O Dialecto está de cara lavada. Quer dizer, primeiro que tudo, não tem cara para lavar, tem uma imagem a renovar. Talvez não tenha passado tempo suficiente para justificar esta alteração, mas achei que, em todo o caso, o devia fazer. Fiel ao seu nome, e à minha missão, o dialecto continua a palrar as suas baboseiras, sujeitas e ansiosas de críticas, por crescer ser o mais importante. A linguagem é a mesma(não cedo ao acordo), os assuntos são os do costume, os leitores esperam-se ser os mesmos, e com sorte outros tantos que consiga entusiasmar.
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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Regresso em Força

Tenho estado de jejum ao blog. Não tem calhado, nem concretizei a minha promessa de preparação aos Óscars. Assim que tiver visto mais um ou outro filme nomeado, farei uma análise mais global aos filmes e à cerimónia em si. Por agora, e tendo Penélope Cruz merecidamente ganho o Óscar de Melhor Actriz Secundária, os vídeos das suas melhores cenas em Vicky Cristina Barcelona que tanto tenho procurado, têm chovido no Youtube. Para os que viram o filme revejam, para os que não viram, aqui têm uma amostra do inesquécivel que é o seu trabalho às ordens de Woody Allen.

Broken Strings


James Morrison - Broken Strings (feat. Nelly Furtado)

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Desvios Históricos

Para efeitos de dramatização e entertenimento, na maior das vezes, a transposição para a televisão ou para o cinema, comporta desvios, uns mais graves que outros a acontecimentos históricos. Os desvios à história podem, por outro lado, ocorrer por incertezas de facto: dúvidas quanto aos acontecimentos reais, mortes envoltas em mistério, teorias da conspiração, ou comunicados politicamente uniformizantes.

A Duquesa (Georgiana Cavendish, Duquesa de Devonshire)
Ao proporem-se a contar a história de Georgianna Cavendish, era impossível aos seus fazedores, não venderem o produto, espelhando-o na história de Diana Spencer, descendente de Georgianna. Para quem não está familiraizado com a história da referida duquesa, seria mais que óbvio achar que os eventos contados no filme manipulariam a realidade, por forma a criar um decalque da vida de Diana na da sua antepassada. O que é facto, é que este é dos poucos filmes recentes que se mantém fidedigno à realidade, e que o paralelismo das duas histórias, parece mesmo ser coincidência. Se o é ou não, mais uma teoria da conspiração que se forme. Analisando a obra em termos globais, não temos como a atacar, mas tema de conversa, de certo tem pano para mangas.

"Roma" Série
A série mais cara alguma vez filmada, contou em duas séries e 22 episódios, com assinaláveis desvios cronológicos e de figuras históricas, as conquistas, as vitórias, as intrigas de um império grandioso quer na sua expansão, como nos motivos iniciais da sua regressão. É inevitável até aos desconhecidos reparar na novelização da história, mas ainda assim, a qualidade da abordagem levou a melhor, fazendo-nos recordar o império que está na base da nossa identidade.






Alexandre o Grande
Oliver Stone é conhecido pela sua irreverência e pela sua veia política, presente activamente na abordagem das vidas de Nixon e George W. Bush. Mas com Alexandre o Grande foi mais longe tendo feito uma abordagem que não agradou o público, causou um prejuízo monetário titânico, e enfureceu os historiadores. Tivesse andado para a frente a adaptação que Baz Luhrman tinha planeado, ela não seria vazia de desvios também, mas seria, seguramente mais agradável que esta que nos foi dada.




Família Tudor (Elizabeth, Elizabeth - A Idade Do Ouro, Duas Irmãs e um Rei, "os Tudors")
Não nos podemos queixar de falta de abordagem do tema da família Tudor, das irmãs Bolena, do nascimento do Anglicanismo e da quebra com Roma. Do que nos podemos queixar, isso sim, é da forma como foi feita. Ninguém questiona a qualidade técnica e estilística das obras, mas a certeza histórica é violentada. Ausência de figuras históricas relevantes, eventos espaçados retratados demasiadamente próximos, preocupção estilística acima da verdade histórica. É verdade que seria extremamente complicado contar esta história de forma fiel sem alguns desvios, mas este episódio histórico é demasiado importante para ser tratado de forma tão pouco fiel.



