O Dialecto está de cara lavada. Quer dizer, primeiro que tudo, não tem cara para lavar, tem uma imagem a renovar. Talvez não tenha passado tempo suficiente para justificar esta alteração, mas achei que, em todo o caso, o devia fazer. Fiel ao seu nome, e à minha missão, o dialecto continua a palrar as suas baboseiras, sujeitas e ansiosas de críticas, por crescer ser o mais importante. A linguagem é a mesma(não cedo ao acordo), os assuntos são os do costume, os leitores esperam-se ser os mesmos, e com sorte outros tantos que consiga entusiasmar.
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terça-feira, 23 de março de 2010

Sécondieme

Não tenho noção de qual é o número estimado de leitores mensais da revista Premiere, única e fiável revista de cinema em Portugal. Desde 1999 (com uma interrupção de quase um ano) que sou assíduo leitor desta revista, tendo guardado e lido cada número, como reconhecido vício de um vício.
Este mês, porém, a revista tardou em ser publicada; muitos, inevitavelmente pensaram, que tinha sido cancelada, ou então o atraso seria devido à cerimónia dos Óscares, que por razões de formatação, impressão e distribuição nunca é acompanhada no mesmo mês. Contrariando esse medo, as boas notícias chegaram: a revista não foi cancelada e a publicação tardia deveu-se, também, ao acompanhamento dos prémios da Academia.

Porém, essa razão não foi a única. Com um novo design, um novo alinhamento e uma nova equipa, este recomeço não descurou a paixão pelo Cinema. Estas são as boas notícias. As más, é que absolutamente nada estava errado com o formato antigo e, "entre secções que foram transformadas, outras que foram descontinuadas e outras que são inteiramente novas", nasceu uma revista que abdicou de tudo o que dava força à antiga edição e introduziu rúbricas que, não sendo desnecessárias, estão longe de superar ou mesmo compensar, as antigas.

Pelo que venho lendo, a opinião não é singular. Imagens desproporcionadamente grandes, textos comparativamente pequenos e vagos, poucas notícias, pouco entusiasmo. Acima de tudo, há aquela sensação de chegar ao fim da revista e perguntar "onde é que está o resto?". Sei que pode ser a minha década de habituação a um formato brilhante e internacionalmente harmonizado a falar, mas mesmo que se quisesse mudar ou refazer, então que se inovasse. O balanço final é exactamente o contrário.

Não perdendo, imagino, leitores, arrisca-se a que estes se sintam menos entusiasmados a correr para as bancas todos meses. Além do que noticiava e documentava, analisava com graça e inteligência, através de rúbricas bem pensadas e eficazes, a história, os factos e as notícias do cinema que todos os que compravam, adoravam.

Melhores dias virão, acredito, porque a expressão do público através da opinião ou da adesão, irá falar mais alto, para que ao menos a única publicação nacional concentre, como dantes o que mensalmente queremos e ansiamos ler.

The Painted Veil

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