O Dialecto está de cara lavada. Quer dizer, primeiro que tudo, não tem cara para lavar, tem uma imagem a renovar. Talvez não tenha passado tempo suficiente para justificar esta alteração, mas achei que, em todo o caso, o devia fazer. Fiel ao seu nome, e à minha missão, o dialecto continua a palrar as suas baboseiras, sujeitas e ansiosas de críticas, por crescer ser o mais importante. A linguagem é a mesma(não cedo ao acordo), os assuntos são os do costume, os leitores esperam-se ser os mesmos, e com sorte outros tantos que consiga entusiasmar.
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quinta-feira, 28 de maio de 2009

Aquele cheiro...

Já cheira a Verão. Pela segunda manhã consecutiva, ao sair de casa, senti o cheiro da manhã de Verão. Acompanhado pelos primeiros raios de sol e por um calor que ainda não o é, andei pela rua com uma camisola pelas costas que de lá sairía mal chegasse ao carro. Há uma frase que muitas vezes penso, mas são raras as situações que a posso usar: "Há no ar um enorme sentimento de possibilidade".
Não há quem não tenha boas memórias do verão, e poucos são aqueles que dele não gostam. As tardes, as noites, o pôr do sol, a alegria e o bom aspecto da mais comum pessoa está realçado.
As estações estão trocadas; fizemos praia em Fevereiro, mas mal a podemos disfrutar em fins de Maio, e não obstante saber que esta melhoria de temperatura não estará para ficar, foi a primeira vez neste ano, em que a manhã de verão me disse ter chegado.
É impressionante como passamos dias e semanas absolutamente triviais, com pouco de relevante para fazer. Chegou agora a altura em que as aulas acabaram, (para mim, foi precisamente hoje), que os trabalhos começaram a amontoar-se, e os exames encobrem a nossa vontade de gozar o dia. De pouco me posso queixar, porque o esforço que agora faço, ver-se-há recompensado dentro de um mês quando começar as últimas férias grandes. Vejo o sol não como o quero, mas como o desejava, sinto o calor acompanhando-o. Deste lado da janela cobiço quem está lá fora, mas o meu tempo chegará!
The Poseidon

quarta-feira, 27 de maio de 2009

The International - A Organização

A ameaça é global; o dinheiro é controlado, o governo é controlado, nós somos controlados e pagamos por isso. É este o ponto de partida (e chegada) de The International. Não é certamente uma permissa inovadora, mas numa altura em que ideias escasseiam, e pela quantidade de assuntos já abordados no género thriller, cada vez mais me convenço que a diferença entre um bom e marcante filme, de um mau ou olvidável, é a abordagem.
Se é com grandes orçamentos ou com grandes estrelas, hoje em dia já quase não importa, por haver exemplos de bons filmes quaisquer que sejam os intervenientes. Não sendo este um mau filme, é só mais um. O problema de muitos, nos dias que correm, é não haver uma decisão quanto ao tipo de filme que se quer fazer. Uns começam por estar mais orientados para a intriga política, outros para a acção. Quem vê este, facilmente conclui que a ideia inicial era fazer um filme mais lento, centrado em diálogos e intriga política; como isso é receita que não vende, apimentou-se com cenas de acção metidas a martelo e desnecesárias. Tom Tykwer, por mais que tente, não consegue esconder o seu estilo de filmar germânico, que não podia ser mais adequado para o filme em questão, mas com a excepção de 4 ou 5 planos, a câmara é de uma ineficácia atroz, e a fotografia um pastel desadequado. Nem parece o mesmo Tykwer que filmou o (nas palavras de Kubrick) infilmável Perfume de Patrick Suskind de forma tão exemplar. As ideias estão lá, a encenação também, mas a câmara não as capta como deveria.
A Organização partiu tão depressa como chegou: mal demos por ela.

The International End Title

OMG! OMG! OMG! OMG!

Vejam, é óptimo!

terça-feira, 26 de maio de 2009

Palma de Ouro para Portugal

Foi anunciado ontem que um filme português, "Arena" (curta metragem), ganhou a Palma de Ouro no festival de Cannes. A curta metragem apresentada pelo realizador, João Salaviza, foi apresentada sábado, e a vitória anunciada ontem. Salaviza mostrou-se claramente surpreendido, uma vez que estava certo que nunca ganharia naquele festival. A curta, de apenas 15 minutos, ainda não está em exibição, mas com este boost de qualidade e projecção, em breve estará.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

