O Dialecto está de cara lavada. Quer dizer, primeiro que tudo, não tem cara para lavar, tem uma imagem a renovar. Talvez não tenha passado tempo suficiente para justificar esta alteração, mas achei que, em todo o caso, o devia fazer. Fiel ao seu nome, e à minha missão, o dialecto continua a palrar as suas baboseiras, sujeitas e ansiosas de críticas, por crescer ser o mais importante. A linguagem é a mesma(não cedo ao acordo), os assuntos são os do costume, os leitores esperam-se ser os mesmos, e com sorte outros tantos que consiga entusiasmar.
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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

The Results of Micromanaging - Os Miúdos Estão Bem

Desde que vemos, pela primeia vez, o trailer deste "Os Miúdos Estão Bem", de Lisa Cholodenko, é despertada em nós a curiosidade do tom leve com que é abordado o tema central. Implacável a escrever diálogos mordazes e inteligentes e a dirigir histórias com relações complexas e cruzadas, Cholodenko voltou ao registo de Atracção Acidental - Laurel Canyon, onde se nota o à vontade. Tal como naquele filme, temos aqui uma mistura de actores conceituados, com outros que estão a crescer para papéis de relevo. Além da certeira e habitualmente implacável mão de Cholodenko, o filme é uma ode a Annette Bening (a chamar pelo Óscar) e a Mia Wasikowska, que com apenas 21 anos já conseguiu, merecidamente, encaranar no cinema duas personagens do conhecimento geral - Alice no País das Maravilhas e Jane Eyre.

Say So

domingo, 21 de novembro de 2010

Obra Inacabada - Harry Potter e os Talismãs da Morte, Parte 1

Qual a melhor das adaptações cinematográficas de Harry Potter?
Não vamos nunca encontrar uma uma resposta que seja, obviamente líquida. Contamos já 7 filmes de 8, com abordagens, realizadores e equipas técnicas diferentes que vieram trazer adaptações mais ou menos fiéis e mais ou menos negras ao material de base.
O que é facto é que a saga de Harry Potter há muito que deixou de ser dirigida ao público infantil. Se há 9 anos atrás, altura da primeira adaptação, a temática e o público alvo enquadravam-na no género infantil, o crescimento da personagem, os desenvolvimentos da história e a necessidade de adaptação da temática afastaram-na desse género inicial. O público alvo de Potter é já adulto, assim como o restante público que, sendo mais velho, acabou por viciar-se no universo criado por J.K. Rowling.

Esta primeira parte d'Os Talismãs da Morte não está, pela primeira vez na série, absolutamente restringida pelo forçoso corte de enredos na adaptação cinematográfica. O último livro da série é necessária e obviamente o mais complexo e exigia um tratamento mais cuidado. A adaptação em duas partes, não era por isso, e contrariamente às opiniões destrutivas, uma manobra para auferir mais uns cobres; é uma necessidade - condensar-se toda a história num só filme, fragilizaria uma história, que por estar a terminar, não pode deixar àqueles que não a leram, pontas soltas ou partes inacabadas.
Desde que o desconhecido David Yates ingressou na série, esta tomou um rumo mais intimista, mantendo o tom negro (introduzido por Cuarón em O Prisioneiro de Azkaban) que era inevitável, dados os conflitos internos da personagem principal, e a conjuntura da história criada por um medo generalizado a uma personagem, poucas vezes vista, mas cuja fama está sempre presente. Esta primeira parte d'Os Talismãs da Morte será por isso a mais intimista e parada das adaptações, não sendo isso, de todo, um defeito, antes pelo contrário. Para que se percebam, de facto, as motivações de cada um, é necessária que seja criada essa atmosfera envolvente.
Visualmente, e como tem sido apanágio da série, o filme é irrepreensível; a direcção artistica do veterano Stuart Craig é irreprensível, bem como a fotografia do português Eduardo Serra. Mas o ponto alto do filme, sem qualquer tipo de dúvida, é uma sequência de cerca de 5 minutos, em que é contada uma lenda do mundo da magia, não em acção real, mas numa animação de computador gótica, muito ao estilo de Tim Burton e Henry Selick, que destoando do mundo de Potter, destaca-se por essa característica.

À semelhança de qualquer dos outros filmes de Potter, este não é um filme autónomo. Está inserido numa sequência que não acompanharão os estranhos a este universo, e é o mais inacabado dos filmes por terminar a meio de uma história.

Que seria uma tortura para todos (nós) os fãs da saga, não era propriamente uma novidade, mas esperar até Julho pela continuidade desta magnífica conclusão é um exercício a que o cinema não nos punha à prova há muito tempo.

The Oblivation

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Máquina do Tempo

Alguém, cada vez mais incerto quem, resolveu criar um efeito onda no Facebook: convencer toda a gente a mudar a fotografia de perfil para uma personagem de banda desenhada de infância. Depois de Farmvilles, Mafia Wars, entrevistas e outras aplicações que cansam a paciência que qualquer comum mortal, finalmente uma ideia simples, eficaz e contagiante.

Dartacão

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Fenómeno ou "The" ´Fenómeno? - "A Rede Social"

Pode ser uma palavra usada à exaustão sempre que se queira caracterizar ou rotular um movimento de massas, mas em nenhum outro encaixa mais do que com o Facebook. Dispensando apresentações e aparentemente inabalável ao decurso do tempo, não estranha que, passado pouco tempo desde a sua implementação, que Hollywood fosse buscar a história dos seus criadores para lucrar uns milhões, conferir mais mística ao instituto e dar a conhecer de forma dramatizada (?) o seu percurso. Numa verdadeira roda viva desde que assinou, há dois anos, o superior "O Estranho Caso de Benjamin Button", David Fincher não seria uma escolha óbvia ou previsível para conduzir esta adaptação ao cinema. Nomes como Chris Columbus, Ron Howard, os costumeiros "adaptadores" de projectos de massa, não deitaram as mãos a um projecto que benificiou por isso mesmo. O toque negro, cru e inteligente de Fincher encaixou que nem uma luva numa história cujos intervenientes são movidos pela ganância misturada com frustrações pessoais e gosto pelo voyeurismo, que, não acaba por diferir muito das personagens por si dirigidas em obras primas anteriores.
Quanto de verdade estará numa história verídica, primeiramente transposta para o livro "The Accidental Billionaires" de Ben Mezrich e depois adaptada para o cinema, está obviamente aberta a discussão e é alvo de especulações, mas enquanto exercício de análise ao fenómeno actual, the Social Network é um pequeno grande filme, inteligente, voraz e crítico a um vício de massas que não mostra sinais de abrandamento.

