
É um filme péssimo. Não há outra forma de o definir; nada aqui resulta, uma história desinteressante, uma adaptação desnecessária e descuidada, uma direcção e escolha de actores indescritível e um esquematismo desconfortável. Custa-nos acreditar que o mesmo homem que escreveu e dirigiu filmes como o Sexto Sentido e A Vila, tenha sido capaz de adaptar de forma tão rídicula e infantil uma história que já o era. Se até a Senhora da Água ou o Acontecimento, os seus últimos fracassos, já demonstravam uma falta de noção do sentido de ridículo, pelo menos mostravam um cuidado estético e formal mais apurado; Last Airbender parece um telefilme barato da Nickelodeon que passa dobrado em português ao sábado de manhã. Shyamalan parece não se rebaixar à esmagadora crítica que arrasa o filme, defendendo-se com um "só o tempo me irá dar razão". Presunção e água benta, cada um toma a que quer...

Salt passou de realizador em realizador, foi escrito para Tom Cruise que desistiu, e reescrito para Angelina Jolie. Se um filme de acção em que a personagem principal é um agente fugitivo e que passa para umA agente fugitiva não cheira a esturro, a concretização confirma. Não que a história não tivesse potencial para funcionar, tinha, só que mais uma vez o barulho e os efeitos especiais falaram mais alto, a bolha foi crescendo e explodiu. Jolie leva mais porrada que Jason Bourne, faz mais acrobacias que James Bond e sobrevive a mais do que qualquer um dos dois. Nem sequer a revivalista realização de Philip Noyce ou a fotografia de Robert Elswitt trazem mais dignidade a um filme que pede a troça do espectador quer seja pelas cenas de acção indescritíveis quer pela pseudo intriga política infantil.
Salt é um filme mau? É. O Último Airbender é pior.
Se já nos queixamos da falta de filmes para ir ver ao cinema, já nem os típicos filmes de entertenimento são uma escolha segura. Nem sequer encaixam naquela categoria de guilty pleasures de filmes que são tão maus que se tornam objecto de culto; fazem pior: em vez de contarem uma história que se aguente sozinha, deixam-na a precisar de uma imediata continuação que ninguém quer ver, mas, a julgar pela exigência do público americano, já nem sei.