O Primeiro Dia da Última Semana

Começa hoje a última semana de aulas da minha vida. Não minto, só me apercebi disso assim que entrei na faculdade e, logicamente, parei um bocado para pensar no que significa.
Será que significa mesmo alguma coisa, ou é só uma trivialidade? Pode parecer uma trivialidade pensar que o dia de hoje é a última segunda-feira de aulas, mas não o é realizar que, se tudo correr bem, não voltarei a passar pelo mesmo. O que é verdade é que passados todos estes anos, acuso o natural cansaço de aulas, porque neste registo estive já eu anos suficientes, aliado ao facto de ver a esmagadora maioria das pessoas à minha volta a passar ou a já ter passado esta barreira. É uma mudança necessária, desejada e antecipada há tempo suficiente. Sei que daqui a uns anos, quando me vir na posição de um trabalhador preso a uma secante rotina, vou olhar para trás com saudades destes dias. Por esta situação já passaram muitos, e esta percepção tiveram-na outros tantos, assim devaneio aqui está mais um.

Miracle

domingo, 24 de maio de 2009

Azeiteeeeeiros!

terça-feira, 19 de maio de 2009

"Séries de televisão levam jovens a procurar cursos de criminologia"

Parece que as séries de Televisão estão, cada vez mais, a influenciar as escolhas de carreira. Segundo esta notícia, há uma cada vez maior afluência aos cursos de criminologia, não sendo as saídas profissionais, obviamente, as esperadas. Não é de todo uma conclusão inesperada, já que a forma como Hollywood vende e noveliza as séries baseadas no dia-a-dia dos criminólogos, há de iludir muitos ao fazer crer que é tudo parecido com um episódio do CSI. De facto, o material de base não poderia ser vendido de outra forma, não seduziria o público como faz.
Por estranho que pareça, quem é estranho ao mundo do direito pergunta-me que mestrado estou a tirar. Quando respondo "Forense", já houve quem me perguntasse se ia trabalhar para o Departamento Jurídico de Investigação Criminal"; houve quem não perguntasse, mas esperava por essa explicação. Lamento imenso, mas não! À laia de gozo, na altura que entrei no Mestrado, e me fizeram a pergunta, tratei de andar na macacada com um primo meu a tirar fotografias a la Horatio do CSI. Just In Case.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Blockbuster Galore

É oficial: a época dos Blockbusters está aí. Filmes cujos orçamentos astronómicos e receitas que se esperam milionárias, atraem os que mais preferem espectáculo a consistência, e que podem ser os barómetros quer da qualidade do cinema actual, quer das carreiras dos envolvidos. Um sucesso pode tão facilmente tornar um desconhecido numa estrela, como um fiasco pode deixar um cabeça de cartaz nas ruas da amargura.
Que a originalidade é coisa que não abunda nesta altura do ano, não é novidade: Sequelas, Prequelas, Reboots e Adaptações são motivos para os grandes estúdios facturarem o que os pequenos filmes não rendem, para trazerem à ribalta novos nomes, tudo em nome do entertenimento. O que mais interessa aqui é saber vender um produto que atraia público, que pode ir desde uma hábil campanha de marketing milionária, a "marcar" com a maior das antecedências um fim de semana de estreia. Pode parecer estranho mas o primeiro fim de semana de Maio costuma ser uma luta feroz, uma vez que é rentabilidade quase segura, que na abertura da época balnear, o público venha às salas em ânsias de entertenimento quase sempre desmiolado.
Há portanto este alinhamento (principal) de blockbusters para este ano:

X-Men Origens: Wolverine (30 de Abril)
Como se o cinema não estivesse já saturado das adaptações dos comic-books, eis que temos uma prequela a uma trilogia baseada numa banda-desenhada. O culto e o prestígio associados quer à saga, quer à sua icónica personagem "central", motivaram esta história, que embora divertida e relativamente bem conduzida, não deixa de nos assegurar que Hugh Jackman já fez de Wolverine vezes suficientes. Ninguém o fará melhor, mas talvez seguir em frente, para não acabar ele pior.





Star Trek (7 de Maio)
Mais um reboot da mítica saga que move milhões de fãs, que comercialmente estava a dar as últimas. A reacção da crítica tem sido extraordinária, embora não se tenha reflectido de forma tão brilhante nas bilheteiras como Wolverine.





Anjos e Demónios (14 de Maio)
Era inevitável que o Código Da Vinci fosse parar ao cinema a mil à hora. Teve as suas consequências: uma qualidade duvidosa, erros de casting, mas não tinha como não vender. Pelo trailer, parece melhor que o antecessor, mas a ver vamos.






