
Allen é o único autor que, nos dias de hoje, idealiza, escreve e filma como fazia há 40 anos. Os mesmos opening credits, os diálogos inteligentes e eficazes, a atmosfera singular, a teatralidade da encenação e os díspares actores em jeito de improviso ao sabor dos seus maneirismos. Aqui transferiu-os, com marcado ênfase, para a personagem de Larry David, que encarna um alter-ego de Allen, não só na vida real, como nas personagens que vem personificando quando aparece no écran.
O que mais marca este último trabalho é a ainda mais presente teatralidade de toda a história, possível de ser encenada num qualquer palco, não só pela funcionalidade dos locais onde se desenvolve, como pela narrativa em si, com uma personagem principal que frequentemente fala e interage com o público embrenhando-o ainda mais na história com uma leveza de espírito que só Allen nos traz.
Nem de propósito, um filme de Allen enche mais uma sala do que muitos candidatos aos prémios da Academia. Pode ser mais do mesmo, pode não estar à altura de nomeações, mas é um culto que move muita gente; uns simpatizantes, outros, como eu, devotos.

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