolvi comprar incluir na pilha The Mist. Ciente que nos últimos anos a qualidade dos filmes de terror tem vindo a decrescer de forma alarmante, achei que este poderia surpreender, talvez por ter como realizador Frank Darabont.
Stephen King é um escritor muito bem visto pela crítica, embora tendencialmente virado para o tema de terror, já escreveu sobre outros, e adaptações das suas obras são em barda, quer em cinema ou televisão. The Mist é mais uma nesse filão. O que este The Mist pretende ser é uma teorização sobre o comportamento humano, como reagimos à mais adversa das situações, e quem cede e como perante o medo e a falta de esperança. Enquanto filme, não é mesmo nada de especial, o que lhe vale é o seu final. Há muito tempo que não via um final tão cru, tão “brutal”, tão anti-hollywood. Foi condição de Darabont ao estúdio, que nem intervisse na montagem, nem vetasse o final. O que nos deixou foi uma conclusão violenta e fora do comum que nos deixa tão chocados e revoltados como a personagem sobre a qual incide.
The Mist não permanece na memória de ninguém no seu todo, mas sim pelos seus 10 últimos minutos que fazem nascer interesse e fascínio por um filme que já estávamos dispostos a esquecer.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Atmosferas

Se googlarmos atmosfera, logicamente ficamos a saber tudo ou quase tudo o que é possível sobre a "camada de gases que envolve (nem todos os casos) um corpo material com massa suficiente".
"Os gases são atraídos pela gravidade do corpo e são retidos por um longo período de tempo se a gravidade for alta e a temperatura da atmosfera for baixa. Alguns planetas consistem principalmente de vários gases e portanto têm atmosferas muito profundas." Pegando nesta explicação cientifica, vamos tentar perceber, ou eu tentar concluir o porquê da utilização deste termo quando queremos definir aquela sensação.

Há pessoas mais susceptíveis que outras a determinados ambientes, propensos a ter uma sensibilidade sui generis a determinadas coisas, que parecendo o mais comum possível, de facto não o são. Não acho que seja estranho; peculiar é, porque nem todos se predispõem à realização emergente da observação ou experiência de um pequeno grande momento que não defino por ser tão subjectivo. São pequenas coisas em que cada um se sente longe, não fisica (mas porque não?) mas mentalmente, tão longe que se "vê" num outro mundo tão seu mas tão improvável, ou outras vezes nostálgico que se abstrai de tudo o resto. Pode parecer a quem lê, que isto é dizer muito sem dizer nada, é divagar sem concretizar. Talvez não seja.

Um pôr do sol, um céu azul, uma tarde chuvosa, uma manhã, uma tarde, uma noite, uma praia, uma estrada, o vento e até um simples saco ao seu sabor cria em nós um sentimento em que nos achamos envolvidos (porém nem sempre!).É certo que a definição que acima transcrevi fala em massa suficiente, mas embora não tendo nada a ver, eu encaro esta massa suficiente como aquela categoria que atrás falei dos que têm a predisposição para se deixar mergulhar nessa atmosfera e de lá gostar estar. A forma como o a cena acaba, e que estranhamente está cortada deste vídeo, é com a aparentemente fatal mas poderosoa frase: "There is so much beauty in the world, that sometimes i feel like i just can't take it". A pujança desta frase tem o seu alcance máximo num seguimento, plenamente justificado onde está inserido, mas o que mostra também toda a sua força e veracidade (para aqueles que a queiram)é o seu inegável nexo num outro qualquer (correlacionado) contexto.

A continuação da citação fala em gases, atracção, planetas, etc. Será tão descabido assim, para mim não é, estabelecer um paralelismo entre isso e o que tenho estado a falar? Atmosfera é um conceito com vários entendimentos: além do científico, cada um, à sua maneira, lhe dá o seu. Fico feliz pelo que lhe dou, e acreditar que muitos mais por aí também lhe atribuem um seu entendimento, não à minha maneira, não no meu dialecto, mas num outro de raiz comum.

