O Dialecto está de cara lavada. Quer dizer, primeiro que tudo, não tem cara para lavar, tem uma imagem a renovar. Talvez não tenha passado tempo suficiente para justificar esta alteração, mas achei que, em todo o caso, o devia fazer. Fiel ao seu nome, e à minha missão, o dialecto continua a palrar as suas baboseiras, sujeitas e ansiosas de críticas, por crescer ser o mais importante. A linguagem é a mesma(não cedo ao acordo), os assuntos são os do costume, os leitores esperam-se ser os mesmos, e com sorte outros tantos que consiga entusiasmar.
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domingo, 10 de abril de 2011

A Árvore da Vida


O conceito da árvore da vida vem fascinando desde os primórdios da civilização. Não há religião que não tenha qualquer tipo de simbolismo associado à existência de uma árvore da qual tenha nascido a vida ou da qual emanem características regeneradoras. Crenças religiosas à parte, é facto que o tema, pelo seu claro misticismo, é um motivo que conduz a devaneios filosóficos, elaborações artísticas ou por outro lado, descrenças absolutas.

Darren Aronofsky e Terrence Mallick, cada um representante de uma geração diferente de Hollywood, abordaram este tema. Aronosky em 2006 com o sublime The Foutain – O Último Capítulo, e Mallick este ano com o muito aguardado The Tree of Life.
Aronofsky está na crista da onda por ter evoluído de realizador/autor independente com filmes como Pi ou Requiem for a Dream – A Vida não é um Sonho, para o mainstream com a sensação do ano passado Black Swan. Compreensivelmente, The Fountain terá sido, dos seus filmes, aquele que foi recebido com mais cepticismo. A complexa história contada em três sequências paralelas, com os mesmos actores, Hugh Jackman e Rachel Weisz, a encarnarem diferentes ou as mesmas (?) personagens, dividiu o público por não ser clara a abordagem a temas como a morte, o isolamento, a luta e o egoísmo. The Fountain tem aquela característica singular e obrigatória de qualquer filme com uma temática ambígua: é um filme aberto a discussões, passível de diferentes interpretações e tão arrebatador como a luta das personagens. Fiel à sua temática, o realizador concentra-se mais nas personagens e nas suas motivações, do que propriamente no meio onde se movem. Tem sido assim em todas as suas obras, não deixou de o ser em The Fountain, talvez o mais complexo e abstracto filme de Aronofsky, mas é uma verdadeira tese sobre tema, não oferecendo mais explicações do que aquelas que pode dar. De notar especialmente, a superior e reconhecida banda sonora de Clint Mansell, que ao contrário do filme, foi universalmente reconhecida como uma das melhores de 2006.

Cinco anos passados, foi a vez de Mallick, renomado realizador que apenas conta com 5 filmes em 40 anos de carreira, enveredar pelo tema. Brad Pitt, que inicialmente esteve vinculado a The Fountain, mas que desistiu por conflitos de agenda com Tróia, lidera agora o elenco deste novo filme que deixa ver, mais uma vez, o apurado sentido visual de Mallick, aliado à abordagem intimista que também lhe é característica. Pouco se sabe da história, mas Mallick quer mostrar algo completamente novo. O Trailer já lançado é um dos mais complexos e visualmente ricos de que há memória; se isso se vai reflectir em sucesso garantido é obviamente difícil de dizer, mas é esperado que como é comum à obra de Mallick e a este tema em concreto, que as opiniões sejam divididas e o produto final, controverso.

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