Terminator: Salvation (4 de Junho)
Muito francamente, já não há muita paciência para a história de John Connor e dos robots que andam para trás e para a frente no tempo. É certo e sabido que nos EUA vai render consideravelmente, mas a maior polémica à volta deste filme é o mau feitio de Christian Bale nas filmagens.







Transformers: Retaliação (25 de Junho)
Quando, há dois anos Michael Bay adaptou os desenhos animados ao cinema, todos esperavam o pior. Eis que puxou o tapete debaixo dos nossos pés e fez um dos melhores blockbusters dos últimos anos, com o público e a crítica rendidos. Esperemos que a qualidade se mantenha, mas o produtor Steven Spielberg, decerto que assegura, pelo menos, a diversão.







Harry Potter e o Príncipe Misterioso (16 de Julho)
O facto de o verão render mais, é o que motiva os produtores a lançarem, ultimamente, os Potters nesta altura do ano. Quanto a mim, é bom para vender, mas não se enquadra no espírito da série. Já lá vão cinco filmes, e a série continua a manter-se forte e assim se prevê que continue, na recta final.

sábado, 9 de maio de 2009

Noivas de Santo António

Este ano, faz parte das actividades planeadas para todos os casais, levá-los a assistir aos monologos da vagina.

O Tubarão Comeu a Letra

Belo graffiti em Ciudad Rodrigo

quinta-feira, 7 de maio de 2009

New Beeswax to Follow: Brian Tyler

Aqui está um caso de implicância em que mordi a língua. Achava os trabalhos de Brian Tyler serviçais e vazios de magnetismo. Salvo raras excepções, não deixa de ser reflexo dos trabalhos para os quais são chamados os compositores em início de carreira.

Agora, e a pouco e pouco, fui ouvindo uma música e outra, até ao momento em que no carro e no iPod, ouço Brian Tyler quase por sistema. Cada vez mais me recuso a pensar nos filmes a que certas bandas sonoras estão associadas, até porque há um número bastante considerável delas associadas a filmes de meter medo. Tyler ainda está nessa fase. São filmes de cada vez maior orçamento, mas ainda assim com uma qualidade claramente inferior. Eagle Eye, War, The Fast and The Furious, Godsend, Bangkok Dangerous, claramente são filmes que não causam boa impressão no curriculo de ninguém, mas tendo ouvido o que Tyler compôs para cada um deles, faço por esquecer-me de que é que fazem parte.

O estilo que Tyler está a estabelecer, é um muito análogo ao do superior John Powell. Mas enquanto que a Powell lhe foram dadas mais oportunidades de expandir a sua criatividade, Tyler está ainda no estádio anterior: em que as batidas rítmicas e ecléticas se destacam além das imagens. Devo dizer que embora gostando e muito dos sonantes e marcantes temas que alguns compositores de primeira linha escrevem como frente dos seus trabalhos, tenho uma queda especial para as chamadas músicas de acção. Percussão, violinos, sintetizador têm uma vida e uma complexidade próprias que podem ser até mais ricas que os temas principais.

Estou a descobrir agora e com atenção os trabalhos de Tyer, estando por isso a descurar alguns outros compositores, mas dado o que tenho ouvido e que me tem viciado, acho que é tempo bem empregue.
(não olhar para as imagens, se faz favor)


quarta-feira, 6 de maio de 2009

Malhoa - Uma Nova Imagem

Ana Malhoa anunciou que vai regressar às "lides da boa música" com um novo visual, despida de preconceitos e promete abanar Portugal! Quantas coisas podem estar erradas numa notícia? Todos falam de que a Floribela apresenta os desenhos animados em preparos porno; quando nós (os de 84 e seguintes) éramos putos, já a Malhoa e as Anetes faziam acrobacias no Buéréré numa versão soft-core (aos padrões de hoje). Desde essa altura, este instituto já passou por incontáveis mudanças de visual (não só na cara) e a cada novo trabalho de que muito se orgulha, se mostra como o seu verdadeiro eu, despida de preconceitos! Pergunta: quando é que esteve vestida deles? Talvez nesse dia, seja a verdadeira mudança de visual!

Buéréré

terça-feira, 5 de maio de 2009

domingo, 3 de maio de 2009

Em Nome do Neto!