Maria Antonieta (Marie-Antoinette, O Caso do Colar)
Quando Sofia Coppola deitou as mãos a este material, violentou-a na sua abordagem estilística, mas deu-nos uma abordagem fidedigna da vida da última rainha de frança. Já no caso do colar, Maria Antonieta tinha uma intervenção mais periférica, mas relevante, mostrando-nos os bastidores da revolução assim como um dos seus catalizadores. Por estas duas obras, temos uma ideia mais real e fiel da vida de Maria Antonieta.

Quando as obras são alvo de crítica pelos desvios históricos, os seus responsáveis saltam em sua defesa, com o pretexto de não terem nenhuma obrigatoriedade de mostrarem os eventos tais quais se passaram. É uma verdade, mas ainda assim, tendo o público a obrigatoriedade de saber o que realmente se passou, também não lhes é devido quando não sabem, que eventos manipulados sejam passados e vendidos como verdadeiros. Só isso.

Opening

DDR

Exageros são demais. Lá diz o velho ditado, tudo o que é demais cheira mal. Ora quer por nós, quer por quem nos rodeia, somos forçados a moderar tudo o que fazemos para uma dose diária recomendada, de uma conversa, de uma piada, de um encontro, de um riso, até!

Caminhando sem destino,
vai o pato abananado,
que não obstante menino,
vai corrigindo o errado

renegando a sua raça,
faz ele "de tudo um pouco"!
alheio ao que se passa
é considerado um louco

tanto as leves como as pesadas
como as penas também cais
depois de provas passadas
é às coisas pequenas que ligo mais.

Viva La Vida

O Génio de Allen


Já tinha falado de Allen a propósito das nomeações para os Óscars. Cada vez mais me apercebo que já não é cool ou politicamente correcto gostar dos filmes de Allen. Quando surgiu a contar-nos as histórias de Manhattan e Annie Hall, todos se aperceberam que estavam perante um cinesta de excepção e uma verdadeira promessa. Daí para a frente, os filmes interessantes, a adesão e o reconhecimento passaram a ser uma constante. Mas tendo em conta que o público rapidamente se farta da genialidade, os seus filmes deixaram de ser tão mainstream. Isso reflecte-se nas receitas de cada filme de Allen: com orçamentos a rondar os 10 milhões de dólares, receitas que nem sempre se transformam em lucros, perguntam-se vocês porque é que se continuam a financiar os seus projectos? A resposta é simples. Porque quem os financia, sabe o quanto nós devemos à sua obra, sabem que Allen faz falta, que devemos aproveitar o seu fim de carreira, da mesma forma e com o mesmo entusiasmo que se fez no seu início. Os seus detractores, podem nunca vir a gostar da sua obra, da sua abordagem, da sua escrita, mas quem já a seguiu, garanto que vai ter saudades do seu filmezinho anual. Até dos mais fracos.

href="http://www.imdb.com/title/tt0497465/"> Vicky Cristina Barcelona claramente não é um destes casos. Apesar de os ingredientes comuns a todos os seus filmes estarem lá, há qualquer coisa que o eleva acima dos mais recentes. A narrativa é fluída, a história é encruzilhada, os actores (vazios dos seus maneirismos, mas cheios dos de Allen) são de excepção, os diálogos precisos, e o humor como o que nos habituou, está no seu melhor. Prova disso é que Allen conseguiu transformar Penélope Cruz, que não é a mais amada das actrizes, na mais falada deste ano, por um papel irrepreensível que lhe valeu nomeação ao Óscar.

Para todos os que têm saudades da Nova Iorque de Allen, o regresso à sua cidade já está em pós produção, e os que ainda vibram com a sua obra, estão em antecipação.




Entre Dos Aguas - Paco de Lucía

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Revolutionary Road

Sam Mendes voltou. Quem estiver minimamente familiarizado com a sua curta mas significante carreira, reconhece que este é, de facto, motivo para correr para o cinema. Não sei se se torna padrão, mas tem sido comum ao autor filmar histórias trágicas, pesadas e com substância. Tendo Mendes entrado pela porta grande, com um dos melhores filmes alguma vez feitos, Beleza Americana, parece quase injusto que um filme fora do vulgar como Revolutionary Road seja considerado menor em comparação. De qualquer forma, é quase impossível não estabelecer paralelismos entre um e outro.

