
Não fora a oferta de adaptações ao cinema de filmes de super-heróis já suficientemente alargada, parece que não mostra sinais de abrandar. Hollywood tem feito proliferar as adaptações a um ritmo crescente, assustador e desnecessário, não aprendendo os grandes estúdios com os seus erros, nem tão pouco conseguindo antecipar o falhanço de projectos condenados desde a sua génese.
Se por um lado houve adaptações que resultaram extremamente bem, refelctindo-se tal valor, não só em receitas como em críticas, por outro, casos houve em que não foram para além da boa vontade ou da ambição.
Acontece que surgiram segunda-feira, dia 13, notícias, de que a próxima sequela do Homem Aranha havia sido cancelada. Ainda nos iniciais estados de pré-produção, e debatendo-se com questões de timing de filmagens e re-angariação de elenco, foi decisão do estúdio optar pelo final cancelamento desta sequela e apostar na revisitação do franchise.
Qualquer que seja a abordagem a este tema, há problemas para todos os gostos.
Era precisa uma nova sequela? Para quem gostou das três anteriores, então quer parecer que sim, a avidez por novos enredos, efeitos especiais e malabarismos a meio-ar parece não iria mal vista, reflectindo-se, à semelhança dos anteriores, em receitas milionárias. Para quem aqueles filmes não disse nada, vai achar perfeitamente desnecessária, problema, no entanto, resolvido, basta meter o dinheiro ao bolso ou optar por outro filme.
Com o cancelamento da nova sequela, é necessário o recomeço? Não. Acho que não deve haver muita gente que tenha ficado aliviado com esta notícia, nem tão pouco quem a tenha achado coerente. Opiniões à parte, quando um filme, ou neste caso, uma trilogia, baseada numa banda desenhada de sucesso, com uma incontável legião de fãs, é alvo de um recomeço com uma equipa e elenco novos, nem se pode dizer que seja uma decisão estratégica. É desperdício de dinheiro, é descrédito às obras anteriores, e possibilidade de não retorno financeiro. O reboot da saga de Batman revelou-se plenamente justificado e inteligente, não por ser a coisa mais necessária do mundo, mas porque as últimas incursões a cargo de Joel Schumacher foram dos mais atrozes ataques à inteligência e ao bom senso; reflectiram-se em buracos financeiros e críticas negativas cerradas. Já Hulk, teve um reboot 5 anos depois sem os mesmos efeitos.
Como é que se explica que uma trilogia que rendeu quase 2 biliões e meio de dólares em todo o mundo, justifique, 3 anos depois um recomeço do zero?Não me sinto "pessoalmente" atacado; na minha opinião não foram as mais bem conseguidas adaptações e as duas sequelas (contrartiamente ao entender crítica especializada) foram dos piores filmes que me lembro de ter visto.
Por isso, e afinal de contas, para mim, se calhar nem são tão más notícias quanto isso: vão refazer uma banda sonora que até nem desgostava em miúdo; mas se é necessária, inteligente e racional esta escolha, de investir, tão pouco tempo depois, tanto dinheiro num projecto bem sucedido em detrimento de outros, não, não é.
Alone