quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Bond voltou. Did he really?
... é indiscutivelmente uma das frases mais conhecidas da história do cinema. Tornou-se um ícone do homem, um lugar-comum na boca do povo e uma representação da classe, graça, inteligência e confiança de uma das personagens que mais multidões move há já 55 anos (no papel. 46 no cinema)
Ironicamente, esta frase nunca é dita durante quase duas horas de filme. Custa a acreditar mas é verdade. Desde que em 2005, os produtores resolverem sujeitar 007 a um reboot, um regresso às origens e uma nova cara, na senda de um conjunto de sagas que sofreram a mesma lavagem por se temer que o publico deles se fartasse ou desinteressasse eu, confesso, não achei muita piada. Não à concretização em si, mas à ideia. Casino Royale teve a sorte de funcionar extremamente bem, pois tinha Martin Campbell ao leme, mas também porque soube dar uma nova abordagem a Bond e também porque ao contrário deste Quantum of Solace, é baseado num livro do criador Ian Fleming.
O problema agora, é que a matéria prima está a chegar ao fim, com já 22 filmes adaptados o que faz com que fique agora nas mãos de quem escreve manter aquele encanto que Bond sempre teve. Mas tal como a frase, o resto também falta. Bond agora é um porteiro de ginásio de leste bem vestido, Q e Miss Moneypenny nem vê-los e gadgets não há. É impressão minha ou estamos agora perante um Jason Bourne britânico, com smokings em vez de roupa vulgar, Aston Martins em vez de Ladas e MI6 em vez da CIA? Não é que o que estou aqui a comparar não existisse já, mas agora é filmado e abordado como os filmes de Jason Bourne. Só lhe falta a amnésia, que em vez de estar em Bond, está nos produtores, por estarem a por de lado o que desde sempre jogou a seu favor.
Este é, de todos os Bonds o mais curto, e o único que é uma sequela directa ao seu antecessor, o que pode explicar porque é que é um filme “coxo”. Falta-lhe autonomia, e falta-lhe mais meia hora onde se podia por um pouco a martelo o que ficou de fora e não devia ter ficado.
Outro problema é Daniel Craig. Craig não é Bond. Bond é Sean Connery, Pierce Brosnan. Querem caras novas? Hugh Jackman, Clive Owen. Craig não tem arcabouço para levar este ícone para a frente, pusessem-no como um vilão cínico como Sean Bean fez por Alec Trevelyan. Não disputo que seja bom actor, que o é, e que há uma evidente química entre ele e M, que nos temos vindo a aperceber que tem de haver.
Quero com tudo isto dizer que Quantum of Solace é um mau filme? Não, até porque estaria a ser injusto, é só um filme menor. Diverti-me a vê-lo, pois James Bond não desilude, e embora postule que a mudança é sempre necessária e bem vinda, acho que deve ser feita como deve ser. Mudar o desadequado, manter o necessariamente imutável. Uma marca deste franchise foi sempre manter-se fiel à actualidade, o que este filme também faz, uma vez que o ambiente e o petróleo são o móbil do vilão, que até mata uma personagem da mesma forma que morreu uma bond girl em Goldfinger!
O filme lá acaba com a típica “James Bond Will Return”. Pois, isso sabemos nós que sim, resta é saber se será pela porta grande com um filme à antiga, ou pelas traseiras, com outro filme fraco, que sendo sempre divertido, não nos prende como antigamente.
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2 comentários:
Subscrevo quase tudo, sobretudo na parte em que dizes que o Oleg não serve para fazer de 007.. pode ser muito bom À tardinha mas para ser Mr. Bond é preciso ter classe.
estaremos perante um novo lauro dérmio?
Concordo. O Ravara disse a palavra chave: Classe. Não vi este último 006,5 mas assim que vir, recomento!
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