Em plena década de 50, Frank e April Wheeler, mudam-se para um suburbio no Connecticut encorporando, à superfície (como o é sempre) o ideal americano. A família feliz, a casa ideal, os filhos desejados, os vizinhos presentes. O ideal americano, ou o esforço para o atingir e a consequente e lógica teatralidade, sempre degenera numa podridão, num colete de forças INvisível, que não é mais que o maior medo da grande parte da sociedade em qualquer época: a banalidade, a rotina, a falta de espontaneidade e a percepção de que não querendo deixar uma marca perene exterior, a realização interior também não terá lugar. É este o centro de Revolutionary Road, dissertação (não original mas maracante) sobre a pressão posta no instituto de casamento e de relação feliz, em que o tiro sai pela culatra.

A título de curiosidade, o filme é realizado por Sam Mendes, actual marido de Kate Winslet. Este marca o primeiro reencontro na tela de Winslet e DiCaprio, como casal, e Kathy Bates como secundária 12 anos após Titanic. Há outras curiosidades, que não vou aqui revelar, porque iria estragar o elemento surpresa da história, mas que por coincidência ou não estão lá também.

Nomeações para os Óscars:
-Melhor Actor Secundário - Michael Shannon;
-Melhor Guarda-Roupa;
-Melhor Direcção Artística


Nota: Kate Winslet não foi nomeada por este seu papel (não obstante o ter sido, e ter ganho o globo de ouro) porque a Academia decidiu antes nomeá-la por The Reader- O Leitor, por não permitir que um actor seja nomeado duas vezes na mesma categoria]

End Title From Revolutionary Road

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Outra Salzburgo


Salzburgo. É compreensível a qualquer um que só dizer, escrever ou pensar nesta cidade, me dê uma alegria e uma saudade interior que por mais tente pôr em palavras, o sentimento lá não cabe. Posso considerar-me sortudo por ter sido um daqueles a quem esta aventura de viver seis meses fora correu tão bem. Deixou-me marcas para a vida. Experiências que sei que não mais posso reviver, pessoas que possívelmente posso não reencontrar, sentimentos que não voltarei a ter. Cada vez que revisito as minhas fotografias, arrependo-me de não ter tirado duas, tres, quatro vezes mais. Foi uma oportunidade que se perdeu, tendo tudo ficado gravado permanentemente na minha memória.

Para mim aqueles seis meses foram irrepetíveis. Tive tantas experiências posteriores que se igualaram na medida de felicidade e completude, mas são seis meses que não terei de volta, não posso dizer que me arrependo de algo que fiz, arrependo-me foi do que não fiz mais. Tudo o mais que tivesse feito não teria sido suficiente, porque acharia sempre algo que tinha ficado de fora. Relembrarei sim com saudade, fervor e emoção uma cidade, uma experiência e uma grande parte de mim, que não obstante eterna, fica comigo quantos anos eu durar, para revisitar fisica e mentalmente quantas vezes eu puder.

Hoppipola

Fluke

Ontem olhei para o blog e comecei a pensar o que "publicar". Estamos em época pré-Óscars, e devia estar a blogar sobre isso, mas tenho estado em franca falta com o cinema, por isso não tinha o que escrever. Mesmo que tivesse, passou-me pela cabeça que a ninguém interessaria ler os devaneios sobre cinema. Mas lá está: mantenho o que disse no meu Post Inicial, já que este é um blog individual, vou aqui blogando o que acho que devo fazer, porque acima de tudo vou escrevendo para mim. Pode ser que, espaçadamente, despolete alguma discussão e interesse e, se assim for, cá estou eu para usar o que me for dado como inspiração ou como motivo para escrever mais ou menos, de maneira igual ou diferente. Vamos ver em que é que isso se reflecte no meu Dialecto.

The Only Moment We Were Alone

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Salmantina

Leio hoje que a PuCCCa comunica que veio a Lisboa, numa rápida visita, e que já voltou à sua atarefada vida. Este fim de semana referido parece à primeira leitura, vazio de eventos e de entusiasmo. Discordo. Ele houve chuva, má-disposição, chuva, almoço, chuva, Anjos, chuva, oficina, chuva, coffee pot, chuva, jantar, chuva, crepes, massagens cafunés e vassouradas. Eu vibrei, temo dizer.

Noutro dia a Mendes deu-lhe uma de rica, e quis deitar os pratos fora. Eu mandei esperar, porque também esperei para nascer; de preferência numa maca com um bom suporte!

Vantage Point