O Dialecto está de cara lavada. Quer dizer, primeiro que tudo, não tem cara para lavar, tem uma imagem a renovar. Talvez não tenha passado tempo suficiente para justificar esta alteração, mas achei que, em todo o caso, o devia fazer. Fiel ao seu nome, e à minha missão, o dialecto continua a palrar as suas baboseiras, sujeitas e ansiosas de críticas, por crescer ser o mais importante. A linguagem é a mesma(não cedo ao acordo), os assuntos são os do costume, os leitores esperam-se ser os mesmos, e com sorte outros tantos que consiga entusiasmar.
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O Regresso à "Casa"

É certamente impossível definirmos o sítio onde mais nos sentimos completos, onde somos ou fomos mais felizes; mas é seguro que vários são os lugares que nos completam. Aqueles lugares que, em determinados momentos da nossa vida nos acolheram, nos serviram de tecto, onde vivemos experiências únicas e que por isso mesmo não podemos revisitar, senão fisicamente.

Esta semana, regressei a um desses sítios. Onde durante seis meses vivi, longe de tudo o que me era familiar, embrenhado num desconhecimento geográfico, perdido numa tradução verbal, mas concentrado num salto transicional abrindo um novo capítulo da minha vida. O salto, que tive a sorte de conseguir dar, devido a esta experiência que sabia ser temporária, pelas mais variadas razões que a muitos serão compreensíveis, só ao próprio é significativo na sua plenitude.
Quatro anos depois, o choque emocional foi maior do que o imaginado. Sabendo já de antemão que o encanto não poderia ser o mesmo, a energia que prespassva do ar consumiu de tal forma que as consequências não se fizeram sentir de imediato, mas só quando o momento da partida se aproximou. A vontade de partir era nenhuma, as saudades eram indescritíveis, o regresso era inevitável. Feliz ou infelizmente, não podemos viver ad eternum num sonho que teve o seu momento. Talvez seja essa mesma a razão de ser deste capítulo que se fechou. Uma história que, com a duração de seis meses, englobou um crescimento cultural, linguístico e emocional, até à data, sem paralelo. O gosto que dá voltar a esse lugar e explorá-lo como se fosse a primeira vez, cimentando e até aumentando um fascínio que a distância proporcionou; assistir à reacção esmagadora daqueles que ainda não tinham visto uma cidade cuja extrema beleza física esconde uma química inevitável. O que vivi pode não ser recuperável, mas o que adquiri é impossível ser devolvido. Este é, lá está, um daqueles fragmentos de que não me volto a separar, não só porque não posso, como também porque não quero.


Hoppipolla

2 comentários:

Maria Pinto Elyseu disse...

saudades de casa.

Francisca CN disse...

"Onde durante seis meses vivi, longe de tudo o que me era familiar, embrenhado num desconhecimento geográfico, perdido numa tradução verbal, mas concentrado num salto transicional abrindo um novo capítulo da minha vida. O salto, que tive a sorte de conseguir dar, devido a esta experiência que sabia ser temporária, pelas mais variadas razões que a muitos serão compreensíveis, só ao próprio é significativo na sua plenitude". Vasco Cid... és 1 poeta!