Creep

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O Regresso à "Casa"

É certamente impossível definirmos o sítio onde mais nos sentimos completos, onde somos ou fomos mais felizes; mas é seguro que vários são os lugares que nos completam. Aqueles lugares que, em determinados momentos da nossa vida nos acolheram, nos serviram de tecto, onde vivemos experiências únicas e que por isso mesmo não podemos revisitar, senão fisicamente.

Esta semana, regressei a um desses sítios. Onde durante seis meses vivi, longe de tudo o que me era familiar, embrenhado num desconhecimento geográfico, perdido numa tradução verbal, mas concentrado num salto transicional abrindo um novo capítulo da minha vida. O salto, que tive a sorte de conseguir dar, devido a esta experiência que sabia ser temporária, pelas mais variadas razões que a muitos serão compreensíveis, só ao próprio é significativo na sua plenitude.
Quatro anos depois, o choque emocional foi maior do que o imaginado. Sabendo já de antemão que o encanto não poderia ser o mesmo, a energia que prespassva do ar consumiu de tal forma que as consequências não se fizeram sentir de imediato, mas só quando o momento da partida se aproximou. A vontade de partir era nenhuma, as saudades eram indescritíveis, o regresso era inevitável. Feliz ou infelizmente, não podemos viver ad eternum num sonho que teve o seu momento. Talvez seja essa mesma a razão de ser deste capítulo que se fechou. Uma história que, com a duração de seis meses, englobou um crescimento cultural, linguístico e emocional, até à data, sem paralelo. O gosto que dá voltar a esse lugar e explorá-lo como se fosse a primeira vez, cimentando e até aumentando um fascínio que a distância proporcionou; assistir à reacção esmagadora daqueles que ainda não tinham visto uma cidade cuja extrema beleza física esconde uma química inevitável. O que vivi pode não ser recuperável, mas o que adquiri é impossível ser devolvido. Este é, lá está, um daqueles fragmentos de que não me volto a separar, não só porque não posso, como também porque não quero.


Hoppipolla

terça-feira, 19 de outubro de 2010

A Rede do Social

Há uma curiosa interligação de três fenómenos a nível nacional e internacional.
O Facebook é um fenómeno que dispensa apresentações. Sorrateiramente introduziu-se no dia-a-dia de uma assustadora maioria que, em maior ou menor escala, partilha a sua vida, comenta a alheia, segue eventos, "gosta" de páginas e acompanha tudo, desde a vida do vizinho do lado (se ele assim quiser) ou dos acontecimentos mundiais, bastando para isso juntar-se aos sites que instantaneamente lançam as notícias.
Prestes a ser lançado no mercado internacional, está o nascimento e crescimento deste fenómeno, que David Fincher filmou sobre os seus criadores, que não deixará ninguém indiferente, quer pela obsessão global pelo Facebook, quer pelo crescente número de críticas que o qualificam como um dos melhores filmes deste ano. Não que um filme sobre o Facebook tivesse que estar condenado, mas o facto de estar a ser tão bem recebido é também por si só insólito.
O outro fenómeno, desta vez a nível nacional, é a página dos chamados Magos do Social. Surgiu do nada como um relato perspicaz e certeiro, que num ápice contou um número esmagador de seguidores que rebolam a rir e correm a comentar os hábitos dos Magos e das Magas, que fora do Facebook, ou cada vez mais por causa dele, tornam tão fácil comentar esses hábitos e estilos de vida, colectivos ou individuais.
O denominador comum aqui, o Facebook, impulsiona o sucesso de outros produtos que, por falarem daquele fenómeno, ou servirem-se dele, acabam por propagar a sua fama de uma forma que não seria tão fácil ou eficaz há uns tempos atrás. Não que seja de reprovar, quem não se serviu do Facebook para um fim análogo, que atire a primeira pedra.

Bird Song Intro - Bird Song

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

L'amore accade in Italia - Io Sono L'amore e Eat Pray Love

Está de moda, ao que parece, o amor acontecer em Itália. O cinema, pelo menos, assim o tem entendido, porque nos últimos tempos, os filmes que estão em exibição que abordam esta temática, têm Itália como mais do que um pano de fundo, mas como uma personagem. Na semana que passou, tive a oportunidade de ver dois desses filmes que, tendo como temática central a mesma, têm uma abordagem diametralmente oposta, seja na língua, no elenco, na estética ou na qualidade.

Io Sono l'Amore - Eu Sou o Amor


Ambientado na década passada, a história desenrola-se no seio de uma família milanesa da alta burguesia, que além de uma fachada de perfeição, esconde intrigas familiares, invejas e mentiras que contribuem para uma inevitável ruptura. A nível de marketing, o facto de Tilda Swintom estar envolvida ajudou, tendo participado não só como actriz, mas também como produtora de um filme totalmente em italiano, idioma que não falava por completo antes das filmagens. Mais do que o mediatismo da oscarizada actriz principal, Eu Sou o Amor destaca-se pela marcada solidez da narrativa, a (in)segurança das personagens e a abordagem adulta do tema da aparente família perfeita. Esteticamente, o filme é irrepreensível, criando um paralelismo necessário com uma história claustrofóbica numa aparente imensidão; se bem que esta é simultâneamente uma fraqueza do filme, por Guadagnino, a dada altura, se perder demasiado em tiques estilísticos que em nada adiantam a narrativa.
Ainda assim, é bom ver que não raras vezes, pequenos grandes filmes como este estão acessíveis a todos aqueles que estejam na predisposição de analisar uma história pesada, que permanece no pensamento horas depois de ter acabado.




