Andrew Niccol beneficia muito em ter tido a sua estreia em cinema com o fantástico Gattaca em 1997. Era uma história inovadora, um estilo visual único e uma atmosfera adequada. Passados 10 anos, In Time, é apenas o seu quarto filme e, talvez com a excepção de O Senhor da Guerra, pouco ou nada mudou. A temática de um futuro em que as diferenças sociais são mais acentuadas que nunca e um membro dos desfavorecidos insurge-se contra o sistema, levando como refém (que se revela voluntária) a filha do mauzão, está explorada à exaustão. A nuance aqui é a de o tempo ter passado a ser a moeda de troca. Basicamente, as pessoas deixaram de ser obcecadas por dinheiro (porque já não existe), mas com tempo que têm em contagem decrescente no braço esquerdo.
É certo que um filme deste género e com esta história não vai cativar quem não gosta de ficção científica. Mas, para todos nós que gostamos, o maior problema está em, à medida que o filme avança, conseguirmos decidir se a história é brilhante ou absurda. Com buracos narrativos descomunais e uma previsibilidade, às vezes, desconfortável, o que nos continua a agarrar é a curiosidade pela forma como as personagens chegarão ao destino previsto. Umas vezes mais que outras, elas acabam por fazê-lo exactamente da maneira que esperávamos, mas não nos importamos, porque ainda assim há mestria na forma como Niccol dirige o filme. Ajudado (e muito) por uma soberba banda sonora do mestre Craig Armstrong, este é um filme ao qual os simpatizantes do género, e que desconhecem o estilo de Niccol, poderão dar o benefício da dúvida. Quem conhece esse estilo, vai achar estranho como é que em todos os seus filmes, Niccol escolhe filmar sempre nos mesmos locais: a mesma cidade, as mesmas ruas, as mesmas pontes e uma fotografia a abusar sempre dos amarelos e dos verdes.
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
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