Hoje, no caminho do carro para casa, fiz um desvio para ir ao Multibanco carregar o telefone. Ao parar para atravessar a estrada, apareceu-me uma senhora na casa dos oitenta, deu-me o braço e começou a falar comigo como se fosse o seu sobrinho-neto Frederico. Cada vez que eu tentava dizer que afinal não era a tal personagem, era interrompido com o assunto de o meu "avô" estar muito sentido comigo, por nunca mais lá ter aparecido. Atravessámos a estrada, e é já no outro lado da rua que consegui dizer, que não era o tal Frederico. Pediu-me muitas desculpas e disse para não ligar..."a minha cabeça já não é o que era". Como em plena conversa me disse que vivia ali perto, achei por bem ir levar a senhora a casa. Despediu-se de mim pelo nome de Kiko.

Foi um momento estranho, não conto em ar de gozo, porque não me vou rir de uma coisa que para rir, provavelmente não tem nada.

Estilhaços Salmantinos

A expressão que serve de título a este post leva-nos a um outro blog que conta as crónicas na cidade em que estive na semana que passou. Sempre que algum amigo nosso parte para Erasmus já vai começando a ser praxe, que nos convide a visitá-lo; todos dizemos que sim, poucos, de facto cumprimos. Desta vez, cumpri. A distância não era muita, a duração da estadia também não, lá foi o Mini cruzar a sua primeira fronteira.
É uma falha da minha parte conhecer tão pouco da Espanha continental; um país com o qual uns têm paixões e outros implicâncias, um país sobre o qual sabemos muito não sendo correspondidos, uma nação com a qual, incontestavelmente, temos muito em comum. A minha curiosidade com Salamanca nasceu após ter visto um filme que apesar da qualidade menor despoletou um fascínio maior. Ter onde ficar e quem nos receber ajudou e motivou em muito a satisfação desta curiosidade.
Cruzada a fronteira, passado um trio de horas e quilómetros, acusávamos a normal fadiga, mas não escondíamos o verdadeiro entusiasmo. Ser um patriota nato não afasta o alvoroço da partida, e alegria de passar qualquer fronteira – já desde miúdo que o simples facto de entrar num aeroporto me despertava um entusiasmo que em palavras não cabe (panca n.º 135). É um novo país, um novo povo, uma nova língua, uma nova cultura, que qualquer um deve sempre querer predispor-se a conhecer. Assim, e por isto motivado, chegámos a Salamanca quando esta já dormia. O deserto das ruas despoleta conjecturas, cria expectativa, aguarda uma nova manhã, uma primeira manhã para os estranhos ao local. Toda a cidade comporta uma história e um contexto, descoberto pela leitura que em muito ajuda mas não iguala à presença. A atmosfera da cidade, o calor do povo, a sintonia dos visitantes e a verve dos temporários residentes fez-me sentir um estranho num local familiar. Estranho por desconhecer o que me rodeava, estranho por não ter descoberto ainda os cantos a uma casa à qual acabei de chegar. Familiar porque a “mediterraneidade” que se respirava no ar regressava-me a casa, e a miscelânea de línguas ouvidas das bocas dos que fazem agora Erasmus, também me relembrava da minha emigração de há dois anos. O país foi outro, o espírito, o mesmo. A qualidade da companhia só me fez aproximar, daqueles momentos. Digo aproximar, à falta de melhor termo, porque qualquer dos momentos não é comparável: os tempos são outros, as circunstâncias são diferentes e as pessoas, singulares. Que andei pela Plaza Mayor, pelas ruas deambulando sem mapa, pela noite, pelo dia são momentos que não enumero por não obstante serem singulares à sua maneira, não interessam a quem lê, e tão menos podem ser explicados, quando podem ser melhor vividos.
Dizer que esta foi uma viagem única não é justo. Todas o são. Únicas no seu destino, nos intervenientes, nas peripécias, no bom, no mau. Esta importou mais um pequeno marco de conhecimento e de experiência que sempre me estará gravado mais fortemente na memória do que nas fotografias. Só ela me fará reviver mais de perto as fotografias, as caminhadas, as quedas, as perdas, o pão, os crepes, quiches, o armário, o nheco, o poker, a puccca, a captaleeesta empírica, o taj mahal, o saco-cama, as gomas, os coreanos, a caca de pássaro, os gelados, o sono, o despertador, a scary bradshaw, um abraço, um café pequeno, um astronauta, rã, macaco, coelho, cãos, orelhas, imans, t-shirts tudo isto e o mais que por agora me esqueço é de “Valor”, assim como esse momento em que colados ao chão ouvimos um pedinte tocar o tema d’ A Lista de Schindler.
Tudo isto me relembra uma Salamanca sem palanque que me deixou saudades. Quero lá voltar, tal como a qualquer sítio onde tenha ido, talvez mais ainda por as memórias terem sido tão boas.

Vantage Point