Eat Pray Love - Comer, Orar, Amar


Aqui está um filme que torna injusta a generalização que fazemos à sua história. Baseado no Bestseller auto biográfico de Elizabeth Gilbert, Eat Pray Love, segue a história de uma mulher desiludida com a sua vida, que decide largar tudo, para ir para Itália, Índia e Bali para Comer, Orar e Amar. Com Julia Roberts à cabeça, Ryan Murphy ao leme e uma história com uma reputação que a precede, este tinha tudo para ser um filme que definia o exemplo do seu género. Não define; apenas faz pensar que o talento envolvido não se terá apercebido que havia aqui muita coisa que não estava a funcionar. As personagens são de uma funcionalidade constrangedora, os eventos são desconfortavelmente previsíveis e o esquematismo de toda a história faz-nos questionar, por um lado, a dose de ficção floreada contida no livro supostamente autobiográfico, ou por outro, o porquê de tanto êxito de uma história tão vazia.
Terminar o filme com o segmento de Roma seria uma contradição ao objectivo da personagem, bem como ao propósito do livro; mas arrasta-la fez perder o suportável interesse da primeira parte. Ryan Murphy continua a demonstrar os seus rasgos de genialidade na maneira como filma (também ajudado pela soberba fotografia de Robert Richardson) e em alguns diálogos, tal como já fazia na sua singular e imperdível série Nip/Tuck. Se a empatia que temos pelos envolvidos é considerável, essa nem sempre se traduz em sucesso garantido - este filme mostra exactamente isso: não basta a boa vontade e a predisposição para passar por cima dos chavões do costume, era necessário que estes não abundassem e desafiassem a nossa paciência.

Dog Days are Over

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Ciência e Religião postas em Contacto.

A ideia de que não estaremos sozinhos no Universo, divide opinões e crenças. Os cientistas, por um lado, mais pragmáticos e "racionais", que só veem como possível a eventual certeza de haver vida inteligente lá fora; os religiosos, por outro, que tendencialmente crêem que aquela eventualidade ou não é possível ou não querem que o seja. A discussão deste tema tem ramificações várias, e implicações que não serão, obviamente, liquidas para todos. Consequente a esta discussão é o inevitável tema da religião e da crença amplamente considerada.

Tudo isto a propósito do filme Contacto, de 1997, que ontem revi, e que uma vez mais me pôs a pensar. A discussão que põe em cima da mesa, é exactamente esta: confrontados com uma mensagem misteriosa captada pela cientista Ellie Arroway, e confirmada por outros cientistas pelo mundo fora, a forma como todos lidaremos com essa eventualidade acaba por reduzir-se ao medo, à crença, à religião e à coragem. Como tal, cada personagem incorpora um esteriótipo, move-se e age como tal, numa história que evolui de uma forma alegórica para nos pôr, de facto, a discutir os exactos temas que aqui são abordados e que todos se batem por resolver.
Os referidos temas do medo, crença, religião e coragem são debatidos à exaustão pelas personagens de Jodie Foster e Matthew McConaughey, cuja química e empatia abunda, não obstante estarem nos extremos opostos da opinião. Ela, cientista, não cede na busca de sinais de vida inteligente e a completa descrença em Deus, ele, um padre, que não consegue apoiá-la.
O que Contacto faz, e bem, é não oferecer uma resposta ou uma certeza relativamente a nada; não toma o partido de nenhuma das facções, nem as afasta. Ambas são válidas, pois não há uma certeza, e apesar de divergentes, não as aborda como incompatíveis.
Acabamos o filme exactamente na mesma posição que o começámos: a levantar as questões que interessam, mas agora motivados pelo que vimos tão impecávelmente exposto. É esta a razão pela qual o cinema ainda nos apaixona; por duas horas vemos uma dissertação que diz tudo e não diz nada, que nos deixa na interrogação, que é suficientemente audaz para tocar em assuntos de natureza susceptível sem os reduzir a troça.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Vício Absoluto

Um belo fim de semana no Cercal do Alentejo deu para descobrir o meu mais recente vício. Grande música!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Reorganização da Vida

Portugal tem a fama de ter um dos melhores sistemas de Multibanco da Europa. Rápido, eficaz e versátil. Há pouca coisa que não possamos fazer em pouco tempo numa caixa Multibanco; e só nos apercebemos dessa comodidade quando chegamos ao estrangeiro e, por comparação, o serviço lá é mais restritivo. É normal que estejamos, portanto, habituados a poder fazer um sem número de coisas cada vez que vamos a uma caixa Multibanco; tão habituados que há pessoas que resolvem reorganizar toda a sua vida à nossa frente. Pagam a água, a luz, o telemóvel, fazem transferências para os pais, para os amigos, para os primos e levantam dinheiro, duas a três vezes de seguida do mesmo cartão. Tudo isto, na hora de almoço, quando há uma fila de gente com vontade de fazer o mesmo e outros que querem levantar uns míseros 10 Euros, mas que se vêm obrigados a levantar logo 40 ou 50, para não terem que passar por aquela experiência tão depressa.
O netbanking serve para alguma coisa, e se muitos já o usam, outros parecem evitá-lo ou ignorá-lo. Por isso, e até podermos levantar dinheiro de outra forma - que assim de repente não estou a ver qual, a menos que seja fora de horas de ponta - cá estaremos a ver as finanças dos outros reorganizadas.

