
Bem vistas as coisas, a unânime reacção de repugna ao filme não se prende com a fealdade deste tecnicamente considerado - a cuidada reconstituição de época, aliada aos sempre soberbos planos e paletes de Roger Pratt mostram-nos uma Londres Victoriana que tantas vezes já vimos impecavelmente retratada. A fealdade está na forma como Oliver Parker dirige uma história difícil (que ainda hoje tem defensores e detratctores) sem mão, sem ideia de ritmo ou de género, cedendo aos mais fáceis e reprováveis engenhos de assustar o público. A formação teatral de Parker mostra-nos alguns bons momentos e planos, nunca escondendo as óbvias fragilidades de um argumento pedestre que perde definitavamente as estribeiras no final. Até que uma adaptação, se é que haverá alguma que o saiba fazer, transponha dignamente o que Wilde escreveu, convém que esta fique fechada a sete chaves, tal como o Retrato de Dorian Gray.

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