
É com o título "Uma Questão de Fé" que o site do Sapo define a cobertura da visita do Sumo Pontífice a Portugal. Não podia ser mais acertada. A abordagem da temática da Fé, complicada por si só, separa por um lado aqueles que em nada acreditam, daqueles que se recusam a conceber uma vida sem a existência de Deus. Extremismos positivos ou negativos à parte, a Fé que move milhões, mobilizou hoje Lisboa, de uma forma que há muito não se via. Foi impressionante, esmagador e poderoso.
Assistir à Missa de Domingo no Vaticano, foi uma experiência única pelas razões óbvias: a cidade, a beleza natural, a diversidade de povos e línguas e a dimensão magnânime que a fé assume naquela circunstancia é indiscritível. 3 anos depois tive a sorte de poder assistir à Missa do mesmo Papa em Lisboa. Escusado será dizer que foi um momento mais marcante e mais poderoso do que aquele a que assisti no Vaticano. A Lisboa que conhecemos estava cheia e mobilizada com um sentimento de união que não há memória. Mais de 80 mil pessoas encheram o renovado Terreiro do Paço e rezaram por Portugal e pelo Mundo. O dia de hoje fez crescer nuns e nascer noutros a paixão que há por este país e acima de tudo por esta cidade. A crise da Igreja e a aparente crise da Fé é patente e amplamente debatida, mas por mais que se tente arranjar explicação para uma tão colossal afluência, é para mim inconcebível achar que não haja outra explicação que não a de fé. O esforço para a reaproximação tem que partir não só da Igreja como também dos cristãos; vendo que o dia de hoje mostrou que apesar das dúvidas, muitos regressaram, só podemos ser optimistas ao achar que se fomos capazes do mais, vamos ser capazes do menos. Se afluímos no extremo máximo, não temos como nem porquê não afluir no dia-a-dia. Não é discurso de evangelização ou conversão, mas sim de reflexão. Reflexão que muitos hoje fizeram, que muitos hoje cumpriram em nome de uma fé que mobilizou um país, que parou uma cidade que por de uma maioria manifesta se tratar justificou essa mobilização. A questão da fé parou Lisboa e estarreceu todos aqueles que como eu estiveram hoje em pleno Terreiro do Paço a assistir a um momento marcante da nossa História, da nossa humanidade e da nossa grandeza.

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