At My Most Beautiful

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Mood for my Stereo

Está encontrado o melhor site dos últimos tempos. Uma ideia tão simples e eficaz como escolher um estado de espírito e automaticamente ser-nos dada uma playlist que encaixe nessa escolha. O Stereo Mood é mais do que uma boa escolha, é um vício e uma paragem obrigatória.
www.stereomood.com

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Poção Bruckheimer

Jerry Bruckheimer é o rei do Verão. Numa carreira que conta já com 40 anos, é considerado um dos produtores mais bem sucedidos da indústria do cinema, com filmes que são uma máquina de fazer dinheiro, e cujos fracassos contam-se pelos dedos.
Filmes como A Trilogia de Os Piratas das Caraíbas, O Tesouro, O Rochedo, Armageddon, Pearl Harbor, Inimigo Público, Caça ao Outubro Vermelho, Top Gun, Rei Artur, entre outros, mostram bem que não obstante as possibilidades de fracasso ou o desconhecimento do público quanto ao temas, as vendas mais do que pagaram os custos de produção. Nem sempre, porém, o padrão de entretenimento manteve-se, ou o lucro suplantou o mínimo exigível; mas o que destaca e define Bruckheimer é que a fórmula do sucesso, copiada, mas não igualada por outros no ramo, assenta nos mesmos critérios que se revelam por isso mesmo eficazes. Para isso basta ver a maneira como Bruckheimer conduziu a adaptação ao cinema de Piratas das Caraíbas - um género que não atraía público há mais de 20 anos e uma história baseada numa atracção da Disney que tinha tudo para ser um flop, mas que se revelou um êxito estrondoso que teve duas sequelas e outra a caminho. E como se o cinema já não bastasse para estabelecer um nome e ter sucesso, CSI, também produção sua, dispensa apresentações.

Questão seguinte: como é que se explica que todas as suas intervenções têm um automaticamente um selo autoral maior que o dos próprios realizadores? Será a sua posição enquanto produtor mais infléxivel que os restantes? Imporá um estilo a obedecer na maneira de adaptar, escrever e realizar os projectos que escolhe produzir? Sem dúvida. Talvez seja esse o segredo do toque de midas do actual gigante produtor de Hollywood que está para o mercado dos Blockbusters como os irmãos Weinstein estão para os mercados dos Óscars.

BMBBO

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O problema é Sal(t) a Mais ou sal a menos?

Restava dúvidas a alguém que o entertenimento de Hollywood está caído em desgraça? Na mesma semana fui ver o mais recente desvaire M Night Shyamalan, O Último Arbender, e a omnipotência de Angelina Jolie em Salt. Se a desgraça de Shyamalan não veio sem anúncio, com uma carreira que está pelas ruas da amargura, Jolie, que está em pleno pico da sua carreira, faria crer que teria um pouco mais de cuidado nas suas aventuras.

The Last Airbender
É um filme péssimo. Não há outra forma de o definir; nada aqui resulta, uma história desinteressante, uma adaptação desnecessária e descuidada, uma direcção e escolha de actores indescritível e um esquematismo desconfortável. Custa-nos acreditar que o mesmo homem que escreveu e dirigiu filmes como o Sexto Sentido e A Vila, tenha sido capaz de adaptar de forma tão rídicula e infantil uma história que já o era. Se até a Senhora da Água ou o Acontecimento, os seus últimos fracassos, já demonstravam uma falta de noção do sentido de ridículo, pelo menos mostravam um cuidado estético e formal mais apurado; Last Airbender parece um telefilme barato da Nickelodeon que passa dobrado em português ao sábado de manhã. Shyamalan parece não se rebaixar à esmagadora crítica que arrasa o filme, defendendo-se com um "só o tempo me irá dar razão". Presunção e água benta, cada um toma a que quer...

Salt
Salt passou de realizador em realizador, foi escrito para Tom Cruise que desistiu, e reescrito para Angelina Jolie. Se um filme de acção em que a personagem principal é um agente fugitivo e que passa para umA agente fugitiva não cheira a esturro, a concretização confirma. Não que a história não tivesse potencial para funcionar, tinha, só que mais uma vez o barulho e os efeitos especiais falaram mais alto, a bolha foi crescendo e explodiu. Jolie leva mais porrada que Jason Bourne, faz mais acrobacias que James Bond e sobrevive a mais do que qualquer um dos dois. Nem sequer a revivalista realização de Philip Noyce ou a fotografia de Robert Elswitt trazem mais dignidade a um filme que pede a troça do espectador quer seja pelas cenas de acção indescritíveis quer pela pseudo intriga política infantil.

Salt é um filme mau? É. O Último Airbender é pior.
Se já nos queixamos da falta de filmes para ir ver ao cinema, já nem os típicos filmes de entertenimento são uma escolha segura. Nem sequer encaixam naquela categoria de guilty pleasures de filmes que são tão maus que se tornam objecto de culto; fazem pior: em vez de contarem uma história que se aguente sozinha, deixam-na a precisar de uma imediata continuação que ninguém quer ver, mas, a julgar pela exigência do público americano, já nem sei.

Prisoner Exchange

terça-feira, 24 de agosto de 2010

A Few Days Of Summer

O que me leva a escrever pela primeira vez, pós-férias de Verão, não é, como habitualmente, a música ou o cinema. Passado quase um mês desde a última vez que aqui vim, foram vários os tópicos que me foram passando pela cabeça que tive vontade de passar a palavras. As músicas que ouvi pela primeira vez e as que revisitei pela milionésima. Os filmes que vi e revi e as cenas que me marcaram. Os lugares onde fui e aqueles onde regressei.

Fazer um relatório está longe de ser aquilo que quero ou devo fazer, mas ignorar tudo o que tenho feito, não me é possível. Se por um lado há momentos e sítios e sítios que nos sentimos na obrigatoriedade de partilhar e espalhar, por outro há situações em que não o fazemos por não querermos ou por não caberem em palavras. A minha viagem ao outro lado do mundo não pode ser documentada em imagens a que qualquer um tem acesso, nem por descrições que nem a todos fazem sentido ou têm interesse; da mesma forma que o meu regresso às origens com tudo o que isso implica, só a mim faz sentido.

O que é que me fez sentido? Londres, Bangkok, Patpong Market, Tuc Tuc Ride, Scirocco, Lebua, Phi Phi Leh,I~, Bamboo Island, Maya Beach, Massage, Bird Song Intro, Drumming Song, 528491, S. Martinho, Família, Sono, Mini, Minis, Sol, Praia e todas aquelas pequenas coisas (mais ainda) que uniram todas estas e que marcaram, sem sombra de dúvida, o meu Agosto de 2010.

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quinta-feira, 29 de julho de 2010

Mr. & Mrs. Falhanço - Knight and Day

Comparar Knight and Day a Mr. and Mrs. Smith não só é, por um lado, inevitável, como por outro, um insulto; não que o filme de Angelina Jolie e Brad Pitt seja uma obra-prima, mas enquanto Blockbuster de comédia/acção cumpriu inteiramente a sua missão, enquanto que Knight and Day falha em toda a linha.