Any Other Name

sábado, 28 de março de 2009

"Benicio del Toro Se Queda Sin Respuestas"

Aí está uma entrevista que "dói" ver. Steven Soderbergh resolveu fazer um filme biográfico sobre o suposto herói revolucionário Che Guevara, em que exalta a figura e omite a realidade. Quem foi esse personagem, o que fez e aquilo que representa, é impossível não se saber, aliando ou não a isso as nossas ideologias políticas discordantes; agora quando alguém conscientemente concorda interpretar um papel verídico, há que se informar sobre ele. A prova de que del Toro não o fez, ou finge não ter feito está aqui documentada. A enrevistadora, é certo, não deveria ter entrado a matar com a espada tão desembainhada, o que faz da entrevista ainda mais desconfortável de se assistir.

quinta-feira, 26 de março de 2009

VOX POPULI, III - Gisela da Porrada (primeira parte)


Desta vez decidi publicar um vídeo no modelo da vox populi mas sem pedir comentários aos colaboradores do costume. Pelo contrário, publico o vídeo, comento-o, e quem quiser que faça o mesmo. De inovador não tem nada, enfim, é mais comum a todos os blogs por aí fora.
A Gisela Serrano dispensa apresentações. Todos se devem lembrar do programa que fez furor (que era mau mas mau) mas com uma concorrente que fez da peixarada um entertenimento ainda mais “cativante”. A sova que a Gisela deu à Sandra está no Youtube dividida em duas partes, esta que aqui ponho hoje, é a primeira, mas já na altura achava que a outra era obrigatória.
Podem revê-la aqui.
Tudo começa quando as duas concorrentes são convidadas a ir para uma noite de copos em Peniche. Descamba em mau feitio, má criação, e muita diversão. Já sabemos que a Gisela acha que o pai da Sandra é de baixo nível, mas dentro do raso, o da Gisela tem muito mais categoria.

terça-feira, 24 de março de 2009

Avatar


Pouco se sabe, por enquanto do ultra-secreto novo projecto de James Cameron (Titanic). O secretismo chega ao ponto de apenas sabermos uns traços gerais sobre a história (de ficção científica), e de que os efeitos especiais e a tecnologia utilizada para os conceber são de excepção. Na semana que passou houve a primeira exibição de um excerto do filme. É obviamente impossível aferir a qualidade do mesmo baseado num pequeno excerto, mas a reacção ao mesmo não podia ter teor diferente. A atmosfera e a qualidade técnica é de tal forma gritante que diz quem viu que só sabemos que os efeitos são digitais porque nos é dito que o são.
James Cameron está habituado a estar na vanguarda da tecnologia, visto que todos os seus filmes falam por si: Terminator 2(1991), A Verdade da Mentira(1994), Titanic (1997).

Sphere

segunda-feira, 23 de março de 2009

Já Repararam Que...Elevadores

Já repararam que... nos elevadores há sempre aquelas pessoas que estão a olhar para cima para o infinito? Não importa se o elevador vai a subir ou a descer, as pessoas olham sempre para cima, e depois, trocam sempre aquele olhar e risinho cúmplice (sim, xica).

Eu tenho um problema com elevadores; se andar neles sem alguém conhecido, não há problema, agora se vou com amigos, etc tenho ataques de riso incontroláveis. Parece justificável talvez com o facto de não haver nenhum motivo para rir, o que é razão suficiente para eu desatar nisso.

Signal Fire

sexta-feira, 20 de março de 2009

Casa


"Home is where the heart is", é o que se diz e não posso concordar mais. Antes de considerar o meu país como a minha casa, patriota extremista que sou, poucas coisas me fazem sentir melhor do que cada vez que regresso à terra que me viu crescer, em que vivi alguns dos melhores momentos da minha vida. Se bem que aqui tudo já não é o que era, a verdade é que algum do fascínio que ainda me atrai (e a outros) não desapareceu; é-me inato sentir-me cá bem, mesmo quando não há nenhuma ocasião especial que aqui me traga. Simplesmente entrar em minha casa, sentir o seu cheiro característico, lembrar momentos que as muitas fotografias não capturaram é, como calculam, inestimável.

