
Esta semana, regressei a um desses sítios. Onde durante seis meses vivi, longe de tudo o que me era familiar, embrenhado num desconhecimento geográfico, perdido numa tradução verbal, mas concentrado num salto transicional abrindo um novo capítulo da minha vida. O salto, que tive a sorte de conseguir dar, devido a esta experiência que sabia ser temporária, pelas mais variadas razões que a muitos serão compreensíveis, só ao próprio é significativo na sua plenitude.
Quatro anos depois, o choque emocional foi maior do que o imaginado. Sabendo já de antemão que o encanto não poderia ser o mesmo, a energia que prespassva do ar consumiu de tal forma que as consequências não se fizeram sentir de imediato, mas só quando o momento da partida se aproximou. A vontade de partir era nenhuma, as saudades eram indescritíveis, o regresso era inevitável. Feliz ou infelizmente, não podemos viver ad eternum num sonho que teve o seu momento. Talvez seja essa mesma a razão de ser deste capítulo que se fechou. Uma história que, com a duração de seis meses, englobou um crescimento cultural, linguístico e emocional, até à data, sem paralelo. O gosto que dá voltar a esse lugar e explorá-lo como se fosse a primeira vez, cimentando e até aumentando um fascínio que a distância proporcionou; assistir à reacção esmagadora daqueles que ainda não tinham visto uma cidade cuja extrema beleza física esconde uma química inevitável. O que vivi pode não ser recuperável, mas o que adquiri é impossível ser devolvido. Este é, lá está, um daqueles fragmentos de que não me volto a separar, não só porque não posso, como também porque não quero.

2 comentários:
saudades de casa.
"Onde durante seis meses vivi, longe de tudo o que me era familiar, embrenhado num desconhecimento geográfico, perdido numa tradução verbal, mas concentrado num salto transicional abrindo um novo capítulo da minha vida. O salto, que tive a sorte de conseguir dar, devido a esta experiência que sabia ser temporária, pelas mais variadas razões que a muitos serão compreensíveis, só ao próprio é significativo na sua plenitude". Vasco Cid... és 1 poeta!
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