Não só é grave que com tantos exemplos falhados neste género, não haja um mínimo cuidado aparente de preocupação em não cometer os mesmos erros, como aumenta-os. As cenas de acção, para além de completamente desprovidas de garra, são inverosímeis e risíveis; o argumento, se é que podemos dizer que há é esquemático e sensaborão e as cenas de comédia são ineficazes com Cruise a tentar explorar um dom que claramente não tem.

O filme consegue até desperdiçar os locais onde foi filmado; Salzburgo, Sevilha, Nova Iorque e a Jamaica (que numa cena rídicula faz-se passar pelos Açores).
Se no papel e até pelo elenco envolvido este parecia um bom projecto, na prática revelam-se as fragilidades passados dez minutos, porque o interesse que o espectador tem pelas personagens e pelo enredo é nulo. Tom Cruise chegou àquele estágio em que Knight and Day seria o tira teimas da sua viabilidade enquanto estrela de acção. Considerou-se, inclusivé, não o chamarem para o quarto filme de Missão Impossível. Acho que não devemos ser tão extremistas; que Knight and Day é um filme mau, é. Daí a inviabilizar a carreira dos envolvidos é tão descabido como o filme em si.

Bull Run

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Incepção da Perfeição - Inception

Inception - A Origem é uma obra prima. Christopher Nolan faz aquilo que qualquer cineasta com uma temática inverosimil entre mãos deve fazer: cria um interesse generalizado na história que vai além da história central. Inception é não só um filme estilisticamente irrepereensível, como intelectualmente desafiador - a natureza dos sonhos, o poder de criação do subconsciente e o impacto que têm no universo real.
Para quem não viu o filme a descrição pode ser feita em poucas frases, ou mesmo em nenhuma. Esquematizar o enredo retira o próprio objectivo do filme, da mesma forma que saber o final de antemão não serve de nada, pois não há um elemento-chave que lhe retire o interesse. Inception aborda a natureza inexplicável dos sonhos, o elemento que por vezes nos distancia da percepção da realidade.
Antes de ser uma historia individualmente original e inovadora, não a podemos dissociar do contexto da obra de Nolan em que se insere. Tendo em mente que Nolan fez renascer o universo de Batman, não explicando aquela atmosfera, mas humanizando as personagens, dotando-as de sentimentos, raízes e motivações. Com Memento, Prestige e Inception, Nolan fez às personagens exactamente o mesmo criando-lhes um universo emocional próprio, autónomo da história em que se inserem.
O eficaz e interessante tema do passado, presente e futuro, embora omnipresente, não é usado como manobra cronológica na história; as personagens vivem no agora, ainda que paralelo. Se a ideia de "A Origem" foi concebida há dez anos, e desenvolvida desde então, só mostra a complexidade do tema e a quantidade de detalhe necessário. Não acho que demoraremos outros dez anos a arranjar uma explicação consensual para o filme, porque não a há. O cliffhanger em que Nolan nos deixa serve exactamente para isso: para ficarmos no mesmo ponto que estamos num sonho, um estado de dúvida permanente, com laivos de realidade e fantasia que, em doses variáveis, nos dá maior ou menor certeza.

Mombasa

segunda-feira, 19 de julho de 2010

O Realizado Fantasma - The Ghost Writer

A claustrofobia patente neste Ghost Writer é apropriadamente encenada para um conjunto de personagens que têm a sua autonomia, movimentos e até pensamentos condicionados. Não soubessemos nós já, de antemão, que o talento de Polanski é mais do que suficiente para nos inserir nesse ambiente claustrofóbico, seria justo, senão mesmo inevitável pensar que tal eficácia só podia espelhar os problemas reais dele próprio, tão paralelos como os do ex-Primeiro Ministro da história.

Os problemas legais de Polanski correram as bocas do mundos nos últimos anos, atingindo o seu pico com a detenção do realizador em Zurique, e a sua recentíssima libertação, que veio lançar mais achas a uma fogueira, de si só desmesuradamente ateada. Polémicas à parte, o que é complicado, não posso deixar de apontar que Ghost Writer foi um Óasis num deserto cinematográfico que não mostra muitos sinais de mudança. Temos saudades de um enredo que nos cative, de personagens que nos intriguem e de desenvolvimentos que nos obriguem a pensar ajudados por uma mise en scéne cada vez mais rara nos dias que correm, e um pulso firme na câmara, que Polanski mostra continuar a ter, não se deixando seduzir pelas maravilhas da tecnologia, apenas munindo-se delas para criar um filme esteticamente irrepreensível, para um conteúdo que exigia tal tratamento.

Temos pena que Pompeii, o afamado e pretensioso projecto de Polanski tenha sido posto na prateleira indefinidamente, mas se Ghost Writer foi a obra que nos deu em substituição, não podemos nem devemos ficar desiludidos,seja de que modo fôr.

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terça-feira, 13 de julho de 2010

Let Go

Adoro quando isto acontece. Redescobri, por acaso, uma música que associo ao meu Verão de há 3 anos.
A razão porque não me tenho lembrado dela ultimamente, ultrapassa-me, mas este Let Go dos Frou Frou, não pode continuar esquecido.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Florence ex Machina

O concerto da Aula Magna foi um presságio mais que evidente. Florence Welch começava a criar em Portugal um pequeno culto. Agora, no seguimento da edição de 2010 do Optimus Alive, da qual Florence fez parte no primeiro dia, restam poucas dúvidas que foi uma das presenças mais fortes, e dos concertos que mais atraiu e conquistou.
Honestamente, por ser um reconhecido fanático do seu primeiro álbum, Lungs, tive medo que o concerto viesse a desiludir. Quase não havia razão para isso: a opinião de quem esteve no concerto da Aula Magna foi unânime e positiva.

De facto não tinha eu fundamento. Quase nenhuma das músicas resultou em palco da mesma maneira que no CD, mas a presença e a qualidade de Welch, a superioridade do material e a rendição absoluta do público fez deste um concerto à parte. Num dia em que o programa era o mais forte e coeso do festival (apesar de XX ser muito, muito bom não se enquadrava num seguimento destes) Não foi díficil eleger o concerto mais completo, forte e satisfatório que este.