Neste ponto, eu e os irmãos concordamos em pleno: a liberdade, os privilégios, as facilidades e a felicidade que tivemos ao crescer aqui não podem ser comprados nem descritos. Por razões óbvias, enquanto cá vivi (até aos 17) sonhava com o dia em que iria viver para Lisboa, mudar de ambiente, e estar mais com os meus amigos de lá. A seu tempo aconteceu, e foi na altura perfeita. Hoje, tenho plena conciência que a minha vida será por razões pessoais e profissionais feita em Lisboa, não cá, mas ninguém me tira os momentos que cá vivi, as pessoas que cá conheci e a identidade que cá foi crescendo comigo. As circunstâncias da vida tudo mudam, há coisas que não podem ser revividas, costumes que se perderam, pessoas que nos foram tiradas; muitas outras irão ser vividas, cimentadas, capturadas e recebidas; não qualitativamente melhores mas na sua medida diferentes e extraordinárias.

É por isso tão bom voltar a este bocado de terra tão característico e nostálgico que não nos deixando reviver muito do que queremos, nos faz sentir tão bem e tão seguros, na sua fortaleza invisível.

You Found Me

quarta-feira, 18 de março de 2009

Vigilantes, Super Heróis ou Nada?

Dizer que os super heróis já não são o que eram, é talvez um pouco extremista, o que é verdade é que a transposição para o cinema de bandas desenhadas, super-heróis ou figuras análogas está de tal forma banalizada, que poucos são icónicos. O que está em questão é reinterpretação de uma visão de outrém que não raras vezes deturpa a mensagem original, o que pode resultar em bons filmes ou em erros crassos.

Estar a enquadrar Watchmen nesta discussão é propostidado pois não obstante o trailer nos "induzir em erro" ao levar a pensar que os heróis do título têm super-poderes a la X-Men, só um é que os tem. Para eém disso, é a adaptação de uma obra com uma vasta legião de fãs.

Watchmen, é um filme pouco ortodoxo, ou pouco linear. São três horas de filme, numa estrutura (exceptuando o acto final) a que o devoto do género está desabituado, os heróis/vigilantes não primam pela rectidão ou altruísmo, o palavreado não é o comum, e até há lugar a cenas de sexo e nudez demasiado explícitas. Mesmo a banda sonora não é aquilo a que estamos acostumados, com Smashing Pumpkins e Simon and Grafunkel numa miscelânia estranha mas eficaz - Zack Snyder não podia fazer outra coisa depois de 300. O aparente anacronismo da abordagem serve para recriar uma década alternativa na perfeição, num mundo apocalíptico e sem esperança, típico ao universo dos super heróis.

Recomenda-se? A quem gosta do universo ou do género ou é capaz de fazer o tongue-in-cheek por horas, claro que sim, para todos os outros, não vai ser este, seguramente, que os vai converter.


The Beginning Is the End Is The Beginning

segunda-feira, 16 de março de 2009

O Futuro da "Noite" Americana

Hoje, ao fazer zapping, parei num antigo vício meu: o Late Night With Conan O'Brien.
Tudo o que é bom, logicamente chega ao fim; ou neste caso modifica-se. Já sabemos, desde 2004, que a NBC anunciou que Jay Leno vai sair do seu Tonight Show para ser substituído por Conan O'Brien, passando o Late Night apresentado pelo "líder" da nova geração, Jimmy Fallon.

Se tiver que os comparar, a resposta é mais que óbvia: Conan. Para começar, tem uma graça mais natural, improvisada e irreverente do que Leno, além de que o programa de Leno é uma auto-bajulação, enquanto que o de o'Brien prima pela auto-crítica. Nos EUA, e ao fim de 2,725 programas o Late Night with Conan o'Brien já chegou ao fim, e Jimmy Fallon já tomou as rédeas. Não tive ainda oportunidade de ver a nova etapa do programa, e logo não irei, de antemão, dizer que mudou para pior, pois surpresas podem acontecer; agora o que tenho pena, é que indo Conan substituir Leno no seu programa, lhe sejam impostos maior decoro, encenação e menos irreverência e espontaneidade. Se os produtores forem espertos, não o irão obrigar, pois cada um tem o seu estilo, e é isso que os destaca.