Florence + The Machine claramente aumentou o número de seguidores a 8 de Julho, com merecido fundamento que justifica quer a passagem para palcos maiores, quer eventos isolados.





Florence + The Machine - Cosmic Love

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Os Dias de Cão Acabaram

Há momentos em que paramos para avaliar se as paixões às quais dedicamos todo o nosso interesse, fulgor e paixão estão a desvanecer. Como tudo, é variável. Alturas há em que a obsessão é tanta que não achamos possível transmitir o quanto gostamos ou admiramos qualquer espécie de arte. Noutras, damos por nós a diminuir o entusiasmo, ainda que inconscientemente. O Cinema não está a desaparecer dos meus interesses, nem tão pouco a afastar-se das minhas prioridades; mas num ano em que a vontade de ir ao cinema é pouca porque quase nada lá nos chama, dou por mim a realizar que passaram quase 3 semanas desde a última vez que fui. Numa semana em que estou em anttecipação para ir ver Florence + The Machine ao Optimus Alive, vejo, pela primeira vez, o trailer do novo filme de Julia Roberts, Eat, Pray, Love. Se a história não parece tão fora do vulgar, já o trailer é. Dog Days Are Over, segundo single de Florence + The Machine serve de acompanhamento às imagens e assenta que nem uma luva. Nesta época pré férias de verão, e com a excepção de Inception e Knight and Day, este é o único filme mainstream que tenho vontade de ir a correr ver.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Cenas a Rever, Parte II


Meet Joe Black - Conhece Joe Black? é um filme subvalorizado. O ponto de partida do filme parece estapafúrdio e destinado ao esquecimento. O que é verdade é que este é mais um daqueles filmes cuja reacções são extremas: ou se adora ou se detesta. Eu, adoro.
Martin Brest faz 3 horas de filme passarem a voar, num filme que de movimentado tem pouco, mas de mensagem tem muito.
A cena mais brutal, literalmente, acontece no início do filme. Depois de um pequeno-almoço improvável, as personagens principais tomam caminhos opostos olhando para trás desencontradamente. Antes de virar a esquina final, Claire Forlani olha para trás uma última vez; como não encontra o que quer, dobra a esquina. Brad Pitt tenta voltar para trás. Já não pôde.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Em Terra de Cego, Quem Tem Olho é Rei


Os meios de comunicação social acabaram de anunciar a morte de José Saramago. Num pequeno país como o nosso, em que as figuras de renome intrenacional são escassas, o desaparecimento do nosso único prémio Nobel vai ser amplamente noticiado. Pela polémica das suas obras e pelo extremismo das suas posições os mais variados comentários começam, desde já a surgir, não deixando de ser ouvidos alguns totalmente desnecessários.

O que me leva a escrever sobre a morte de Saramago não se prende com qualquer espécie de concordância com as suas posições nem pela sua ncessidade de polémica que parecia aumentar quantas mais fossem as reacções de protesto. Não concordo em nada com as posições políticas de Saramago, muito menos tolerava a forma detractora e arrogante como atacava aquilo com que não concordava e de que não fazia parte. Não gosto dos livros que escreveu que fui forçado a ler, nem daqueles que tentei e desisti. Com a excepção d' O Ensaio Sobre a Cegueira. Admito que não o li de forma contínua, mas a metáfora criada pelo autor é soberba e a escrita, a espaços quase imperceptível, só aprofunda a confusão e o pânico dos personagens desta história. A empatia que tinha por Saramago fica-se por aqui.

Sacrifice

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Vi pela primeira vez este vídeo no ginásio, sem som. Fiquei imediatamente estático a olhar para a sua simplicidade e surpreendente eficácia. Memorizei que era da nova música dos Temper Trap, chamada Love Lost. Felizmente, a música é do mesmo calibre do videoclip.

terça-feira, 15 de junho de 2010

O Empate Não Anunciado


Num dia em que previsivelmente o país iria parar, a antecipação foi crescendo um pouco por todo o lado até que em plena tarde de verão, as ruas esvaziaram-se para ver o primeiro jogo de Portugal neste Mundial de 2010. Aquele que seria um adversário fácil não permitiu que dessemos o primeiro passo de confiança e embasbacou todos os que tinham já como certa a vitória de Portugal. Face a este pouco auspicioso começo, o jogo contra o Brasil parece não só mais importante como previsivelmente perdido.

Aqueles que, como eu, não puderam ver o jogo e apenas segui-lo pelos relatos, quase não conseguiam ouvir outra coisa senão as irritantes vuvuzelas que de repente tornaram-se omnipresentess, mas não por isso mais suportáveis. As actualizações que os sites de informação generalista iam fazendo roçavam o ridículo e o obsessivo como se se contasse já com a vitória anunciada. Vitória que não chegou. Agora, o I Gotta Feeling vai piar bais baixinho (Portugal agradece) e a euforia irá abrandar (os superscticiosos agradecem também).

Swimming

domingo, 13 de junho de 2010

Cristiano Ronaldo, o Poeta

“Não estou nada preocupado. Os golos são o como ketchup: quando aparecem, é tudo de uma vez”.
Por esta não esperava

Kiwi

quinta-feira, 10 de junho de 2010

A vontade não falta e as intenções são as melhores, mas a razão de ter escrito tão pouco nos últimos tempos não teve - infelizmente - a ver com uma ausência física que me impossibilitasse de vir ao blog, mas com razões de outra ordem.

Além do que venho comentando de cinema, as coisas que achava que podia partilhar, transformavam-se em textos dos quais desistia por falta de entusiasmo. Publicar vídeos sem os comentar ou explicar a sua razão de ser não me fazia sentido, porque seria um pretexto preguiçoso de manter o blog activo - não querendo com isto dizer que, mais cedo ou mais tarde, o venha a fazer; mas por agora, ou até agora não me fez sentido.

Quis, ao contornar essa ideia, começar com o vídeo de um dos excertos dessa grande obra-prima do cinema, Beleza Americana, que é uma das cenas pesadas, filosófico-existencialistas chamem-lhe, que mais gosto. Depois pensei: se acho necessário escrever críticas aos filmes que vou vendo, porque não evocar os que já vi, através de cenas que os representem, mas não substituem, de forma a reviver momentos que me disseram tanto. Com sorte, e repetindo o meu lema do título, muitos mais gostarão.

Não nego que tenho vontade e intenção de tornar mais diversos os assuntos de que escrevo, mas não os vou forçar. Apenas deixa-los surgir, quando ache que justifique. Até lá, vou chagar a paciência, com a humilde admiração ao cinema, a rendição absoluta à música e a vontade de pôr em palavras, imgens ou sons aquilo que vai marcando a minha e a nossa actualidade.

Einstein's Wrong

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Cenas a Rever, Parte I


Não posso repetir vezes demais o quão superior é Beleza Americana.
Em 1999, Alan Ball e Sam Mendes (respectivamente) escreveram e filmaram uma dramática, precisa e sobera sátira não só ao povo americano, como ao ser humano. A premissa é vaga e aparentemente simples, o resultado é um filme profundo, perene e pesado que tem nesta cena um dos seus mais característicos momentos.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Roubar aos Ricos e ficar-se por aí... - Robin Hood

Pareceu óbvio, não pelas melhores razões, que quando surgiram as primeiras imagens de Robin Hood, realizado por Ridley Scott e com Russell Crowe, que estávamos à espera de um Gladiador II.

Revisitar aquele enredo com a mesma equipa, foi amplamente falado; houve quem achasse que era uma óptima ideia (fãs ferrenhos e o próprio estúdio, prevendo já um novo retorno financeiro colossal) outros acharam que Gladiador é um filme perfeitamente autónomo sem qualquer necessidade sequelas ou prequelas.

Antes que fosse tomada um decisão definitiva, e quase 10 anos passados, Scott e Crowe voltaram a juntar-se (pela quarta vez) para abordar a já gasta lenda de Robin Hood, com os ingredientes e as manobras eficazes para produzir um filme que agradasse as massas. Questionabilidade da necessidade à parte, as intenções foram as melhores, as consequências não foram assim tão felizes. O problema que se avizinhava mais óbvio, foi o menos patente: a lenda não é nova, desconhecida, tão pouco não-abordada; o contributo de Scott é que se revelou o mais fraco. 15 minutos depois de começado o filme, já notamos que alguma coisa não está bem. Os personagens (salvo raras excepções, como Mark Strong e especialmente Eileen Atkins, estão a gritar por outro filme) estão perdidos, os diálogos desinteressam-nos, a química é inexistente e fio condutor da história vai perdendo-se com quebras de ritmo constantes, motivadas pela obsessão visual (essa bastante conseguida). Se esses problemas iam sendo suportáveis no princípio, quando chegamos ao último acto, o descalabro é total a história torna-se inconsequente e a verosimilhança desaparece.

Não é revoltante que tratem mal este material, é uma desilusão ver que quem o fez foi o mestre Ridley Scott, que da última vez que ingressou no género épico, foi com o desenxabido Reino dos Céus, filme que, por coincidência acaba, cronologicamente, quando este começa.

Trailer Music

terça-feira, 18 de maio de 2010

Growing Anticipation

Não podia ter recebido melhor presente. Confirmação de que os Florence + The Machine voltam a Portugal no Optimus Alive. Dado que em poucos dias esgotaram a Aula Magna, não espanta que estejam de volta para mais, 3 meses depois.
Hoje, já com bilhete na mão e não me importando com o preço do mesmo, dou por mim a ouvir uma e outra vez cada uma das músicas que me têm viciado nestes últimos meses.

Exemplo disso, The Drumming Song, uma das melhores músicas que tenho ouvido nos últimos tempos: coerente com o estilo de Florence Welch, musicalmente riquíssima e devorada por mim e por ávidos fãs.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

13 de Maio de Ascensão


Estou dentro de 4 paredes a perder a 5ª feira de Ascensão com corrida e largada de toiros. FORCAAAAAAAAA Shellshock - Another Day, Another Dollar

terça-feira, 11 de maio de 2010

"Uma Questão de Fé"


É com o título "Uma Questão de Fé" que o site do Sapo define a cobertura da visita do Sumo Pontífice a Portugal. Não podia ser mais acertada. A abordagem da temática da Fé, complicada por si só, separa por um lado aqueles que em nada acreditam, daqueles que se recusam a conceber uma vida sem a existência de Deus. Extremismos positivos ou negativos à parte, a Fé que move milhões, mobilizou hoje Lisboa, de uma forma que há muito não se via. Foi impressionante, esmagador e poderoso.

Assistir à Missa de Domingo no Vaticano, foi uma experiência única pelas razões óbvias: a cidade, a beleza natural, a diversidade de povos e línguas e a dimensão magnânime que a fé assume naquela circunstancia é indiscritível. 3 anos depois tive a sorte de poder assistir à Missa do mesmo Papa em Lisboa. Escusado será dizer que foi um momento mais marcante e mais poderoso do que aquele a que assisti no Vaticano. A Lisboa que conhecemos estava cheia e mobilizada com um sentimento de união que não há memória. Mais de 80 mil pessoas encheram o renovado Terreiro do Paço e rezaram por Portugal e pelo Mundo. O dia de hoje fez crescer nuns e nascer noutros a paixão que há por este país e acima de tudo por esta cidade. A crise da Igreja e a aparente crise da Fé é patente e amplamente debatida, mas por mais que se tente arranjar explicação para uma tão colossal afluência, é para mim inconcebível achar que não haja outra explicação que não a de fé. O esforço para a reaproximação tem que partir não só da Igreja como também dos cristãos; vendo que o dia de hoje mostrou que apesar das dúvidas, muitos regressaram, só podemos ser optimistas ao achar que se fomos capazes do mais, vamos ser capazes do menos. Se afluímos no extremo máximo, não temos como nem porquê não afluir no dia-a-dia. Não é discurso de evangelização ou conversão, mas sim de reflexão. Reflexão que muitos hoje fizeram, que muitos hoje cumpriram em nome de uma fé que mobilizou um país, que parou uma cidade que por de uma maioria manifesta se tratar justificou essa mobilização. A questão da fé parou Lisboa e estarreceu todos aqueles que como eu estiveram hoje em pleno Terreiro do Paço a assistir a um momento marcante da nossa História, da nossa humanidade e da nossa grandeza.