Cable Chick

quinta-feira, 12 de março de 2009

Freedom Fighters

Muitas vezes surjo com músicas nas quais digo que estou viciado. Esta é a mais recente. Ouvia-a pela primeira vez ontem, e consegui logo fazer o download. O play count no iTunes já é mais elevado do que o de muitas músicas que tenho há anos, mas acho-o plenamente justificado. É uma música intrumental (claro está), épica, e para nosso mal, demasiado curta.
Porquê chamar-lhe freedom fighters? Não faço ideia, quem a compôs, deu-lhe o título que melhor achou, mas o que gosto nas instrumentais, é que lhes podemos dar uma imagem e um título só nossos. Chamem-lhe o que acharem, eu sei como a quero lembrar e chamar.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Segurança

Na semana passada, já atrasado para uma missa cheguei à igreja, parei o carro, e lá fui 20 minutos depois da hora. Quando cá cheguei fora, dei por que tinha deixado o carro extraordinariamente bem arrumado.

Todos sabem o quão cuidadoso e picuinhas sou com o meu carro, mas esta não foi de certeza a primeira vez que o deixei num qualquer sítio, caminhando para outro, sem olhar para trás para ver como tinha ficado. Pode ter sido esta, pode eventualmente ter havido um esquecimento de trancar as portas, ou de andar a fazer ralis no meio de Lisboa. Não é falta de preocupação, é distracção. Não é razão, nem para mim, tão magra justificação que me faça sentir melhor caso algum azar grande tivesse acontecido; mas o facto de ter deixado o carro quase meio metro afastado do passeio (da zona segura, portanto) pode não ser perigo suficiente (há quem faça pior, mas como diz o velho ditado, neste caso, com o mal dos outros posso eu bem) mas ainda assim faz-me, de agora em diante, olhar 2 vezes onde o deixo e como o deixo, porque se tanto o quis ter, então tenho que o tratar o melhor que posso, porque para mim é mais que um carro.

Furious Angels

terça-feira, 3 de março de 2009

Já Repararam Que...Sapatos

Já repararam que cada vez que alguém é atropelado ou cai de um lugar alto, etc, a primeira coisa que perde é sempre um sapato? Até nos filmes se alguém se manda de um prédio, quando chegamos à zona do crime, o corpo está num sítio, e o sapato noutro.









Humpty Dumpty Sat On A Wall

segunda-feira, 2 de março de 2009

Quando um Rafeiro Vence o Sistema

Será que a Academia vive, de facto de políticas? Hoje em dia cada vez mais somos levados a acreditar que sim. Ninguém engole Crash como o melhor filme de 2005 e Uma Mente Brilhante o melhor de 2002. Forrest Gump melhor que Pulp Fiction? Estas são batalhas e conjecturas que vão ser sempre discutidas, por mais anos que a Academia subsista. Os gostos são subjectivos e filmes há que dizem mais a uns, do que a outros. Por exemplo, Lost In Translation para muitos foi uma coisa sem graça, e para outros (nos quais me incluo) um dos nossos filmes de eleição.
Slumdog Millionaire é um filme que representa uma atitude da academia (que de agora para a frente vai acontecer mais vezes) de reconhecer filmes de baixo orçamento, com caras desconhecidas, e realidades distantes das americanas. Se formos a ver friamente, Slumdog é um filme muito diferente e muito igual ao que já vimos antes. Muito diferente no sentido em que pela primeira vez um filme "indiano" é tão global, o boost do Óscar desperta curiosidade e chama público a ver um filme tão fora do comum. Mas o facto é que não o é. A mensagem é universal, a localização é que não. Não quero com isto estar a tirar primor ao filme, longe disso. É um filme tocante, cheio de amor, e na luta por o ter, reencontrar, reaver e manter. De previsibilidade não está isento, mas também não era isso que se queria. Os filmes mais simples e previsíveis podem ser os mais cativantes, se assim não o fosse, a crítica generalizada não estaria rendida ao filme de Danny Boyle. Não se pode é agradar a gregos e troianos, prova disso é frieza, senão mesmo a aversão que a Índia está a ter ao filme. Não é uma Bollywood, mas é uma Bollywood que Hollywood vendeu ao mundo.

The Sun Always Shines On Tv