Science and Religion

quarta-feira, 5 de maio de 2010

O Delírio de Inception

Se do imaginário de Christopher Nolan é expectável que surjam ideias e conceitos únicos e que se materializam em material de qualidade, eis que o seu último projecto parece o mais sui generis de todos. Falo de Inception. Com Leonardo DiCapriio, Ellen Page, Marion Cotillard e Michael Caine, este novo filme foi filmado e mantido no maior secretismo, até à vinda a público do trailer e sinopse.
Sabe-se apenas que é ambientado no campo dos sonhos e na capacidade de os manipular. O trailer fala por si próprio, tendo já criado em mim uma enorme expectativa num ano que de antecipações se está a revelar pobre.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Estás Bem?

domingo, 18 de abril de 2010

A Deformidade de Um Retrato - Dorian Gray

O Retrato de Dorian Gray, única obra publicada do controverso e renomado autor Oscar Wilde tem agora mais uma, mas não definitiva, adaptação. Em jeito de superprodução independente britânica, o já gráfico romance de Wilde é adaptado ao ecrã com a escala e sumptuosidade que as produtoras conseguem comprar sem parecer estar a ficar, porém, na memória do público internacional - nem do nacional, a avaliar pelo que o Expresso descreve como um filme "medonho". Assentando a temática do filme na beleza e na imortalidade, esta adaptação parece ter tido o resultado extremo oposto.

Bem vistas as coisas, a unânime reacção de repugna ao filme não se prende com a fealdade deste tecnicamente considerado - a cuidada reconstituição de época, aliada aos sempre soberbos planos e paletes de Roger Pratt mostram-nos uma Londres Victoriana que tantas vezes já vimos impecavelmente retratada. A fealdade está na forma como Oliver Parker dirige uma história difícil (que ainda hoje tem defensores e detratctores) sem mão, sem ideia de ritmo ou de género, cedendo aos mais fáceis e reprováveis engenhos de assustar o público. A formação teatral de Parker mostra-nos alguns bons momentos e planos, nunca escondendo as óbvias fragilidades de um argumento pedestre que perde definitavamente as estribeiras no final. Até que uma adaptação, se é que haverá alguma que o saiba fazer, transponha dignamente o que Wilde escreveu, convém que esta fique fechada a sete chaves, tal como o Retrato de Dorian Gray.

3055

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Titan's smashed... - Duelo de Titãs

O Duelo de Titãs não atrai público ao engano. Quem esteja minimamente familiarizado com a história, não pode estar à espera de ver um filme verosímil, "sério" ou profundo. Se a história do choque entre Zeus e Hades, deuses rivais, que disputam a posição de supremacia da Terra, jogando os humanos como peões não for conhecida de todos, então o próprio poster do filme avisa que só lá deve entrar quem estiver disposto a deixar-se divertir. Não posso dizer que gostei do Choque de Titãs pela profundidade da história, que é nenhuma, pela verosimilhança, que também é inexistente, ou pela qualidade das actuações que é bastante duvidosa; gostei de Choque de Titãs por ser exactamente aquilo que promete e deve ser. Gostei da parvoíce, da energia, da diversão. O esquematismo da história e dos eventos não estorvam, os clichés são inevitáveis e inofensivos e a sensação de tongue-in-cheek é uma mais valia.

Por outro lado, O Duelo de Titãs é o mais recente caso em que os produtores resolveram, à ultima da hora, optar por um novo compositor (a 1 mês da estreia mundial) Ramin Djawadi foi chamado para compor uma partitura funcional e pipoqueira, em cima do joelho, quando Craig Armstrong, que trabalhava há meses nela juntamente com Matt Bellamy e os Massive Attack viu o seu trabalho ir por água abaixo. Se os exemplos de Timeline e Tróia serviram de alguma coisa, é que esta decisão, na maior das vezes não é benéfica. Até ouvir o trabalho rejeitado de Armstrong, não posso tomar posição, mas a julgar pelo serviçal trabalho de Djawadi, não me parece que venha estar enganado.

Scorpiox

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Jason Bourne no Iraque - Green Zone

Fazer filmes sobre a guerra do Iraque não é fácil. Abordar um tema actual com repercussões no mundo inteiro e passível de ferir susceptibilidades manifesta as óbvias dificuldades, razão pela qual com a excepção (discutível) de Estado de Guerra, nenhum filme de guerra ambientado no medio oriente ficou na memória pelas melhores razões.
A abordagem de Paul Greengrass, proveniente de documentários de guerra, catapultado para a fama por ter dirigido os dois últimos capítulos da saga de Jason Bourne, foi fiel ao seu estilo contando a história de um tenente americano determinado a desmascarar um tráfico de influências, uma teia de mentiras e uma iminente insurgência. O facto de Greengrass trazer atrás grande parte da equipa com que trabalhou na saga de Bourne, é simultâneamente a maior força e a maior fraqueza do filme: o talento, o estilo e o ritmo são irrepreensíveis, mas a manutenção desse estilo faz-nos inevitavelmente concluir que Green Zone é um filme que não se aguenta sozinho. Parece, por um lado, a parte 4 da referida saga e, por outro, mais um no filão de filmes ambientados na guerra do Iraque, por não fugir aos traiçoeiros clichés do género, como por não trazer nada de novo. Para se abordar uma temática que não tem resolução definitiva, ou se propõe um desfecho utópico/hipotético, ou cai-se no mesmo lugar-comum que todos os outros já caíram.
Green Zone fazendo um pouco de ambos, não se esquiva, porém, do esquecimento em que vai cair; vale não tanto pelo conteúdo, mas pela forma como Greengrass o filma e nos cativa e, especialmente, ao som da frenética e soberba banda sonora de John Powell.

Opening Book